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A ovinocultura e o cooperativismo

Por Pedro Nobre
postado em 24/03/2008

8 comentários
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Analisando detalhadamente os últimos dados estatísticos oficiais do Censo Agropecuário do IBGE, pode-se concluir que a ovinocultura nacional passa por um período de realinhamento.

Existe um expressivo crescimento dos rebanhos nas regiões sudeste e centro-oeste, justamente as que orbitam os maiores centros econômicos do país e que invariavelmente, têm maior poder de consumo das especialidades culinárias que só o cordeiro pode propiciar.

À medida que os plantéis crescem, adquirem um novo perfil, com tendência a segmentação da cadeia produtiva, como já ocorreu nas de bovinos, suínos e aves. Esta especialização, em fases, faz com que o giro de capital se faça de forma mais constante, retroalimentando a cadeia, que ganha robustez e visibilidade, permitindo aos governos aquilatarem o enorme potencial deste segmento do Agronegócio Brasileiro.

Este procedimento por parte dos produtores mais tecnificados vem refletindo as respostas encontradas, no sentido de haver constância no fornecimento e a padronização das carcaças e dos cortes praticados. Ele também atende aos interesses dos frigoríficos, comerciantes e consumidores, que têm produtos de melhor qualidade em disponibilidade constante, além de conseguirem importantes economias no processo, pelo aumento do volume de negócios e conseqüente redução dos custos unitários, o que tende a ampliar as margens auferidas pelos produtores, gerando credibilidade para a produção local.

Ao mesmo tempo em que se constatam estas modificações no mercado doméstico, observa-se que, no mercado internacional, mudanças vêm ocorrendo também, de forma significativa. A redução dos subsídios à produção, a grande valorização das terras, a falta de interesse dos descendentes em permanecer no campo, problemas climáticos, sanitários ou ambientais são fatores plausíveis para justificar as reduções verificadas.

A verdade é que, a exemplo das outras cadeias produtivas de carnes, o Brasil tem demonstrado habilidade e competência para assumir posição de destaque na ovinocultura internacional, desde que consiga organizar convenientemente sua cadeia produtiva, para a competição mundial. A consecução deste objetivo passa invariavelmente pelo pleno atendimento das necessidades internas.

Nesse aspecto o cooperativismo, sem sombra de dúvida, tem papel de destaque, principalmente se for entendido como forma coletiva de realização das aspirações individuais.

Da exemplificação do feixe de varas, que nunca se quebra, até à visão mais moderna que dela se tem, surge conceito de cooperativa como empresa, que precisa ser eficiente e produtiva, que permite e viabiliza as pequenas produções individuais, oriundas de pequenas e médias propriedades (a maioria), para que estas também tenham seu lugar ao sol, seu quinhão nesse mercado emergente. Para que esse patamar fosse alcançado existiu um longo caminho percorrido.

Dessa forma, a cooperativa foi concebida e criada com o objetivo de resolver os gargalos do processo de comercialização, rompendo definitivamente com comerciantes oportunistas, sem visão global de mercado, sem a menor preocupação com os rumos desta importante atividade econômica.

Esta oportuna forma de associativismo que, atuando no mercado da carne ovina, vem abrindo seu espaço comercial, primando pela qualidade do produto ofertado aos consumidores, transformando desconfiança e incertezas em credibilidade entre os elos da cadeia. E, o que é mais importante, criando e desenvolvendo o saudável hábito de consumo na população, que em muitos casos ainda não conhece a carne de cordeiro.

Da porteira para fora, são muitos os fatores envolvidos. Citamos a elaboração das escalas de abate, junto ao frigorífico terceirizado, o atendimento às normas do Serviço de Inspeção Federal, a concretização de rotas de coleta para o transporte solidário de animais, o abate propriamente dito, com os cuidados requeridos pelas boas práticas de higiene para produtos de origem animal, a elaboração de cortes especiais, a embalagem a vácuo, o armazenamento na temperatura apropriada e a comercialização. Tais são as rotinas de que uma cooperativa tem de se ocupar, até gerar os recursos para retroalimentar o processo.

No que respeita a Procordeiro, a cooperativa em que milito, nem tudo foi um mar de rosas para se alcançar o tão sonhado ponto de equilíbrio financeiro. Foram necessárias muitas reuniões, encontros e, por que não dizer, trabalho e dedicação, que foram as ferramentas encontradas para driblar a inexperiência, buscar o conhecimento e afastar a descrença de boa parte dos produtores, que não acreditavam ser possível superar os fatores adversos da empreitada, associados à falta de crédito direcionado a atividade cooperativa e a inexistência de políticas públicas que permitissem alavancar o setor.

