Primeiramente, o Cu é um elemento essencial para o metabolismo animal, sendo indispensável na dieta. No entanto, a disponibilidade e absorção do Cu pelo animal pode ser alterada por outros minerais, sendo afetada negativamente pelo excesso de zinco (Zn) e ferro (Fe) na dieta, assim como, por uma interação complexa entre o Cu, o enxofre (S) e o molibdênio (Mo). Sendo assim, a ingestão de altos níveis de Zn, Fe, S e Mo reduzem a biodisponiblidade e absorção do Cu pelos ovinos, sobretudo S e Mo, aumentando o risco de ocorrer uma deficiência de Cu.
Nas condições gerais de nossos solos e pastagens (geralmente manejados sem correção e adubação, ou seja, solos ácidos e de baixa fertilidade), os animais ingerem uma forragem contendo baixo nível de Mo, porém com alto nível de Fe e níveis satisfatórios de S, o que, no final do processo digestivo do animal, prejudica a absorção de Cu. Além disso, a biodisponiblidade do Cu contido nas pastagens é baixa, dificultando ainda mais o atendimento às necessidades diárias de Cu dos ovinos. Assim, nas condições gerais brasileiras, é mais fácil existir deficiência do que intoxicação por cobre em ovinos sob pastejo. Dessa forma, se faz necessário fornecer um suplemento mineral balanceado aos ovinos que inclua o cobre.
Figura 1. Sob condições de pastejo, a suplementação cúprica é essencial para garantir saúde e boa performance.

Além do exposto acima, existem algumas outras condições em que o fornecimento de Cu via suplemento torna-se primordial: 1) Se houver um processo de correção do solo via calagem com aumento do pH acima de 5 até 6,5, ou se o solo já é pouco ácido, haverá uma maior disponibilidade de Mo e conjuntamente uma redução na disponibilidade do Cu do solo para a planta forrageira; 2) Diferente do Cu, o Mo contido na gramínea apresenta boa disponibilidade para o animal, prejudicando ainda mais a absorção do Cu; 3) O processo de digestão protéica aumenta o conteúdo de sulfeto no rúmen do ovino, e este sulfeto reage com o Cu, o tornando indisponível para o animal.
Por outro lado existem diversas situações em que a suplementação de Cu na dieta teria que ser analisada com cautela ou talvez até excluída: 1) O uso de cama-de-frango, esterco de aves e dejetos de suínos como fertilizantes para adubação de pastagens, capineiras, área de produção de volumosos (silagens, feno, etc.), aumentam bastante o nível de cobre ingerido pelos animais, pois estes adubos são ricos em Cu e no processo de adubação há contaminação da forragem, resultando em uma elevada ingestão de Cu pelos animais; 2) Dietas com elevada participação de concentrados (mais que 50% da matéria-seca da dieta), principalmente, contendo altos níveis de farelos de arroz, de trigo, de amendoim, de soja e de algodão, e grãos de sorgo, já podem suprir as necessidades de algumas categorias ovinas, pois os mesmos são ricos em Cu de boa biodisponiblidade e pobres em Mo e S, sobretudo, quando se utiliza volumosos como silagens e fenos que apresentam uma melhor absorção do Cu do que as gramíneas frescas; 3) Se os ovinos do rebanho são das raças Suffolk, Texel e Ile de France ou mestiços dessas raças, pois esses grupos genéticos são mais susceptíveis a intoxicação por cobre do que as demais; 4) O uso de monensina na dieta aumenta, indiretamente, o nível de Cu absorvido.
Figura 2. Em dietas de alto grão, contendo ionóforos e/ou de acordo com o grupo genético, é possível trabalhar com níveis mais conservadores de suplementação cúprica.
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De qualquer forma, os requerimentos de Cu para ovinos variam de 3 a 11mg/kg de MS (matéria-seca) da dieta total, onde o nível tolerável máximo se encontra em torno de 15mg/kg de MS, desde que o nível de Mo fique entre 1-2mg/kg de MS e o nível de S entre 0,15 a 0,25% da MS. Entretanto, com o objetivo de prevenir casos de intoxicação, recomenda-se que o nível de Cu na dieta total não seja maior que 10mg/kg de MS e que os suplementos minerais não contenham mais de 800mg/kg (ou ppm) de Cu.
Assim, a taxa de inclusão de Cu na dieta de ovinos via suplemento mineral irá depender de uma análise mais aprofundada de toda a inter-relação existente entre solo-planta-animal e do manejo do sistema de produção no aspecto nutricional, desde a produção de volumosos ou pastagem até a utilização de concentrados, culminando na formulação da dieta final.