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A revolução da agroenergia

Por Marcos Sawaya Jank
postado em 17/11/2006

14 comentários
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Definitivamente, a era do petróleo barato chegou ao fim. Principal fonte de energia, sobretudo nos transportes, o consumo cresce muito não só nos EUA, mas também nos emergentes, China e Índia, ao passo que a produção convencional, de baixo custo, se encontra em franco declínio. A maioria dos especialistas acredita que o preço do petróleo já mudou de patamar, devendo doravante ficar acima dos US$ 40 por barril.

Neste contexto, cresce a corrida global por substitutos viáveis do petróleo. Um dos campos mais férteis é a agroenergia, principalmente o etanol carburante (álcool) e o biodiesel, que hoje representam juntos apenas 1,1% da produção mundial de combustíveis. As perguntas do momento são: até onde a agroenergia conseguirá substituir o petróleo? Quais são os seus impactos potenciais na produção de alimentos? Quais as vantagens e desvantagens - econômicas, energéticas, ambientais e sociais - das diferentes commodities que podem ser utilizadas para produzir biocombustíveis?

O Brasil saiu na frente nesta corrida e hoje é apontado como modelo a ser seguido. A energia renovável representa 45% da nossa matriz energética, ante 14% no mundo e apenas 6% nos países da OCDE. Nosso programa de etanol carburante nasceu nos anos 1970 com apoio governamental. O enorme crescimento da produtividade possibilitou a eliminação dos subsídios à produção, caso ainda único no mundo. Desde 2003, o País inovou mais uma vez com os veículos flexfuel, que hoje já representam 80% das vendas de veículos leves, nos quais o consumidor pode optar livremente por usar gasolina e/ou etanol, com base nos seus preços relativos na bomba.

Além disso, a cana-de-açúcar revelou-se a cultura mais eficiente para produzir açúcar e etanol, seja em produtividade por área, custo de produção, balanço energético ou capacidade de gerar empregos. O Brasil é o segundo maior produtor (16 bilhões de litros por ano, bem próximo dos EUA) e o primeiro exportador (3,1 bilhões de litros em 2006) de etanol do mundo.

Tudo indica que os altos preços do petróleo irão possibilitar um break-through tecnológico em biocombustíveis, sendo que a nova rota tecnológica de produção deverá basear-se no uso de material ligno-celulósico. Aqui, novamente a cana-de-açúcar deverá colocar-se como a planta mais competitiva, já que ela produz 2 kg de bagaço e palha para cada quilo de sacarose, o que permitiria aumentar a produtividade do álcool em pelo menos 50%. Se o atual obscurantismo contra a biotecnologia diminuir, é possível aumentar ainda mais a produtividade da cana. Variedades produzidas por biotecnologia já estão aguardando liberação pelo órgão regulador.

A experiência madura do etanol está sendo agora seguida pelo biodiesel, produzido à base de plantas oleaginosas. O governo brasileiro estipulou a meta de misturar 5% do produto no diesel em 2013, o que representará 2,5 bilhões de litros, ou 75% do consumo brasileiro de óleos vegetais. O desafio não é nada trivial e equívocos estratégicos poderão custar caro.

O biodiesel depende de apoio governamental para crescer, principalmente na fase agrícola. O governo vem trabalhando com a romântica idéia de que o produto virá de pequenos produtores de mamona do Nordeste do País. Grandes desafios tecnológicos, economias de escala, infra-estrutura e o alto custo e a baixa aptidão da mamona para produzir biodiesel já estão dificultando o sonho de Lula. Pelo menos no curto prazo, a única solução factível é fazer biodiesel a partir da soja, cultura que representa 94% da produção brasileira de oleaginosas e que também agrega milhares de pequenos produtores.

Enquanto isso, os EUA vivem uma verdadeira febre de biocombustíveis, nascida de pressões ambientais (principalmente redução da emissão de gases), do lobby dos produtores de milho por subsídios e das crescentes preocupações com segurança energética, já que 64% do petróleo processado nos EUA é importado. Japão, Índia, China, Canadá e Tailândia também estão implementando programas ambiciosos de etanol. União Européia, China, Índia, Malásia e Indonésia investem em biodiesel.

Ocorre que o mercado de agroenergia ainda está nascendo no mundo e sua consolidação depende do desenvolvimento de programas de produção e consumo em diversos países, para evitar a dependência de dois ou três fornecedores. Uma das principais condições para o desenvolvimento harmônico e sustentável da agroenergia é a intensa colaboração dos principais governos e empresários envolvidos. Voltarei ao tema num próximo artigo.

