Também pude observar o crescente movimento, em vários estados, de criadores buscando organizarem a cadeia produtiva para implantarem um projeto de produção de carne ovina. As vezes, em vôo solo, as vezes junto com outros produtores. Também os espaços na imprensa especializada cresceram e as empresas produtoras de insumos estão investindo no setor. Para somar, vemos governos criando setores ou Câmaras Setoriais para debaterem o assunto. Isto tudo acaba confirmando este sentimento positivo de que o agronegócio ovino está se encaminhando para uma nova realidade, para um novo patamar.
Segundo dados do IBGE o rebanho ovino brasileiro está em torno de 16 milhões. É um volume pequeno diante de todo o potencial que tem no país, mas é um rebanho que possui uma carga genética exportável, principalmente para países de clima tropical. Um dado que é interessante ressaltar é que diferente de pelo menos 10 anos atrás, hoje o setor ovino já pode falar que possui quatro vértices de negócios: a lã, a carne, a pele e o leite. Alguns mais estruturados como a lã e a carne, outros ainda carecendo de formação da cadeia produtiva. Mas os produtores são organizados no processo e devem chegar lá muito em breve.
O Rio Grande do Sul ainda lidera em volume de animais seguido da Bahia. Talvez não seja demais lembrar que foi o Rio Grande do Sul que no passado, melhor estruturou a atividade, principalmente porque estava focado na produção de lã, enquanto outros estados tinham rebanhos para consumo e alguma produção de carne e pele. Mas neste momento em que estamos muito próximos de iniciar uma nova edição da Feira Nacional Rotativa de Ovinos, a Fenovinos, que pela primeira vez acontece fora do Rio Grande do Sul, eu penso que seja importante dar um certo destaque para um estado que vem, ano a ano, organizando muito bem a sua produção ovina; o Paraná. Ele já é um dos principais produtores de grãos e de aves do país e pelo modo como trabalha, muito em breve também vai ser destaque nacional em ovinocultura. Por esta razão, foi muito justa a decisão dos associados em apoiar o pleito da cidade de Ponta Grossa/PR, para sediar esta Fenovinos que inicia no próximo dia 25 de maio.
O Paraná, segundo dados da Associação Paranaense de Criadores de Ovinos, Ovinopar, possui um rebanho estimado entre 550 a 600 mil cabeças (4,12% do rebanho nacional) conduzido por cerca de 9.700 produtores em aproximadamente 17.200 propriedades. Cerca de 94% dos criadores de ovinos são proprietários. Ile de France e Texel estão entre as raças mais utilizadas pelos criadores paranaenses, não obstante a Dorper e White Dorper e também a Poll Dorset tenham mostrado um significativo crescimento, mais recentemente. O maior interesse deles reside na exploração de cordeiros para abate e os maiores rebanhos estão situados nas microrregiões de Guarapuava, Curitiba (explicado pelo aumento da demanda nos grandes centros urbanos) e Ponta Grossa. Existem atualmente 10 plantas de abate de ovinos com inspeção SIF no estado.
Sobre o Paraná é importante mostrar também a sua maneira diferenciada de organização. Atualmente as oito cooperativas de produtores estão tornando a ovinocultura paranaense cada vez mais competitiva. Por outro lado, o agronegócio de ovinos assume caráter cada vez mais profissional e intensivo, visando a redução dos custos através da compra de insumos mais baratos, da padronização dos rebanhos e dos abates, além da negociação direta com o mercado consumidor (restaurantes e hotéis principalmente). Acredito que olhar para exemplos como este que estão acontecendo no Paraná, é ter uma oportunidade de aprender como se organiza uma cadeia produtiva ou pelo menos a produção de carne ovina. Por isto acredito que esta próxima Fenovinos tem tudo para ser um importante palco de discussões sobre o setor.
Nei Antonio Kukla
União da Vitória - Paraná - Consultoria/extensão rural
postado em 25/05/2010
Realmente a Ovinocultura vem ganhando destaque não só pelo surgimento de entidades como associações, núcleos, como também pela cresente demanda pela carne ovina, puxando consigo o crescente profissionalismo que vem entrando nas Estâncias afora. Esta última característica, sem dúvida é consequência do aumento pela procura do produto. As formas de organizações, independente do que forem a sua formalização, contribuem significativamente para a pujança positiva do setor, mas sem questionamentos, o cooperativismo é uma ótima maneira de unir produtores em prol de objetivos comuns, prova disso é o sucesso que a ovinocultura paranaense vem alcançando como detalhado nesta matéria, onde existem no Estado várias cooperativas do setor. Ainda, a diversidade com as receitas com carne ovina estão mostrando a sua qualidade e o sabor finíssimo mesclado com outros aromas, dentre os quais já pude provar o X-Ovino, em Guarapuava/PR e recentemente o Pastel de Carneiro (o correto seria Pastel Ovino) na Casa dos Pastéis em Joinville/SC.
Tudo isso, aliado ao esforço de criadores e técnicos, e vamos falar a verdade, o belo serviço que este portal Farmpoint presta com informações tem levado o Agronegócio da Ovinocultura a patamares brilhantes.