Sempre tida em dias passados como criatório de pobre - verdadeira é a presente assertiva, pois que a cabra é conhecida como a "vaca do pobre" - hoje já pode perceber que os papeis começam a se inverter.
O Nordeste do Brasil é detentor do maior rebanho de ovinos e caprinos do país e esses geradores de riquezas sempre foram relegados a planos inferiores ou até mesmo esquecidos pela iniciativa privada, pública e/ou planos de governos. Hoje temos vivenciado um impulso extraordinário quer seja dos criadores quer seja dos programas encetados pelos mais diversos segmentos, no tocante a uma premente preocupação com toda a cadeia produtiva da caprinovinocultura.
Os nordestinos, termo que, aliás, usarei muito pouco, pois todos somos brasileiros, então não há porque fazermos esta distinção, têm procurado na caprinocultura, juntar o que existe de melhor na genética desses animais, com as potencialidades da região do São Francisco, hoje disparadamente uma grande produtora de uvas de mesa e excelentes vinhos, estes inclusive em provas "cegas" no Continente Europeu, tido repetidamente excelentes notas dadas pelos enólogos daquele continente chegando a constar pelo menos um deles na literatura máxima "WINE BOOK" como um dos melhores do mundo. Agregamos ao vinho os queijos produzidos com leite de caprinos.
Voltando aos nossos caprinos e ovinos, temos um grande diferencial entre as regiões brasileiras, estamos aqui, mais especificamente no estado de Pernambuco, no paralelo 9º o que representa 300 ou mais dias de sol. Fato importantíssimo, pois duas parições ao ano é fato normal e não precisamos de muitos cuidados para que tal fato ocorra. Não é por este motivo que relaxamos, muito pelo contrário temos o maior cuidado para que os animais estejam sadios, em perfeito estado corporal e aptos a cruza e via de conseqüência a parições perfeitas e consequentemente com crias da mais alta linhagem. Procuramos nos caprinos o aperfeiçoamento genético para uma maior produtividade leiteira, sem, contudo descuidarmos do material genético que inserimos nos animais de linhagem não leiteira para um melhor rendimento de carcaça.
Nos ovinos, temos ao longo de mais de século melhorado a carcaça do nosso Santa Inês (ovino deslanado) animal típico e próprio para o criatório nesta região mais acima do Brasil. Nada temos contra as raças Dorper, Sufolk e outras mais, no entanto é meu livre convencimento que, não devemos colocar "lã" nos nossos Santa Inês, pois estaríamos incorrendo em algo que vai de encontro à tipificidade da raça e a sua plena inserção e adaptabilidade a região. Tanto não somos contra as raças acima citadas que pelo menos, no tocante aos Dorper temos tido campeões na própria FEINCO. O que afirmo é a inviabilidade do cruzamento dessas raças para termos uma melhoria de carcaça. Há que se encontrar e já estamos conseguindo esta melhoria sem que para isso precisemos "lanar" o Santa Inês.
As perspectivas de mercado: são as melhores. Se não bastasse o mercado interno, o qual não conseguimos suprir, ainda se nos abrem as portas do Oriente Médio para a exportação. Não temos um mercado no Continente Europeu por conta do protecionismo, mesmo assim já tivemos aqui alguns grupos portugueses interessados na compra de animais vivos e a serem transportados de navios. Faltou-nos volume. Temos e aí quando falo "temos" incluo todos os produtores brasileiros, que sermos mais profissionais e além de melhorarmos a nossa produtividade termos em "estoque" volume que possa suprir o mercado externo. O Brasil tem o mundo aberto ao seu produto. O mercado é amplo, é convidativo e principalmente "está à procura", o consumidor finalmente passou a procurar o produto. Quer seja pela sua excelente palatabilidade quer seja pela sua qualidade no tocante a melhores índices no que se refere ao quesito "carne saudável". Como dizemos pelas bandas de cá: "do bode não se perde nem o BERRO!"
adizegio morais de oliveira
Sousa - Paraiba - Produção de caprinos de leite
postado em 14/04/2008
Meus parabéns ao Consultor Ricardo Rodrigues por sua avaliação corretíssima no tocante a ovinocaprinocultura no Nordeste. Onde cita que essa região necessita de grandes investimentos para melhor desenvolvimento dessa atividade, onde na verdade a maior parte da grande região Nordestina permanece sem incentivos governamentais para pratíca dessa atividade de grande importancia para o seu desenvolvimento.