Ainda não se conhecem os impactos de longo prazo dos biocombustíveis na matriz de produção agropecuária brasileira. Neste momento, a cana-de-açúcar ocupa 5,8 milhões de hectares, área quatro vezes menor que a da soja e 35 vezes menor que a de pastagens. A cana deve crescer bastante nas áreas destas duas culturas e dos citros, mas isso não significa necessariamente uma queda na produção de soja, laranja, carne ou leite, já que dispomos de tecnologia para intensificar estas atividades. O desenvolvimento do biodiesel pode encarecer o mercado de óleos vegetais, mas baratear o de farelos protéicos, co-produto da moagem de oleaginosas, reduzindo o custo de produção de frangos e suínos.

Nos próximos dois anos, o ICONE vai desenvolver estudos detalhados de competitividade e oferta de longo prazo das principais commodities agroenergéticas, no Brasil e no mundo. Apesar da instabilidade da política pública e dos enormes desafios tecnológicos e organizacionais em questão, o Brasil conseguiu ingressar na era da agroenergia na frente do mundo.

O desafio atual é avaliar corretamente a crise estrutural que vai atingir os combustíveis fósseis nas próximas décadas e não perder esta fantástica oportunidade para consolidar um sistema integrado global de produção e comercialização de combustíveis renováveis. As palavras-chave para completar esta revolução são "investimento" e "organização"!

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Marcos Sawaya Jank    São Paulo - São Paulo

Consultoria/extensão rural

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Comentários

Francisco Pereira Neto

Botucatu - São Paulo - Instituições governamentais
postado em 17/11/2006

Lendo e relendo o artigo do ilustre professor Marcos Sawaya Jank, veio na minha mente algumas indagações e constatações. Vamos começar pela última. Conheço praticamente todo o estado de São Paulo, e constatei que o território paulista se transformou num imenso mar de cana. Os cerca de "uma dúzia de usineiros" deste estado, estão com os cantos dos lábios encostados nas orelhas de tanto rirem do futuro, que para a felicidade deles, já chegou.

Quanto tempo vai durar essa farra? Os países do primeiro mundo ficarão a reboque do Brasil? De acordo com seus dados, o nosso país é o segundo maior produtor de álcool do mundo. Muito bem, a que custo? O estado não tem mais outras culturas como a soja, o milho, o sorgo e outras, a não ser em pequena escala em propriedades que exploram a pecuária, para fazerem silagens para alimentar seus rebanhos, que aliás, estão todos se deslocando para o Centro-Oeste (MS, MT, GO, MG, TO).

Voltamos no tempo, estamos vivendo novamente a era dos Senhores do Engenho, só que ao invés da mão-de-obra dos escravos, temos hoje os escravos "bóias-frias". Os usineiros constroem suas usinas em dois a três meses, arrendam terras aos montes de proprietários desiludidos e sufocados pela falta de política agrícola, não só do estado de São Paulo, mas do Brasil de uma forma geral.

Já ouvi conversa de proprietário rural que arrendou suas terras para cana dizer que agora ele vai poder fazer academia de ginástica, porque vai sobrar-lhe tempo. Diz também o autor que o país dispõe de tecnologia para intensificar essas atividades para compensar a produção da emergente matriz agro energética. Faço a seguinte indagação: o micro, o pequeno e, por que não, o médio produtor, que tem lá na sua propriedade umas três a quatro dezenas de cabeças de gado, tem condições de ter acesso a essas tecnologias?

Como pode uma coisa dessas, se os produtores não têm nem condição de pagar cinqüenta reais para um médico veterinário vacinar dez bezerras contra a brucelose, vacinação esta que é obrigatória por lei, quanto mais pagar o preço de uma tecnologia para melhorar a genética de seu rebanho?

E tem mais, mesmo que tivesse condições, a aplicação dessa tecnologia (inseminação artificial com sêmen de boa genética) em nada adiantaria, porque o retrato da pecuária desses segmentos de produtores é de baixa qualidade. Nós seremos muito ingênuos se acreditarmos que os EUA e a UE ficarão dependentes da nossa "fabulosa matriz energética".

Recentemente no site Uol, Folha on-line estava escrito, que a BMW estuda há mais de quarenta anos o hidrogênio como combustível automotivo, e que já tem um veículo com essa tecnologia sob teste. Resumo dessa história: o preço do álcool vai desabar e não vai demorar muito, os usineiros estarão com suas contas bancárias abarrotadas de dólares, em uma a duas semanas desmontam suas usinas, devolvem as terras para os seus donos e estes ficarão chupando pirulito, pois com certeza não terão mais o dinheiro que ganharam com o arrendamento. Faça-me o favor! Isso é política agrícola?

