A visão da propriedade rural como uma empresa faz também remeter a essa questão. Hoje qualquer empresa, em qualquer área, busca encontrar profissionais que desenvolvam um trabalho qualificado. Esta excluído do mercado aquele que se apresentar improdutivo e ineficiente. Nas propriedades rurais, na maioria das vezes, essa situação é diferente, pois há um crescente deslocamento de pessoas da zona rural para a zona urbana na busca de melhores condições de vida, fazendo com que os contratadores tornem-se menos seletivos. Uma outra diferença é que em comparação com a indústria e os serviços, a mão de obra rural é a mais despreparada e desqualificada.
Uma matéria com o tema "O mundo vai viver nova onda de exôdo rural" foi recentemente publicada no jornal o Estado de São Paulo (12/09) e revela um alerta feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). As organizações advertem os governos para se preocuparem não apenas com o acolhimento dessas pessoas que saíram do campo, mas também para que assegurem políticas de criação de empregos se não quiserem ver o aumento da pobreza. A constatação faz parte de um levantamento feito sobre o futuro do mercado de trabalho.
O fluxo de migrantes do campo para as cidades não é um fenômeno novo. Nos últimos 50 anos, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) estima que 800 milhões de pessoas teriam deixado terras e trabalho no campo para buscar uma vida melhor nas cidades. Para 2030, a projeção apontada no levantamento é de que 60% da população do planeta esteja fora do campo, quase 5 bilhões de pessoas. Um dos motivos da desmotivação do trabalho no campo se deve ao fato de algumas propriedades contratarem pessoas por baixíssimos salários, resultando em baixa produtividade e aumento dos custos.
A dificuldade de encontrar mão de obra qualificada para o campo é crescente, porém, será que os trabalhadores que hoje atuam na área rural recebem treinamento adequado e incentivos para permanecerem nos seus respectivos serviços?
Além de treinar e capacitar os funcionários, o desenvolvimento de pessoas deve estimular, envolver, criar mecanismos de avaliação individual, bonificar por produtividade, ouvir sugestões, enfim, relacionar o trabalho do funcionário com o sucesso do negócio, pois ele integra parte do sistema.
É histórico o fato de que, nem sempre as pessoas foram as principais preocupações de uma instituição, porém, hoje é fundamental a valorização das mesmas. Silva (2002, p.224) afirma que o principal interesse gerencial é motivar os funcionários e alcançar os objetivos organizacionais de um modo eficiente e eficaz. Hoje, uma organização deve estar atenta a todos os anseios pessoais e profissionais dos seus trabalhadores, precisa investir em programas de qualidade de vida no trabalho, proporcionar bem-estar e segurança aos seus funcionários e treiná-los para a obtenção de melhores resultados.
Vários estudos sobre a relação trabalhador x organização vêm sendo pesquisados nos últimos anos e algumas teorias já foram publicadas a anos atrás.
Abraham Maslow, psicólogo nascido em 1908 na Califórnia/USA, ficou conhecido por sua proposta de hierarquia de necessidades, utilizada e discutida até hoje em todas as áreas. A pirâmide de Maslow demonstra que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Cada pessoa tem que "escalar" uma hierarquia de necessidades para atingir sua autorrealização. Alguns pesquisadores da área estudam a possibilidade de estender algumas necessidades contempladas devido a globalização, porém, a sua principal essência e itens são inalteráveis.
Figura 1 - Pirâmide de Maslow.
De acordo com Maslow, depois de atendida as necessidades fisiológicas (alimentação, respiração, descanso, abrigo e vestimentas), a tendência natural do ser humano será prezar pela segurança (segurança física pessoal, financeira, bem estar e rede de proteção contra imprevistos). Na sequência, surgem as necessidades de pertencer a grupos, associar-se a outras pessoas. Estas necessidades são chamadas de sociais ou de associação (amizade, intimidade, convivência social, família e organizações). O passo seguinte na escala das necessidades é o da estima, que se refere ao reconhecimento e admiração por parte do grupo. A autorrealização é o último patamar da pirâmide de Maslow e esta necessidade se refere à motivação para realizar o potencial máximo do ser.
O contratador precisa estar atento para essas necessidades para obter êxito nas suas contratações, pois estão relacionadas com a motivação profissional dos seus funcionários. A palavra motivação é um neologismo relacionado com o motivo, já o motivo é aquilo que nos leva a agir, desta forma, se a motivação parte do motivo, então pode ser determinada como um processo que suscita uma determinada conduta, que nos leva a manter uma atividade. Motivação é um conceito central para a compreensão do comportamento humano, os bons resultados são difíceis de se obter sem motivação.
Além disso, o produtor deve conhecer detalhadamente aquilo que está produzindo, pois é dessa forma que ele poderá dar as coordenadas para sua equipe, com seriedade e sem amadorismo. O ensinamento é construído a partir de uma boa vivência com a atividade. O produtor também deve estar atento aos cursos dirigidos à mão de obra na fazenda, pois normalmente apresentam preços acessíveis. Órgãos públicos como Embrapa, Emater, Casa da Agricultura, Iapar, universidades e empresas privadas realizam com frequência cursos destinados para os trabalhadores rurais e, dependendo do número de interessados, alguns cursos podem ser ministrados na própria fazenda. Os dias de campo realizados por algumas instituições também são ótimas fontes para aperfeiçoamento e permitem a troca de informações.
Referências bibliográficas
1 - SILVA, Reinaldo Oliveira. Teorias da Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
2 - Jornal O Estado de São Paulo. Disponível em:
3 - CEDET (Centro de Desenvolvimento Profissional e Tecnológico). Disponível em:
Jonas Rodrigues
Dourado - Mato Grosso do Sul - Trader
postado em 17/09/2010
É isso, você cutucaram na ferida. Falta motivação mesmo para os funcionários. Claro, estes também precisam ter certa afinidade com o campo, mas, normalmente são pessoas carentes que querem ser reconhecidas por seus trabalhos. Aqui na minha região, existem algumas fazendas que pediram para os seus funcionários pintarem as casas deles (dentro da fazenda) da cor que queriam, decoracem do jeito que pretendiam e assim por diante. Precisam ver a felicidade deles. São pequenas coisas meus amigos, quem não gosta de ser agradado?