As razões são complexas. Elas incluem uma maior demanda por leite de cabra – produto de exportação para países onde o leite de cabra faz parte da dieta há séculos, pessoas com intolerância ao leite de vaca na família que buscam uma alternativa e um maior retorno sobre os investimentos em alguns locais com a produção de caprinos.
Quando Bayleys Waikato anunciou que colocou uma fazenda de caprinos à venda no final do ano passado, o gerente de vendas, Mark Dawe, disse que ele e sua equipe ficaram surpresos pelo interesse na propriedade. A fazenda estava produzindo 38.000 quilos de sólidos do leite anualmente e obtendo vendas de mais de NZ$ 665.000 (US$ 552,11). Assim como em muitas fazendas de criação caprina, as cabras eram mantidas em grandes currais abertos, com pastagem fresca, feno e silagem sendo produzidos nos 44 hectares restantes da propriedade e fornecidos aos animais.
Parte de uma cooperativa com 60 produtores de leite de cabra, a fazenda obteve permissão para produzir ainda mais leite nesse ano. “Há um interesse crescente em converter para produção de caprinos leiteiros. A motivação é variada, mas eu conheço uma fazenda que agora está criando vacas e cabras juntas para ter diversidade de renda. Outro fornecedor de grãos está mudando para a produção caprina e outra fazenda foi recentemente comprada por uma pessoa de negócios com um fundo agrícola como investimento”.
Uma avaliação dos dados publicados para um dos maiores produtores de leite caprino do país, a Dairy Goat Cooperative, revela que seus produtores receberam NZ$ 15 (US$ 12,45) por quilo de sólidos do leite no ano passado (mais um bônus de NZ$ 2,50 (US$ 2,07) por quilo de sólidos do leite). Projetou-se que seria possível manter essa taxa de NZ$ 15 (US$ 12,45) no próximo ano. A cooperativa e outras companhias estão ativamente recrutando novos fornecedores.
O New Image Group, um processador de produtos nutricionais e de saúde da Nova Zelândia, com uma planta multimilionária de secagem de leite e plantas de embalagem, disse que está buscando mais fornecedores à medida que a demanda por suas fórmulas infantis à base de leite de cabra, BabySteps, está crescendo em todo o país.
O gerente geral do New Image Group, Guy Wills, disse que a companhia foi motivada a produzir o BabySteps por duas principais razões – pessoas que cuidam de crianças buscando alternativas para fórmulas infantis de leite de vaca e, mais importante, para uma oferta sustentável.
“As fórmulas infantis estão saindo das prateleiras de lojas varejistas da Nova Zelândia por pessoas que as estão exportando para mercados lucrativos. Embora novas regulamentações de exportações tenham frustrado grande parte desse comércio, existe ainda uma enorme demanda – especialmente da Ásia. Algumas companhias estão exportando tudo o que produzem e quando pais ou pessoas que cuidam de crianças vão às lojas locais, não conseguem encontrar fórmulas infantis que normalmente usam ou os produtos da fase em que está seu bebê.
“Decidimos que além de exportar, como uma companhia da Nova Zelândia, precisamos garantir que haja oferta sustentável para os pais e pessoas que cuidam de crianças neozelandeses. Isso significa que os três estágios, do recém nascido aos toddlers, não somente seriam formulados para neozelandeses, mas também estariam disponíveis nas prateleiras”.
Em termos de benefícios nutricionais, o leite de cabra cumpre os requisitos. Embora levemente mais rico em gordura do que o leite padrão de vaca, a gordura é fundamentalmente diferente uma vez que não contém aglutinina – uma substância no leite de vaca que faz com que os glóbulos de gordura se unam, tornando-os mais difíceis de digerir. Isso, em conjunto cm maiores níveis de ácidos graxos essenciais, ácido linoleico e araquidônico, torna o leite de cabra mais fácil de ser digerido do que o leite de vaca. Além disso, as proteínas no leite de cabra são diferentes das do leite de vaca. Quando o leite de cabra é consumido, as proteínas resultam em uma coalhada mais suave, que também ajuda na digestão.
A demanda por uma maior produção de leite de cabra tem feito o Ministério de Indústrias Primárias da Nova Zelândia a dar uma concessão sob o fundo de produção agrícola sustentável. Após um ano do piloto AgResearch, o programa agora se estendeu por três anos e examinará como melhorar as eficiências e produção e a composição dos alimentos animais de forma a aumentar a produção de leite. As descobertas do projeto serão compartilhadas em todo o setor de produção caprina, “gerando o conhecimento requerido para direcionar o crescimento essencial e sustentável na indústria de lácteos caprina”.
O fornecedor de produtos nutricionais e de saúde da Nova Zelândia, New Image Group, que lançou o BabySteps em julho, está ativamente recrutando os fornecedores de leite de cabra.
Após testar o mercado de Auckland, os supermercados de todo o país estão agora estocando BabySteps, encorajados pelo compromisso da New Image de ter uma oferta sustentável de três estágios para fórmulas infantis – do recém nascido ao toddler -, disponível aos pais.
Em 08/10/13 – 1 Dólar Neozelandês = US$ 0,83024
1,20406 Dólar Neozelandês = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)
A reportagem é do http://www.nzherald.co.nz, adaptada pela Equipe FarmPoint
Paulo R.C.Cordeiro
Nova Friburgo - Rio de Janeiro - Indústria de laticínios
postado em 10/10/2013
Muito boa matéria.
O que esta acontecendo no mercado de leite caprino mundial, é importante para os produtores brasileiros, pois por aqui o mercado também esta crescendo, não a velocidade do mercado da Nova Zelândia, mas demonstra uma tendência de alimentação láctea mais saudável.