Carlos Alberto Ayres

São José do Rio Preto - São Paulo - Produção de leite
postado em 22/11/2006

Duas coisas são certas. A primeira, é que este pais realmente é abençoado por Deus, onde se produz quase tudo em quase todo território, impulsionado por uma categoria trabalhadora, criativa e confiante. A segunda é que definitivamente não temos uma política agrícola condizente com sua importância, e o que é pior, há vários governos.

Aos trancos, por idealismo de alguns pesquisadores geralmente mal remunerados, vemos a implantação de um mínimo de tecnologia no meio agropecuário (mínimo ao necessário para realmente impulsionar a produção), mas sua quase totalidade escoar para outros países. Delegações visitam nossa Embrapa em busca de tecnologia, nossas granjas, nossos produtores de leite a pasto, nosso plantio direto, nossas soluções para pequenos e grandes problemas do agronegócio. Com certeza vão aplicá-las e com certeza vão nos superar se nada sério for feito. Reinventaremos o avião e continuaremos a usar aeronaves importadas.

Hoje, o pecuarista é refém dos frigoríficos cartelados, o agricultor vê o preço razoável dos produtos (soja, milho, arroz, feijão, etc.) mas só porque não está mais nas suas mãos, e sim dos atravessadores e grandes empresas. Só há incentivo para a cana-de-açúcar, que está concentrando renda como nunca, e com o total apoio dos governos, nos dando a maior demonstração de descaso com a lei (trabalhista, meio ambiente, trânsito, etc.), e ninguém que tem salário ou foi eleito para isso, faz alguma coisa efetiva, de impacto.

Estão criando uma classe poderosa e faminta por poder. Nós, mini, pequeno e médio agropecuaristas, também somos poderosos, mas não temos tanta fome de poder e, talvez por isso, aceitamos esse massacre sem lutar. Feliz ou infelizmente, esse confronto está se tornando a cada dia mais necessário, não no campo mas nas atitudes, na demonstração, na união, nas urnas.

Fico imaginando a balburdia criada se todo o setor, menos o canavieiro, é óbvio, resolvesse passar 30 dias, apenas 30 dias sem colocar no mercado nada, mas nada mesmo do que produz. Talvez assim, o governo e a população valorizassem um pouco mais esse setor, tão importante no dia-a-dia de todos, pois, independente da idade, cor, credo ou profissão, todos temos algo em comum: não sobrevivemos muitos dias sem alimentação.

Este país será um grande produtor mundial de alimentos, combustíveis, matéria-prima das mais variadas e muito mais, só que veremos isso, todos, na condição de empregados de alguma multinacional ou grandes investidores estrangeiros.

Para matutar: o setor primário vem antes do secundário, que vem antes do terciário, certo? Na economia, o setor primário é agricultura, pecuária e extrativismo, o secundário a indústria e o comércio e o terciário a prestação de serviços, conforme aprendi na escola pública há 40 anos.

No Brasil, o primário está em último. Não vai dar certo nunca! É só buscar na história como os Estados Unidos agiram, onde investiram após a grande quebra da bolsa. Estava lá, tenho certeza. E viva a âncora verde do Plano Real!

Marcelo Franco Paes Leme

Quirinópolis - Goiás - Consultoria/extensão rural
postado em 22/11/2006

Penso que o hidrogênio será a futura fonte de combustível, porém, para difundir esta tecnologia e abranger uma parte considerável do mercado, necessitará de pelo menos mais 20 anos.

Fausto José de Macedo

São Paulo - São Paulo - Mídia especializada/imprensa
postado em 22/11/2006

Me lembro também de uns versos de canção, não sei se atribuíveis a Ruy Guerra ou ao próprio Chico Buarque autor da música:
"Ai esta terra inda vai cumprir seu ideal
vai transformar-se num imenso canavial..."

Milton de Souza Dayrell

Juiz de Fora - Minas Gerais - Indústria de insumos para a produção
postado em 22/11/2006

O artigo foi claro, bem colocado, aliás como todos os artigos escritos pelo prof. Marcos Jank.

Com relação à carta do Francisco Pereira Neto, posso até concordar com a sua constatação de que os usineiros serão os principais beneficiados da "matriz energética". Mas não posso concordar quando diz que "nossos produtores não tem condições de pagar o preço de uma tecnologia para melhorar a genética de seu rebanho".

