Destaques da entrevista
FarmPoint - Fale sobre o principal objetivo desse projeto e como surgiu a demanda para desenvolve-lo?
Marlon - "Esse projeto se iniciou em 2009 por uma solicitação da CNA e da Câmara Setorial de Ovinos e Caprinos do Ministério da Agricultura ao GECOMP (Grupo de Estudos sobre a Competitividade e Sustentabilidade do Agronegócio) da UnB. A demanda desse estudo é de extrema importância para o país, visto que a ovinocaprinocultura é um setor importante tanto social quanto economicamente. A partir de interações iniciais com os membros da Câmara Setorial e da Comissão de Ovinos e Caprinos da CNA, nós iniciamos um giro pelo país, em várias regiões produtoras e significativas na atividade, ouvindo lideranças, ouvindo pessoas, tanto do setor público como do setor privado e que tinham algo para contribuir".
FarmPoint - Como o projeto foi desenvolvido e quais regiões/estados foram abrangidos?
Marlon - "O trabalho foi iniciado em Fortaleza/CE, com significativa participação de representantes do setor da ovinocaprinocultura de toda região Nordeste, com exceção da Bahia. Depois fomos para a Bahia. Chamamos esses encontros de Encontros de Liderança. Depois, o Encontro repercutiu em Goiânia, onde ouvimos representantes do Mato Grosso e Goiás. Após isso, fomos para o Mato Grosso do Sul, onde também fizemos um oficina, já que é uma região bastante significativa para a produção de ovinos e caprinos. Fomos em Bauru/SP e fizemos a mesma atividade com representantes principalmente da região Oeste do estado. Fizemos também uma reunião com representantes em Londrina/PR, depois fomos para Porto Alegre/RS e por último fomos para Manaus/AM para a coleta de informações da região Norte.
As oficinas foram realizadas da seguinte forma: desenvolvíamos uma atividade no período da manhã onde escutávamos de forma espontânea a opinião das pessoas sobre as demandas, as expectativas e realizações do setor. No período da tarde, realizávamos uma dinâmica em grupo para registro de opiniões. A partir dessas atividades, nós registrávamos num relatório as principais evidências encontradas e depois repassadas à Câmara Setorial. Na semana passada nós divulgamos esse relatório consolidado através de reuniões em Brasília com a Câmara Setorial, representantes do país inteiro e com a comissão da CNA".
FarmPoint - Os resultados foram divididos pelos estados visitados, mas o que mais chamou a sua atenção? Quais foram os itens que mais se destacaram?
Marlon - "A ovinocaprinocultura apresenta demandas comuns em todas as regiões. O que vimos de mais gritante é a questão da governança e da necessidade de organização do setor, que ainda carece de estruturação. Temos alguns polos, algumas áreas que são emergentes em termos de organização, eu destaco a região do PR, a região do MS, a região de SP e da BA.
Um segundo ponto que eu considero comum praticamente em todas as regiões é a questão da qualificação, tanto a do produtor rural, do profissionalismo na atividade, da mão de obra do setor e da assistência técnica. Em cada uma dessas qualificações a gente nota que existe diferenças quanto à sua origem, quanto aos principais problemas que limitam essa qualificação. A partir desses dois problemas, há outros itens que também chamam a atenção, como a logística, aspectos governamentais de apoio ao setor, presença de frigoríficos com fiscalização. É lógico que há aspectos pontuais em um uma ou outra região. Por exemplo, na região Norte há muitos problemas logísticos e relacionados à comunicação levada ao produtor e aspectos relacionados à adequação de tecnologia para a produção naquela região. No Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, o ataque dos animais como onças ainda é uma coisa que chama atenção. No Rio Grande do Sul, aparece problemas como roubo de animais. A questão tributária apresenta-se muito forte na região Centro-Oeste".
FarmPoint - Depois de toda essa pesquisa e do contato com produtores e profissionais do setor, deixe uma mensagem final para os ovinocaprinocultores do Brasil.
Marlon - "A ovinocaprinocultura é uma atividade de grande importância econômica e social. Ela se diferencia de outras atividades do agronegócio já que atinge tanto o pequeno produtor que depende dela para a sua subsistência como grandes produtores organizados e com grandes tecnologias. A atividade precisa de produtores associados, que se organizem, se empenhem e que identifiquem as lideranças em suas regiões para que, junto com o apoio da Câmara Setorial e das lideranças públicas e privadas do setor, coloquem a atividade em evidência. Isso só sera possível com associativismo, cooperativismo, união e busca de conhecimento. Tenho certeza que a Câmara Setorial e a CNA estão empenhadas nesse sentido e existe um grande grupo de pessoas identificadas nas regiões e que se arregaçarem as mangas, teremos uma ovinocaprinocultura de excelência no Brasil".
Confira o áudio da entrevista
Equipe FarmPoint
KiLOViVO - Ovinocultura de precisão - (65)99784004
Tangará da Serra - Mato Grosso - Técnico
postado em 07/07/2011
Novamente foi gasto dinheiro para bancar um trabalho do mesmo tipo de outros com o mesmo objetivo, ou seja: analisar o situação atual da atividade em nível nacional.
Até quando vamos ficar nessa situação repetitiva quanto às conclusões?
Não está na hora de instituições como a CNA, através da sua Câmara Setotial específica, implantar, por exemplo, um programa piloto de produção de carne de cordeiro onde os produtores possam ver funcionar um modelo de "governança", "organização e estruturação do setor", "nível de profissionalismo necessário" e "assistência técnica específia"?
Vejo com muita nitidez que essa fase demagógica que estamos vivendo precisa de um solucionador.
Enquanto os oportunistas encontrarem espaço para obterem vantagens apenas conversando, a sustentabilidade empresarial tanto da ovinocultura como da caprinocultura impossibilita a inclusão dessas atividades no agronegócio brasileiro.
Giorgi Kuyumtzief