Em 2011, (considerando de janeiro a novembro), o Brasil importou 4076 toneladas de carne ovina, 15% a menos quando comparamos com o mesmo período do ano anterior (4824 toneladas). Esse decréscimo nas importações ocorreu devido a uma menor produção ovina uruguaia e a abertura de novos mercados pelo país. Mesmo assim a parcela enviada ao Brasil ainda é significativa.
Em 2011 a ovinocultura brasileira amadureceu. Ainda há muita coisa a ser feita mas a consciência dos produtores está nitidamente começando a mudar, pois há um crescente interesse na produção de carne de cordeiro e não apenas, na produção de animais de elite.
Durante o ano, pude observar inúmeros projetos e iniciativas que contemplaram essa afirmação, além de novos produtos oriundos da carne ovina lançados por grandes empresas no mercado. A indústria também fez-se mais presente, participando de eventos e divulgando os seus serviços aos produtores, que muitas vezes desconhecem o que é oferecido pelo frigorífico e suas estruturas.
Dentre os gargalos, dois me chamaram a atenção ao longo do ano e pretendo discuti-los com mais afinco ao longo do artigo: falta de planejamento da atividade e carência de mão de obra.
Planejamento da atividade
A falta de planejamento ainda é uma das principais características de quem inicia a criação. O modismo já foi mais evidente em anos anteriores, mas ele ainda marca presença. O mercado está aquecido sim, mas o produtor precisa ter em mente que iniciar uma produção animal é equivalente à abertura de um novo empreendimento e todos os detalhes e minucias devem ser anotados e contabilizados no papel. Peca-se na falta de profissionalismo e na ansiedade de ver rapidamente os resultados.
O planejamento está intimamente relacionado aos custos de produção. E se o produtor não calcula aquilo que entra e aquilo que sai para conhecer o seu lucro e os resultados do seu trabalho, ele pode estar fadando o seu próprio insucesso. Por isso destaco novamente a importância das anotações e da conscientização dos funcionários para com este item.
No último mês de dezembro, o FarmPoint lançou uma enquete perguntando aos leitores quais seriam os principais desafios para a ovinocultura em 2012. A maioria deles (16%), respondeu que o principal gargalo será a falta de planejamento da atividade. Leitores de 22 estados participaram da pesquisa, o que demonstra que há um consenso entre as regiões do país quanto a este problema.
Carência de mão de obra
A mão de obra especializada não é um problema apenas para a ovinocultura. A mão de obra é um problema atualmente para toda atividade agropecuária. Cada dia que passa o número de pessoas dispostas a trabalhar no campo diminui e isso sem dúvidas prejudica as cadeias como um todo.
Quando fala-se em ovinocultura esse problema é agravado pelo fato de o Brasil não possuir uma cultura forte para essa produção. Isso dificulta o encontro de pessoas que conheçam as peculiaridades e detalhes desses animais, o que prejudica a produção de uma forma geral.
Os funcionários que já trabalham no campo devem ser incentivados a ficar no mesmo. O proprietário deve conhecê-los bem e saber como estimulá-los à permanecer em sua propriedade e treinamentos devem acontecer para o aperfeiçoamento daquilo que já existe. Uma sugestão é a união dos produtores que possuem propriedades em localidades próximas para reuniões e treinamentos dos seus funcionários em grupo, abrangendo um número maior de pessoas e reduzindo os custos.
Esses gargalos devem ser ajustados para que a atividade se desenvolva. Em 2012 esperamos que a ovinocultura brasileira dê mais um passo de sucesso e que a carne ovina ganhe cada vez mais o gosto dos consumidores brasileiros.
Luciano Piovesan Leme
Barbacena - Minas Gerais - OUTRA
postado em 04/01/2012
Prezada Raquel,
Muito oportuno sua abordagem, mostrando nitidamente nosso desafio quanto ao planejamento para que a cadeia da ovinocaprinocultura seja de fato eficiente e rentável.
Buscando aqui corroborar lanço um desafio: que o Farmpoint, por meio de seus parceiros, possa oferecer um curso e/ou treinamento de elaboração de um Plano de Negócios que contemple a elaboração de uma planilha de custos e que possamos partir de um "modelo" básico em que os ovinocaprinocultores possam se espelhar e cada qual com sua especificidade possa ajustar e elaborar este tão importante planejamento.
Colocamos desde já nosso grupo à disposição para este processo e sou desde já um colaborador nesta tarefa proposta.
Atenciosamente,
Luciano Piovesan Leme
Presidente do Núcleo de Criadores de Caprinos e Ovinos das Regiões dos Campos das Vertentes e Zona da Mata - NUCCORTE