No caso do leite e carne, existem várias tecnologias disponíveis, principalmente na área de alimentação, que aumentam muito a produção e são plenamente acessíveis ao nosso produtor. Aliás, isso explica, em parte, o aumento da produtividade de leite nos último dez anos.

Edson Nilo Padilha Freitas

Uruguaiana - Rio Grande do Sul - Consultoria/extensão rural
postado em 22/11/2006

Concordo com os senhores Carlos Alberto Ayres e Francisco Pereira Neto, porém, faço um alerta: o culpado de não haver políticas para o setor primário, não é só o governo. Acredito que os produtores devem parar de queixar-se do sistema, e parar de esperar alguma solução do governo.

O governo nunca fez e nem vai fazer nada pelo setor primário. A única coisa que vai fazer é exatamente o que está fazendo o Sr. Lula: apresentar-se como o "pai da criança", que no caso é a auto-sustentabilidade do país em petróleo e o pioneirismo em biocombustíveis.

O produtor tem que parar de chorar as pitangas e se organizar, brigar por seus direitos e deixar de entrar na carona das queixas. O produtor primário sempre foi maltratado pela indústria (setor secundário) e também muitas vezes pelos prestadores de serviços (setor terciário).

Está na hora de escolher melhor suas parcerias e juntar forças nas associações de classe, mas em conjunto, e não entregando suas reivindicações àqueles que se apresentam por seus defensores, e no caso, buscam defender seus próprios interesses, como foi o caso do Sr. Blairo Maggi. Está dado o recado, portanto, mãos à obra!

Gildemar Souza Braga

Patos de Minas - Minas Gerais - Estudante
postado em 22/11/2006

Queria parabenizar o professor Marcos Sawaya Jank pelo artigo. Acho que se temos possibilidades de crescer, temos que ir à luta e não dar ouvidos a esses falsos interesses de ONGS ou, como disse Alyson Paulinelle, INGS (indivíduos não governamentais), que ficam atendendo ao interesse de empresas multinacionais do petróleo.

Vamos revolucionar o mundo com Agroenergia.

Sebastião Messias de Moraes

Niterói - Rio de Janeiro - pequeno criador de gado leiteiro e recria
postado em 23/11/2006

Não precisa falar mais nada, o Francisco Pereira Neto já disse tudo. Esse governo, mais que os outros, é uma tremenda farsa.

Milton de Souza Dayrell

Juiz de Fora - Minas Gerais - Indústria de insumos para a produção
postado em 24/11/2006

Caro Sr. Francisco Pereira Neto,

Não quero polemizar, não sou produtor de leite, conheço um pouco sobre o assunto, pois fui pesquisador da Embrapa-Gado de Leite e hoje trabalho junto a produtores. Lógico que existem casos que o produtor não consiga pagar pela vacinação, como citado pelo senhor, mas a minha visão é mais "macro" e está também baseada em trabalhos publicados em revistas técnicas.

Se o senhor perguntar a qualquer pessoa, de qualquer profissão, se ela está sendo remunerada como gostaria, o senhor vai ouvir "não" na maioria das respostas. Nessa questão de nosso produtor trabalhar de segunda a segunda, concordo plenamente com o senhor. Mas isso é decorrência da profissão, quem está nela deve ter plena consciência disso.

Humberto Marcos Souza Dias

Alfenas - Minas Gerais - Indústria de insumos para a produção
postado em 26/11/2006

Caro Sr, Franciso Pereira Neto,
Parabéns.
Humberto Souza Dias

Carlos Alberto Ayres

São José do Rio Preto - São Paulo - Produção de leite
postado em 26/11/2006

Aqui na minha região, noroeste do estado de São Paulo, vejo dois tipos distintos de agropecuaristas, independente de ser mini, pequeno, médio ou grande: aqueles que já investem com tecnologia, buscam novos métodos, freqüentam palestras e dias de campo, estão capitalizados (trazem de família ou já estão tratando suas propriedades como empresas há mais tempo) e com isso mantêm um relacionamento estreito com algum banco, onde alguns chegam até a ter crédito rural sem precisar e acabam virando agiotas. Alguns até partiram para a plantação de cana-de-açúcar mas não como arrendatários e sim como usineiros.

O outro tipo é aquele pessoal mais tradicional do campo, de pai para filho, que não tiveram muitas oportunidades de estudo, são arredios às novas informações e técnicas. Destes, a maioria está realmente arrendando suas terras para o plantio de cana de açúcar na esperança de pelo menos uma vez na vida ver a cor de um dinheirinho, ter um sábado e domingo de folga, não se desesperar com os veranicos.

