A cana-de-açúcar é a forrageira dos anos 2000 para alimentação animal. Muitas febres forrageiras se passaram nos anos 80 e 90. Agora é a vez da cana-de-açúcar que em nossa opinião veio com uma nova roupagem de utilização, deixou de ser descriminada pelo baixo teor de proteína e ganhou o status de forrageira energética. Mas suas justificativas de utilização continuam as mesmas. As principais são a alta produtividade, com consequente baixo custo por unidade de matéria seca; por estar madura no período da seca; e por apresentar baixo risco agronômico.
Se você ainda não ganha dinheiro com produção animal, talvez o motivo seja a inobservância dos fatores componentes do seu sistema de produção, como a baixa produção do seu canavial.
Escolha da variedade
A cana-de-açúcar é uma planta semiperene, que pode ser mantida na média por cinco anos sem ser renovada. Por isso, a correta decisão na escolha do material a ser plantado torna-se fundamental.
O acerto na escolha da variedade constitui-se no primeiro passo para o sucesso não só do canavial, mas de todo um sistema de produção de ruminantes. Neste sentido, serão listadas abaixo as principais características a serem observadas:
1. Alta produtividade,
2. Alto teor de sacarose,
3. Baixos teores de fibra,
4. Adaptada às condições edafoclimáticas,
5. Resistência ao tombamento,
6. Resistência a pragas e doenças,
7. Época de maturação,
8. Despalha fácil,
9. Digestibilidade da fração fibrosa.
O baixo custo por unidade de matéria seca só será obtido com utilização de variedades de alta produtividade. A variação de produção é muito grande, em estudo realizado por Andrade et al. (2003) avaliando 39 variedades de cana-de-açúcar observaram valores de 20,98 a 53,86 t de MS/ha. Se realizarmos um exercício apenas para exemplificar a importância na produtividade na diluição dos custos da tonelada de matéria seca.
O custo médio de implantação de um hectare de cana-de-açúcar é em média R$ 2.500,00. Para o cálculo, será considerado todo esse custo na primeira colheita (Cana planta), o que não é o mais correto, mas serve como exercício.
Tabela 1. Custo da tonelada de duas variedades de cana-de-açúcar, com diferentes variedades
Observa-se na tabela 1 a importância da escolha da variedade sobre o custo de produção da tonelada de cana-de-açúcar, pois ao se comparar a variedade menos produtiva com a de maior produção, tem-se um incremento de 2,57 no custo da tonelada.
Outra questão preponderante no que diz respeito a escolha de variedades é a qualidade nutricional. Não adianta ter uma variedade de alta produção se está também não tiver uma boa digestibilidade. Na realização do mesmo raciocínio feito para a produção tem-se impacto no custo da tonelada da matéria seca degradável da ordem de 30%.
Um fato interessante observado no artigo de Andrade et al. (2003) foi que variedades que possuem baixos teores de FDN foram os que apresentaram os menores valores de degradabilidade dessa fração. Este fato constitui-se no maior desafio para os programas de melhoramento de cana-de-açúcar para alimentação animal, pois o que se objetiva de uma boa cana-de-açúcar é justamente um baixo teor de FDN e uma boa digestibilidade desta fração.
Porém, quando se considera a produção de matéria seca e a degradabilidade da matéria seca, tem-se a grande vantagem. Existem variedades que apresentam alta produtividade e alta qualidade e com certeza são esses materiais que devem ser escolhidos (Figura 1).
Observa-se na tabela 1 a importância da escolha da variedade sobre o custo de produção da tonelada de cana-de-açúcar, pois ao se comparar a variedade menos produtiva com a de maior produção, tem-se um incremento de 2,57 no custo da tonelada.
Outra questão preponderante no que diz respeito a escolha de variedades é a qualidade nutricional. Não adianta ter uma variedade de alta produção se está também não tiver uma boa digestibilidade. Na realização do mesmo raciocínio feito para a produção tem-se impacto no custo da tonelada da matéria seca degradável da ordem de 30%.
Um fato interessante observado no artigo de Andrade et al. (2003) foi que variedades que possuem baixos teores de FDN foram os que apresentaram os menores valores de degradabilidade dessa fração. Este fato constitui-se no maior desafio para os programas de melhoramento de cana-de-açúcar para alimentação animal, pois o que se objetiva de uma boa cana-de-açúcar é justamente um baixo teor de FDN e uma boa digestibilidade desta fração.
Porém, quando se considera a produção de matéria seca e a degradabilidade da matéria seca, tem-se a grande vantagem. Existem variedades que apresentam alta produtividade e alta qualidade e com certeza são esses materiais que devem ser escolhidos (Figura 1).Figura 1. Relação entre a produção de matéria seca (t/ha) e a degradabilidade da matéria seca de 39 variedades de cana-de-açúcar. Adaptado de Andrade et al. (2003)
Outra grande questão pouco explorada pelos pecuaristas é a escolha de variedades em função da época de maturação. Existem variedades precoces, médias e tardias; e um bom planejamento forrageiro baseado na utilização de cana-de-açúcar não deve ser fundamentado em uma única variedade, e sim em variedades com distintos pontos de maturação.
As usinas trabalham com o conceito de ambiente de produção que leva em consideração os fatores edafoclimáticos e este conceito deve ser aplicado na produção de cana-de-açúcar para alimentação animal.
Em resumo, não cabe aqui a indicação de uma, duas ou três variedades. Pois não existe uma variedade capaz de atender as condições e demandas dos mais diversos sistemas de produção de ruminantes do Brasil. A única recomendação é: escolha a variedade de cana-de-açúcar que a usina plantaria na área escolhida. Assim pressupõe-se que a variedade atenderia as produções desejadas. Porém, seria interessante nesse momento que você buscasse o conhecimento sobre o teor de FDN e da digestibilidade desta variedade.
Este trecho faz parte do módulo 1 do Curso Online AgriPoint, Cana-de-Açúcar para Alimentação Animal: produção, balanceamento de rações e desempenho, que tem como instrutores Thiago Fernandes Bernardes (eng. agrônomo, D.Sc. e pós doutorando em conservação de forragens pelo Departamento de Zootecnia da Esalq/USP), Rafael Camargo do Amaral (zootecnista, M.Sc e doutorando em Ciência Animal e Pastagens pela Esalq/USP), Patrick Schmidt (zootecnista, professor da Universidade Federal do Paraná e consultor ad hoc da Revista Brasileira de Milho e Sorgo, Revista Acta Scientiarum, Animal Sciences e Revista Brasileira de Zootecnia) e Gustavo Rezende Siqueira (zootecnista, D.Sc. e pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios). Neste curso serão discutidos: Manejo agronômico do canavial e dimensionamento do rebanho; silagem de cana-de-açúcar; aditivos para cana-de-açúcar in natura e ensilada; e desempenho animal e balanceamento de rações com cana para bovinos de corte e leite, ovinos e caprinos. Para saber mais sobre esse assunto e as particularidades da utilização de cana-de-açúcar in natura ou ensilada para a alimentação do rebanho, participe do curso que terá início no dia 18 de maio. Conheça a programação completa deste curso. Faça sua inscrição agora mesmo! |