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Marlon Brisola: "queremos um retrato dos principais problemas da ovinocaprinocultura"

postado em 31/08/2010

2 comentários
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Marlon Vinícius Brisola, pesquisador colaborador da UnB (Univerisade de Brasília) e integrante do Grupo de Estudos sobre Competitividade e Sustentabilidade do Agronegócio, apresentou o Estudo Complexo do Agronegócio de Caprinos e Ovinos, um trabalho de estruturação e governança da cadeia produtiva da ovinocaprinocultura no 1º Encontro de Lideranças da Ovinocaprinocultura durante a 4ª Expo N.O.B.R.E no último dia 13 de agosto. O Estudo visa realizar encontros de lideranças para desenvolver oficinas de alinhamento estratégico sobre o complexo da ovinocaprinocultura.

Juntos, grupos de líderes, em pontos estratégicos do país, discutem a cadeia, resultando num apanhado de informações. O grupo responsável pelo Estudo já esteve em alguns Estados do Nordeste, alguns do Centro-Oeste, Estado do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo e finalizarão a pesquisa indo para outros Estados da Região Sul e para o Estado do Amazonas - Região Norte. Com esse mapeamento, o grupo pretende detectar os problemas regionais e nacionais da ovinocaprinocultura, o que as pessoas pensam e o que está sendo feito. No final deste ano, todos os dados serão consolidados e a ideia é divulgar e publicar um relatório com todas essas informações.

Raquel Maria Cury Rodrigues, analista de mercado do FarmPoint, entrevistou Marlon, que falou sobre os objetivos do estudo, diferenças entre as regiões e mercado de carne ovina.

Destaques da entrevista

"Nós fazemos parte de um grupo de estudos, um programa de pós graduação na universidade, e tivemos uma demanda por parte da CNA e da comissão de ovinos e caprinos do Ministério da Agricultura (Câmara Setorial) para a realização de um estudo do complexo agroindustrial da ovinocaprinocultura no Brasil. Esse estudo começou desde o ano passado e teve como primeira intenção um maior conhecimento de quais as demandas que o setor tem, qual a posição em nível de tecnologia, produção e comercialização. O estudo envolve as diversas atividades espalhadas na diversas regiões do país e para isso nós começamos com algumas oficinas, que nós chamamos de encontro de lideranças, que tem uma metodologia própria e são feitas perguntas buscando conhecer informações dos próprios representantes de associações, representações de instituições públicas e privadas que lidam com esse setor nas diversas regiões do país".

"Hoje nós estamos aqui em Bauru já completando a 6ª oficina realizada no Brasil. Mais duas vão ser feitas no Sul e no Norte do Brasil e vão fechar esse trabalho e ele inclusive vai ser divulgado no site no Ministério da Agricultura, Câmara Setorial e vai ser consolidado em um documento único no final do ano. O objetivo é que nós tenhamos esse retrato dos principais problemas através de um relatório único que poderá ser utilizado como referência para políticas públicas no futuro e para ação dos próprios produtores e associações".

"Cada região tem as suas próprias características, características da própria estrutura de comercialização, da cultura, da forma como essa produção é representada ao produtor. Por exemplo: em algumas regiões do Nordeste, onde a caprinocultura é muito expressiva, a gente vê que funciona como um sistema de troca para o produtor, porém, se a gente pegar os quatro ou cinco pontos principais que apareceram em todas as oficinas realizadas até agora, talvez dois ou três talvez vão ser sempre os mesmos. Um problema que é nítido, é a capacitação da mão de obra, não só de mão de obra trabalhadora, mas, de assistência técnica, da capacitação do produtor por uma visão melhor a nível empresarial, para que ele entenda melhor a atividade e também da mão de obra daqueles que lidam com o serviço público, nas agências de fomento, nas instituições bancárias, enfim, há uma demanda de capacitação de mão de obra, de melhor compreensão da cadeia, de melhor compreensão do que precisa ser feito e como vai ser organizado melhor as atividades da cadeia".

"Outra questão que indiretamente aparece, indiretamente porque a gente tem entendido que a solução não é atacá-la de frente, é a questão da informalidade. A informalidade é um problema, é uma característica típica do setor, todo mundo de certa forma reclama da informalidade, mas a gente tem que entender que o problema maior não é informalidade, mas sim uma estruturação de mercado".

"Talvez o problema principal seja a má organização do setor. Nos estudos da universidade a gente percebe que não é só o setor de ovinos e caprinos que enfrenta isso, a gente enxerga em outras cadeias, mas é nítida a questão da necessidade da melhor organização institucional do setor. Produtores têm dificuldades em se relacionarem com produtores, produtores têm dificuldade de se relacionarem com instituições de pesquisa, com órgãos do governos, com instituições de fomento, com as Câmaras Setoriais, dentro das próprias associações e eu acho que isso deve ser melhor cuidado: há uma reclamação geral mas não há um trabalho efetivo para melhorar isso e nós estamos percebendo que solucionaria muito os problemas se as pessoas começassem a encarar que a união dos produtores, a união das associações a formação de Câmaras Setoriais, favoreceriam demais o setor".

"Todo mercado trabalha com determinadas situações, as vezes são favoráveis, as vezes não, possuem ciclos bons, possuem ciclos ruins. O setor de carne ovina está passando por uma oportunidade que deve ser aproveitada, mas, como toda atividade é cíclica, certamente haverá um momento que acontecerá uma reversão, até porque sabemos que isso aconteceu devido a conjuntura de mercado internacional. É importante olhar para isso e analisar a regularidade da produção, e essa regularidade de produção tem que estar compatível com uma regularidade de abate dos frigoríficos e com a regularidade no consumo. Se entendermos essa equidade na cadeia (produção, abate e consumo), com certeza todo mundo cresce junto e ai vai ser consolidado o mercado".

"Dentro da cadeia da ovinocaprinocultura temos a necessidade de entender os diversos mercados, porque existem diversos produtores. Existem aqueles que produzem para trocar por uma determinada mercadoria, aqueles que vendem carne de ovinos e aqueles que vendem uma carne especial de ovinos. São mercados específicos que compram, vamos tentar entender cada mercado desse e para cada região trabalhar bem aquele mercado. Por isso, deve-se sentar na mesa produtor, frigorífico e varejo e ai nós estamos falando de pesquisa, alguém tem que dar um pontapé inicial".



Equipe FarmPoint

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Comentários

Carlito Nóbrega

Presidente Prudente - São Paulo - Produção de ovinos
postado em 31/08/2010

Que interessante esse trabalho. Acredito que todos estão ansiosos para conhecer o resultado.

Marlon Vinícius Brisola

Taguatinga - Distrito Federal - Pesquisa/ensino
postado em 08/09/2010

Prezado Pedro Alberto Carneiro Mendes,

Sua observação procede - e não contradiz o que pensamos. Como disse, cada região tem sua característica e a utilização de animais como "moeda de troca" é fato em quase todo o país, devendo ser considerada. Contudo, há um ´mercado´ próprio para esse produtor e le deve ser avaliado à bem do setor e do próprio criador. E até porque não dizer, (também) do atravessador - já que representa importante agente nessa cadeia. De qualquer forma, nesse sentido, é fundamental que as preocupações sejam depositadas pelas instituições competentes, em prol de maior desenvolvimento do setor - peculiar em sua diversidade.

Marlon Brisola
Gecomp/UnB

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