Seus parcos recursos são contados, equiparando, na grande maioria, com suas contas. Vacina de brucelose, calcário, análise do solo, veterinário, Embrapa, normativa 51, CCS, FIV e IATF, produção e produtividade, R$/ha/ano, linha de crédito e etc são uma verdadeira parafernália de palavras difíceis até de se pronunciar. Quem consegue uma pequena linha de crédito tem que se sujeitar a uma infinidade de exigências e desmandos até proibidos pelo Bacen, mas a fiscalização é nula ou imperceptível. Não conseguem buscar sozinhos os meios de planejar e investir um mínimo para tentar um começo como deve ser no mundo de hoje. E isso é uma realidade. Mas o que os dois tipos têm em comum é que os governos não ajudam, e o que é pior, atrapalham. E atrapalham muito. Por motivos eleitoreiros e outros piores, fazem cortesia com chapéu alheio quando ameaçam importar ou importam produtos quando estes prometem ter um preço decente para quem produz, visando a cesta básica ou o lucro das grandes empresas. A importação de produtos agrícolas para controlar o preço geralmente ocorre quando o produto está nas mãos do produtor. Quando a situação é inversa, os preços estão baixos, não existe a anunciada verba para a compra com o tal comentado e nunca visto preço mínimo.

Não é questão de ficar chorando ou pedindo caridade. Com a velocidade e facilidade com que as informações correm o mundo hoje, é muito contrastante o sentimento que nos assola quando vemos o modo como os produtores rurais são tratados, protegidos e incentivados nos países mais desenvolvidos. É um problema que tem raízes profundas que vai precisar de todo o comprometimento da sociedade para resolvê-lo. O pior é que para isso precisamos todos ter humildade, consideração e noção dos nossos deveres, o que hoje em dia parece impossível.

Elmo Procopio de Souza

Worcester - Massachusetts - Estados Unidos - Brasil-agricultor. USA- Pintor
postado em 27/11/2006

Também concordo com com o comentário do sr. Edson Nilo de Uruguaiana, os produtores tem que parar de se queixarem e unir-se em associações sólidas e reivindicarem seus direitos, pois, fui produtor rural aí no Brasil, em Goiás, e na primeira barreira que encontrei, desisti de tudo e, onde estou? Ralando aqui nos Estados Unidos, onde estou conseguindo alguma coisa para voltar e continuar minha luta, mas, com mais experiência e vivacidade que só aqui vim encontrar, espero encontrar parceiros para essa nova batalha.

Victor Hugo Cainelli

Santa Maria - Rio Grande do Sul - Indústria de insumos para a produção
postado em 27/11/2006

Gostaria de lembrar ao autor do artigo que com relação à produção de biodiesel a partir da cultura de soja, devemos lembrar que os custos de produção dessa oleaginosa hoje (26/11/2006) começam a emparelhar com o valor pago pela Petrobrás nos leilões de biodiesel. Além disso, existe um intervalo entre preço de petróleo e da soja para se ganhar dinheiro, que atualmente está muito estreito.

Outro fator é a tendência de um ano de El Niño que favorecerá a disseminação da ferrugem, e obrigará o produtor do Centro-Oeste a aplicar quatro vezes fungicida. Só com isto (sem considerar o preço do barril de petróleo, hoje, em aproximadamente U$ 45) já teríamos inviabilizado o biodiesel a base de óleo de soja.

Acho que não devemos depender de um produto voltado à alimentação, cujos fundamentos são totalmente distintos daqueles que regem o mercado do petróleo.

Espero que no futuro os técnicos brasileiros não saiam por aí defendendo o uso do leite como combustível alternativo para movimentar seus automóveis.

Paulo Roberto de Mello

Vitória - Espírito Santo - Produção de leite
postado em 01/12/2006

Parabens ao sr Francisco Pereira Neto e a pimentinha do sr Marcelo Franco Paes Leme sobre o Hidrogenio.

O álcool e o Biodiesel devem avançar em pesquisa continuamente para que não fiquemos presos somente a uma fonte, mas como o Marcelo, também quero colocar mais uma pimenta neste dialogo. Por que não a energia nuclear com toda tecnologia que o mundo tem? O lixo nuclear poderia ocupar uma área infinitamente menor do que um desmatamento para produção do Biodiesel.

A ONU briga com a Coreia pelo enriquecimento do Urânio, mas nada contra o poderoso USA instalar míssil no Japão. Temos medo da opinião do poderoso para desenvolvermos a nossa energia nuclear.

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