A ovinocultura de corte é uma atividade explorada em todos os continentes, sendo exercida em ecossistemas com os mais diversos climas, solos e vegetações, porém, a atividade apresenta expressão econômica em apenas alguns países.
Conforme dados da FAO, a população mundial de ovinos, em 2007, encontrava-se em torno de 1,11 bilhões de cabeças, retomando o crescimento em 2003, após mais de 10 anos de redução sistemática do efetivo mundial.
No entanto, no atual cenário internacional, um significante espaço é ocupado pela carne ovina e pelo comércio de animais vivos, o que mantém a indústria ovina como uma parte importante da economia agropecuária de diversos países, como China, Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Irlanda, Espanha e Uruguai.
Rebanho
Durante a década de 1990, o rebanho ovino mundial experimentou um processo ininterrupto de redução de seu efetivo, como uma conseqüência da crise que acometeu o mercado mundial da lã e em decorrência, também, dos surtos de Encefalopatia Espongiforme Bovina e Febre Aftosa que atingiram a Europa, especialmente o Reino Unido, até 2002.
Gráfico 1. Evolução do efetivo ovino mundial, em bilhões de cabeças.

Desde então, é possível notar uma forte tendência de recuperação do rebanho a partir de 2003 (Gráfico 1), impulsionada pelo ritmo acelerado de crescimento dos efetivos nos países emergentes e em desenvolvimento da Ásia e África, que possuem mais de 67% do rebanho mundial - correspondente a 746 milhões de cabeças, especialmente na China, Etiópia, Índia, Marrocos, Paquistão, Sudão, Síria e Turquemenistão, onde a demanda doméstica por produtos ovinos é bastante elevada e crescente.
O efetivo ovino na União Européia, contando com seus atuais 27 Estados Membros, apresenta uma queda continua nos últimos 10 anos, alcançando um percentual negativo de 15,3% no período 1997-2007 e uma população atual de 107 milhões de cabeças - a menor registrada nas 3 últimas décadas. Essa trajetória decrescente do rebanho ovino na UE-27 tem se tornado evidente desde o início da década de 1990, e na presente década, esse movimento se acentuou em decorrência da reforma da PAC e de problemas sanitários relacionados a surtos de Febre Aftosa e Língua Azul, sendo notórios seus efeitos na grande maioria dos Estados Membros, dentre os quais se encontram os principais rebanhos como Reino Unido, Espanha e França.
Alguns dos principais players do mercado internacional, como a Austrália, têm apresentado uma redução sistemática de sua população ovina, que no presente ano conta com 80,4 milhões de cabeças, tendendo a se retrair mais uma vez em 2009 para cerca de 76,9 milhões - o menor número em toda a história registrada da ovinocultura australiana.
Por sua vez, a Nova Zelândia também têm registrado o menor efetivo ovino de sua história desde meados da década de 1950, contabilizando em 2007 um rebanho de 38,4 milhões de cabeças, que tende a se contrair ainda mais em 2008.
Em ambos os países, uma associação de fatores, envolvendo condições climáticas precárias, preços elevados para carne ovina e decrescentes para a lã, e a maior rentabilidade de outras alternativas de uso da terra, têm influenciado na redução das populações ovinas na presente década.
Produção
A forte retração na demanda mundial por lã durante a década passada forçou os principais países produtores a reduzirem seus rebanhos via abate e o foco da produção foi direcionado para as carnes de cordeiro e de mutton que, atualmente, assim como os lácteos em algumas regiões, são os principais produtos da ovinocultura moderna.
Este novo direcionamento da pecuária ovina teve forte reflexo sobre a produção mundial de carne, que vem experimentando um forte crescimento ao longo dos últimos 10 anos, com um aumento percentual de 24% no período 1997-2007, atingindo o patamar dos 8,89 milhões de toneladas em 2007, de acordo com o Gráfico 2.
Gráfico 2. Produção mundial de carne ovina, em milhões de toneladas.
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No recente cenário da carne ovina, a China apresenta-se como o maior produtor mundial (Gráfico 3) e possui um fantástico ritmo de crescimento, porém, a sua produção de aproximadamente 2,6 milhões de toneladas é, praticamente, toda direcionada para o mercado doméstico.
Embora seja o segundo maior produtor mundial (Gráfico 3) com 1,06 milhões de toneladas em 2007, a produção da UE-27, assim como a da China, é destinada em quase 100% ao mercado interno, com Reino Unido e Espanha sendo responsáveis por mais de 52% da produção regional. Entre os produtores secundários, a França é aquele em que se têm registrado decréscimos constantes da produção, juntamente com a Irlanda, nas últimas duas décadas.
Gráfico 3. Participação na produção mundial de carne ovina, 2007.
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Apesar de manter um nível regular de produção nos últimos 5 anos sustentado pelo aumento dos abates em alguns importantes produtores como Reino Unido, Irlanda, Grécia, Itália e Romênia, em decorrência dos ajustes nos rebanhos pós-PAC e da baixa rentabilidade da atividade, a produção de carne ovina na UE-27 permanece com uma tendência decrescente a médio prazo, com uma queda de cerca de 1,5% para os próximos anos seguido de uma estabilização.
A Austrália e a Nova Zelândia ainda estão entre os grandes produtores e os principais players no cenário internacional, mesmo com a redução continua de suas populações ovinas. Os efeitos ocasionados pela mudança climática na região da Oceania, com redução da pluviosidade em determinadas áreas e aumento na freqüência de secas, associado ao alto custo da alimentação animal, aos altos preços do cordeiro, aos preços baixistas da lã e a melhor rentabilidade proporcionada pela agricultura e pecuária leiteira, têm ocasionado níveis recordes de abate desde 2004, refletindo diretamente no aumento da produção tanto de cordeiro quanto de mutton.
Na Austrália a produção de cordeiro em 2008 cresceu 5,3% para 435 mil toneladas enquanto a de mutton caiu 4,8% para 258 mil toneladas em relação ao exercício anterior. Por sua vez, na Nova Zelândia, o volume de abates de cordeiros, embora tenha aumentado em 0,6% em 2008, resultou em uma produção inferior em 1,4% a 2007, contabilizando 446 mil toneladas, em decorrência do menor peso de carcaça. Para o mutton neozelandês, o volume de abates cresceu 30,5% com um aumento de 26% na produção para quase 152 mil toneladas. No entanto, em ambos os países, as previsões para 2009 já indicam uma redução na produção como resultado do menor efetivo de cria e das próprias condições climáticas desfavoráveis que tem se tornado uma constante nos últimos anos.
Em seguida estão alguns países do Oriente Médio como Irã, Turquia e Síria, outros do Sul da Ásia como a Índia e o Paquistão, e alguns do Norte da África como a Argélia, além de países como Egito, Marrocos e Sudão, onde a produção de carne ovina tende a aumentar. Com exceção do sudoeste europeu, onde a indústria bovina domina o setor de produção animal, a quantidade de carne produzida por ovinos se iguala a de outras espécies ruminantes, particularmente no Norte da África, Oriente Médio, Grécia e Turquia, e seguindo os números relacionados ao efetivo ovino, os continentes asiático e africano produzem, juntos, atualmente, mais de 67% de toda a carne ovina no mundo.