É de se admirar a força que os produtores têm! Todos nós sabemos e já identificamos várias vezes as dificuldades da ovinocultura no Brasil e mesmo assim há (acreditem, há!) pessoas com garra e vontade de ver a atividade deslanchar no país. Sabem por que? Porque nós temos condições.
Há inúmeras pesquisas de ponta sendo realizadas nas universidades do Brasil e diferente do que muitos pensam, vários desses pesquisadores almejam ver suas pesquisas sendo úteis no campo, contribuindo com o desenvolvimento da atividade rural. Semanalmente recebo contatos de novas pessoas interessadas em escrever no FarmPoint e de diversas localidades do país. Tentamos fazer esse link com o que vêm sendo desenvolvido e com a demanda dos produtores em aprender coisas novas e ter fácil acesso à tecnologias de produção. Por isso, tentamos manter todas as seções do site atualizadas e com novidades.
Além de outras vantagens como clima, terra e espírito pecuarista, temos uma em especial: a vontade dos produtores! É o que mais sempre me chamou a atenção. No evento, a maioria do público mostrou-se disponível para participar de mais encontros, dias de campo e mesas redondas. Os produtores querem difundir suas experiências, mostrar o que deu certo, compartilhar os erros e contar suas histórias. Isso inspira os novos e lapida os antigos na atividade. Não tem nada mais gostoso do que escutar as vitórias e conquistas ao longo da caminhada. Recebo também com muita frequência emails de inúmeras pessoas (até de fora do Brasil) com dúvidas e ideias. Isso é muito motivador.
A discussão que envolveu o evento fez amadurecer várias ideias importantes para o setor. O ovinocultor precisa identificar um sistema de produção apropriado para sua ocasião. Não existe um modelo padrão ou uma receita de bolo: a melhor raça, o melhor pasto, a melhor ração. É um processo que exige insistência, paciência e muitos testes. A gestão dos custos de produção e os indicadores zootécnicos por exemplo, são considerados hoje “obrigatórios” em qualquer atividade que tem como foco principal a obtenção de sucesso e lucro. Necessitamos dessas ferramentas para que a ovinocultura tenha um futuro promissor, pois caso contrário, é dar passos para trás, é ser amador. Para isso, precisamos criar o hábito de anotar, registrar, rabiscar o caderno, projetar, desenhar e apagar, pois as informações é o que nós temos de mais precioso e não podemos desperdiçá-las.
Fora da porteira, o êxito da ovinocultura depende do sucesso da cadeia de suprimentos até o consumidor final e a segmentação e diversificação de mercado parecem ser algumas das estratégias a serem seguidas. É importante que as indústrias estejam atentas àquilo que o mercado anseia. Os consumidores estão exigentes e desejam rapidez e praticidade na hora de preparem seus pratos. A carne de cordeiro pode sim e apresenta características para atender essa demanda, porém, precisa inicialmente agradar o gosto e o paladar dos brasileiros, pois para muitos ainda é uma carne bem exótica. Centrados nisso, necessitamos produzir visando a qualidade. Conheço muita gente que teve más experiências com a carne ovina, ou devido o gosto forte (animal velho), ou porque viu o bicho sendo morto. Sim, ainda falta muito profissionalismo, mas não é generalizado, portanto, precisamos desmitificar isso suprindo o mercado com carne de excelência.
Ainda temos que lutar bastante e eu espero que o FarmPoint continue sendo um ponto de apoio para todos os ovinocaprinocultores brasileiros.
Aproveito este artigo para comunicar que, na busca pela difusão do conhecimento, realizaremos o III Simpósio do FarmPoint em Cuiabá/MT nos dias 08 e 09 de outubro. Pretendemos auxiliar os produtores na tomada de decisão entendendo e detalhando as dificuldades que eles encontram hoje. Em breve divulgaremos mais informações sobre o evento no próprio FarmPoint.
Para ilustrar: Minha história na ovinocaprinocultura começou cedo. Me formei em Zootecnia pela Unesp de Botucatu em 2009 e desde que entrei na faculdade comecei meus trabalhos com ovinos e caprinos fazendo estágio e estudando sobre o assunto No 4º ano desenvolvi uma iniciação científica com medidas biométricas em cabritos e logo que me formei, vim trabalhar no FarmPoint. Há quase 4 anos atrás. E como a atividade evoluiu de lá para cá! E é nisso que eu acredito, em mudanças e rumos positivos para o negócio. Avante ovinocaprinocultura brasileira!
Geraldino Assumpção
Laranjeiras - Espírito Santo - Produção de ovinos de corte
postado em 20/05/2013
Olá Raquel! Parabéns por suas palavras. Acho que você expôs bem a realidade dos guerreiros ovinocultores brasileiros, que não se cansam de lutar. Abraço