Sempre é muito bom observar o ânimo dos produtores andando com os seus animais pela feira. Muitos, viajam quilômetros para, em cinco dias, expor o trabalho anual da sua propriedade, negociar e interagir com outros produtores. Além disso, o criador tem a possibilidade de contactar outros elos da cadeia como associações, indústria e mercado. São através desses contatos que há troca de experiências, surgem novas ideias e projetos são engenhados.
Há algumas coisas que me chamam a atenção todos os anos:
Cultura: é muito curiosa a presença dos gaúchos com suas boinas, lenços, alpargatas, bombachas e chimarrão na mão. Também é interessante entrar nos stands de associações e cabanhas nordestinas e degustar castanhas, carne de sol e rapadura. A impressão é que existe um pedacinho da realidade de cada lugar. Me deparei com produtores de vários estados brasileiros e aprendi um pouco com cada um deles.
Paixão pela atividade: os funcionários e proprietários não hesitam em contar aos visitantes a história do estabelecimento que trabalham, como manejam os animais e as curiosidades de alguns fatos. A adoração pela atividade é intrínseca, o que remete à tradição pecuária do nosso país.
Raças: a diversidade de raças na feira é muito grande. O público tem acesso a animais com aptidão para lã, carne e leite. Inclusive, podem degustar queijos oriundos de leite de cabra ou ovelha e carne ovina e caprina. Essa variedade de raças é reforçada pelas dimensões do nosso país e adaptabilidade dos animais às distintas regiões.
Participação internacional: sendo como visitantes, palestrantes ou jurados, pessoas de diversos países vêm para a feira conhecer o que está sendo feito no Brasil e compartilhar experiências. Este ano, pude assistir uma palestra de um uruguaio e conhecer um neozelandês, que comentou sobre o aumento da presença das indústrias na feira.
Eventos simultâneos: para quem está participando da feira o que não falta são eventos. Vários workshops, palestras e cursos são oferecidos além da cozinha interativa, lançamento de sumários, reuniões e confraternização nos stands. O visitante pode escolher a opção que mais combina com o seu intuito.
Interação dos elos da cadeia: é fácil topar com uma roda de produtores papeando com um chefe de cozinha, um consultor e o presidente de uma associação. Os participantes buscam novidades e ficam muito curiosos com algumas delas, o que felizmente provoca interações e compartilhação do conhecimento.
Na feira este ano, pude perceber algumas mudanças. A indústria estava mais presente e novos programas de incentivo ao produtor estão sendo lançados, na busca da formalização do setor. É perceptível que as pessoas estão mais focadas nas coqueluches do momento - carne ovina e caprina - e estão movendo as suas atenções à tudo que se refere a isso.
É válido lembrar que em países com a ovinocultura desenvolvida, a indústria teve importante papel. Na Nova Zelândia por exemplo, desde 1922 existe um conselho regulador chamado New Zealand Meat Board, que coordena a indústria, desenvolve mercados e negocia preços e fretes. Uma das primeiras medidas do conselho foi a criação de uma marca que até hoje identifica o cordeiro neozelandês. A Nova Zelândia também apresenta condições favoráveis para a produção, porém, a indústria busca insistentemente melhorias na atividade visando a qualidade.
Para aproveitar a presença dos represantes de algumas indústrias durante a feira ocorreu uma mesa redonda com foco na produção de carne ovina de qualidade com o principal objetivo de alinhar a cadeia produtiva da ovinocultura. O público participante foi bem variado e muitas dúvidas foram esclarecidas.
Acredito que a ovinocaprinocultura brasileira está dando passos relevantes para a cadeia como um todo, resultado da integração entre os protagonistas de cada setor e da boa fase na qual encontra-se o mercado. As expectativas são muito boas e com certeza mais uma semente foi plantada! E venha a 9ª Feinco!
Julio Erasmo Reich
Querência - Mato Grosso - Produtor de ovinos
postado em 16/04/2011
Legal Raquel. Acho que você conseguiu sucintamente expor o que ocorre nesses eventos. Abs, Julio Erasmo