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Proteção e protecionismo

Por Rodrigo CA Lima
postado em 08/07/2009

2 comentários
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Um conceito que vem sendo discutido em foros que visam a criar critérios de sustentabilidade para a produção de certas cadeias como a Mesa-redonda da Soja Responsável e a Mesa-redonda dos Biocombustíveis Sustentáveis é o de áreas de alto valor de conservação.

Não há problema em proteger áreas que efetivamente possuam uma biodiversidade rica, recursos hídricos estratégicos, espécies importantes da flora e da fauna, entre outros valores socioambientais. O ponto é tratar o assunto pelo prisma da sustentabilidade e realmente balancear os aspectos sociais, ambientais e econômicos envolvidos.

Não existe um conceito harmonizado do que seja uma área de alto valor de conservação. Mas é essencial considerar a experiência do Forest Stewardship Council, que na década de 90 estabeleceu critérios para definir áreas de alto valor para a produção de florestas, e da União Internacional para a Conservação da Natureza, que definem essas áreas como ricas em biodiversidade, em espécies ameaçadas, relevantes para populações locais, bem como áreas protegidas.

A proposta de rotular produtos cultivados em certas áreas como não sustentáveis é no mínimo perigosa. Discute-se, por exemplo, que o Cerrado (Savana, como dito lá fora) é um bioma riquíssimo e fortemente ameaçado no Brasil, e, por isso, deve ser considerado como uma área de alto valor onde não se pode produzir.

É essencial lembrar que o Brasil possui cerca de 110 milhões de ha de áreas protegidas (Unidades de Conservação), 80 milhões de ha de reservas indígenas, 77,4 milhões de ha de assentamentos e aproximadamente 100 milhões de ha de vegetação natural em propriedades particulares.

As Áreas de Preservação Permanente (APPs), ao longo dos rios e demais cursos d'água e em encostas de morro, guardam funções ambientais essenciais ao proteger espécies, evitar o assoreamento dos rios, servir como reservatórios da fauna e da flora. As áreas de Reserva Legal buscam preservar a biodiversidade e as peculiaridades dos diferentes biomas brasileiros, reforçando os serviços ambientais das APPs.

O bioma Amazônico é uma área de inestimável valor socioambiental, e precisa ser preservado. Os 80% de reserva legal, somados às áreas de proteção, que na região são enormes, aliados às reservas indígenas, ajudam a preservar essas áreas. Mas o cerrado também é um bioma que merece atenção, como a caatinga, a Mata Atlântica, os campos do Sul, como todo bioma em qualquer região do globo. O grande desafio é aliar a importância de se proteger certas áreas às necessidades de milhares de pessoas que delas dependem.

Os biomas brasileiros merecem ser preservados, o que não significa afastar o ser humano e criar imensas áreas intocadas. É preciso ter muita cautela ao tratar desse novo conceito, que pode, na prática, colocar os consumidores mundo afora contra os produtos brasileiros. Tais ações assemelham-se mais às novas formas de protecionismo comercial do que a medidas que visam a proteger áreas de inestimável valor socioambiental.

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Rodrigo CA Lima    Alcântara - Maranhão

Produção de gado de corte

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Comentários

Oscar Roberto Martínez López

Assunção - Central - Paraguai - Pesquisa/ensino
postado em 08/07/2009

Considero que é importante difrenciar os conceitos de Preservar e de Conservar.
Nos nossos países há áreas e biómas que precisam serem preservados e áreas que precisam serem conservados.
A conservação implica a utilização estratégica e cuidadosa de uma área específica e especial, para producir alimentos em harmonia com o medio ambiente. Por outro lado, a preservação inclue áreas que devido a sua situação gegráfica, topográfica, biodiversidade ou do punto de vista da sua sucetibilidade ambiental, são merecedoras de serem deixadas intatas e intocadas. Caso as áreas que o autor citou,..ecositemas ao longo dos rios, demais cursos d´água e em encostas de morro, matas com grande biodiversidades e sucetíveis a desertificação, outros..
Concordo totalmente em que o grande desafio é aliar a importância de se proteger certas áreas às necessidades de milhões de pessoas que delas dependem para obter um ingresso ou/e produzir alimentos de qualidade.
Por tanto, é um direito das pessoas o fato de trabalhar a terra para obter dela beneficios sadios para a humanidade, e é uma obrigação de autoridades e ambientalistas desmedidos em entendé-las. Devemos crias alianças.... Não antagonismos.

Carlos Frederico Grubhofer

Curitiba - Paraná - Zootecnista
postado em 14/07/2009

Estamos passando por uma época e crise de mudança de paradigmas. Por um lado temos pressões para que se continue a fazer o que sempre foi feito: fazer antes, pensar depois. Isto é, derrubar e plantar, para depois ver se o que foi plantado era viável. Por outro lado, há pressões dos que exigem a preservação total, sem preocupação com aqueles que vivem e dependem das áreas em que vivem, muitas vezes até, por que foram induzidos por campanhas do governo, que pretendia fomentar o desenvolvimento de regiões novas, ainda intocadas e que estimava-se terem potencial produtivo imenso.

O que precisamos hoje, é repensar nossa práticas, pesquisar e discutir formas de produção integradas com a preservação. Existem tecnologias para produzir, conhecimento e material humano para mudar a forma de produção sem causar mais dano do que já foi causado ao meio ambiente, sem, também, submeter as populações ao subemprego, miséria e degradação, nem causar novas migrações dessas populações em busca de emprego em outras regiões. Proteger é preciso, produzir é essencial. Como vamos lidar com cada uma dessas opções é a resposta. Temos que nos preocupar com os modismos e tendências que surgem do pânico, que tem a característica de gerar mais pânico e induzir ao erro.

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