Mortalidade Embrionária
A maioria das perdas embrionárias ocorrem durante os primeiros dias após a fertilização e durante o processo de implantação do embrião no útero materno que se inicia nos dias 15-16 de gestação, podendo apresentar causas tanto infecciosas quanto não-infecciosas. Embora agentes patogênicos como vírus, bactérias e protozoários possam causar morte embrionária por alterar o ambiente tubárico-uterino, por afetar diretamente o embrião ou por provocar efeitos sistêmicos como febre e luteólise, as causas não-infecciosas são responsáveis por mais de 70% das perdas embrionárias existentes.
Dessa forma, fatores externos como temperatura ambiental elevada, deficiências nutricionais específicas (como vitamina A, Cu, Zn, I e Se), balanço energético negativo ou má-nutrição, estresse (transporte, manejo, dor, isolamento, etc.) e substâncias tóxicas (micotoxinas, metais pesados e compostos teratogênicos) podem afetar o desenvolvimento folicular, a qualidade do oócito, a atividade secretora e a motilidade das tubas uterinas, assim como, influenciar negativamente o metabolismo endócrino a nível de hipotálamo e ovários.
Além disso, fatores relacionados à mãe ou à ovelha, como deficiência de progesterona, falhas no reconhecimento do embrião/gestação, insuficiência útero-placentária, idade e nível de endogamia no concepto podem contribuir para um aumento nas taxas de morte embrionária. As aberrações cromossômicas também são um fator crucial que determina a inviabilidade do embrião com subsequente morte do mesmo (SOUZA, 2008).
Mortalidade Perinatal
O período de maior vulnerabilidade na vida animal ocorre imediatamente antes e logo após o nascimento, período caracterizado como perinatal. Diferente dos animais adultos, os recém nascidos não apresentam maturidade e a plena competência dos diferentes sistemas orgânicos para regular de maneira eficiente funções vitais para a sua sobrevivência, como por exemplo o controle da temperatura corpórea e do sistema imune que atua no combate às doenças.
No útero os filhotes permanecem em um meio estéril até o nascimento, quando então se inicia a colonização bacteriana através da passagem pelo canal do parto. Ao nascer o ruminante neonato passa de um ambiente térmico bastante estável, de temperatura similar à sua temperatura interna para um ambiente térmico variável e instável devido a fatores climáticos, tais como ventos, chuvas e frio.
Em função da maior susceptibilidade dos recém nascidos nos estágios iniciais de desenvolvimento, altas taxas de mortalidade são registradas nesse período, sendo que fatores relacionados às condições ambientais e de manejo contribuem, na maioria das situações, para o estabelecimento de doenças e morte neonatal.
As mortes após o parto podem ocorrer no pós-parto imediato, quando ocorrem no primeiro dia de vida, no pós-parto dilatado, quando ocorrem até o terceiro dia de vida e no pós-parto tardio, quando o registro do óbito é feito entre o terceiro e vigésimo oitavo dia.
Dentre as causas de mortalidade perinatal, que atuam individualmente ou relacionadas entre si, incluem-se abortos no final da gestação, distocias, malformações, infecções neonatais, predação, condições ambientais adversas e fatores maternos como raça, nutrição, falhas na amamentação, inabilidade ou inexperiência materna no cuidado da prole, má nutrição da matriz durante a gestação resultando no nascimento de filhotes debilitados e em uma baixa produção leiteira, além das falhas de manejo nas propriedades sobretudo no tocante a medidas gerais de higiene com as instalações.
Em sistemas extensivos desenvolvidos em países tropicais, estima-se uma mortalidade perinatal para ovinos varia entre 16 a 60%, sendo que em sistemas mais intensivos e tecnificados reportam-se índices inferiores ao redor de 8 a 17%.
No Rio Grande do Sul o complexo inanição/desidratação/hipotermia, a distocia e a predação, por ordem de importância, foram as principais causas de mortalidade perinatal, segundo MEDEIROS et al., (2005), que citam que a grande maioria das mortes ocorre no período pós-parto avançado.
A mortalidade após este período, até o cordeiro completar um ano de vida, é menos representativa, ocorrendo geralmente devido ao manejo incorreto nas propriedades, sendo a parcela mais significante ocasionada por infestações agudas por verminoses. Em menor proporção são responsáveis pela mortalidade neste período a ocorrência de surtos de doenças como o ectima contagioso e o foot-rot, a ocorrência de míases e o estresse no momento da desmama.

Tomando conhecimento dos principais fatores que causam mortalidade em seus rebanhos, os produtores podem tomar medidas preventivas, que se não eliminem, ao menos reduzam as perdas, e consequentemente aumentem a produtividade e a lucratividade da criação.
De forma geral, a mortalidade pode ser reduzida consideravelmente com medidas simples, tais como:
- Realizar um bom manejo de parição, com a formação de lotes específicos de fêmeas com a mesma idade gestacional;
- Adequado suporte nutricional das fêmeas gestantes, sobretudo nos terços finais da gestação quando se observam as maiores taxas de crescimento fetal;
- Adequação de instalações visando à diminuição dos efeitos ambientais (chuva, frio, predadores);
- Conscientização da necessidade de práticas de higiene no cuidado com a fêmea gestante, no caso do parto assistido e sobretudo com o recém nascido;
- Adoção de cuidados básicos com o neonato como a cura de umbigo, aquecimento após parto laborioso ou demorado e garantia do fornecimento de um colostro de boa qualidade.