Acompanhando por diversas mídias a progressão do desenvolvimento da ovinocultura de corte, que prenuncia um crescimento sustentável para este segmento da agropecuária, cada vez mais me convenço da viabilidade do cooperativismo como a melhor forma de atuarmos no mercado, sempre tendo em mente o incontestável bordão: "A união faz a força!"

Saiba mais sobre o autor desse conteúdo

Pedro Nobre    Belo Horizonte - Minas Gerais

Produção de ovinos de leite

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Comentários

MARCOS LIMA BARBOSA

São Paulo - São Paulo - Produção de ovinos
postado em 24/03/2008

Gostaría de parabenizar o autor pelo artigo e perguntar-lhe onde fica a COOPERATIVA PROCORDEIRO e se é possivel ter acesso ao site e telefone afim de que possamos empreender uma visita .

Marcus Vinicius Galvão Loiola

Salvador - Bahia - Estudante
postado em 25/03/2008

Gostei muito do artigo e concordo com o autor no que diz respeito a importância do cooperativismo como alternativa para engajarmos no mercado cada vez mais competitivo. Se possível queria saber um pouco mais sobre a "PROCORDEIRO" e também sobre as dificuldades encontradas na fase inicial de formação de uma cooperativa.

Pedro Nobre

Belo Horizonte - Minas Gerais - Produção de ovinos de leite
postado em 26/03/2008

Prezado Marcos Barbosa,

Fico feliz que tenha gostado, a Procordeiro - Cooperativa Mineira de Produtores de Cordeiro, tem sua sede em Belo Horizonte, à rua Esmeralda 196, no bairro do Prado e funciona de segunda a sabado em horário comercial.

Nosso site está passando por remodelação e está indisponível no momento, mas se quiser agendar uma visita ou obter maiores informações é só ligar para (31) 25264583 falar com a Ana Paula.

Pedro Nobre

Belo Horizonte - Minas Gerais - Produção de ovinos de leite
postado em 26/03/2008

Prezado Marcus Vinícius,

A Procordeiro foi fundada em 2003, com o intuito de resolver o gargalo do processo produtivo, que é a comercialização, para que voce possa aquilatar as dificuldades, só dois anos depois conseguimos iniciar as atividades comerciais.

As dificuldades foram muitas, mas para enumerar apenas algumas poderia citar: falta de experiência para implantar uma empresa cooperativa, falta de jurisprudência nos orgãos oficiais, impossibilidade de se conseguir crédito, a inesistencia de frigorificos com licença para o abate regular de ovinos, falta de regularidade e volume de animais para abate, entre outras.

Arthur R. Jerosch Filho

Chapada Gaúcha - Minas Gerais - Produção de bovinos e ovinos
postado em 18/04/2008

Muito bom e oportuno o seu artigo. Parabéns. Espero sinceramente que seja viável o ingresso de novos associados em sua cooperativa Procordeiro. O Estado de Minas apresenta um ótimo ambiente edafoclimático para a ovinocultura, que não vinha se desenvolvendo muito, devido ao gargalo mercadológico, restringindo os produtores à categoria de pequenos. Nesse ramo da pecuária, é relativamente rápido o aumento de plantel, desde que se tenha a colocação não só dos cordeiros de classificação mais nobre, como também de matrizes e machos de descate, que aliás têem pouca procura.

Pedro Nobre

Belo Horizonte - Minas Gerais - Produção de ovinos de leite
postado em 18/04/2008

Prezado Sr. Artthur R.Jerosch Filho,

A proposta do Cooperativismo é a cooperação, assim o investimento nescessário para ingressar na empresa é muito baixo; atualmente de R$3.000,00.(três mil reais). Com esse valor talvez se consiga montar uma carrocinha de cachorro quente.
Quanto ao destino dos adultos, temos gestão junto a indústria alimentícia para elaboração de quibes e Hamburguer, que se encontram em fase final de teste de consumo e aceitação mercadológica, que será a redenção para todos os produtores, pois o descarte voluntário de matrizes deve ser de algo em torno de 20% do plantel ao ano.
É importante ressaltar que são muito poucos os produtores que se preocupam em fazer um plano de negócios antes de se aventurar na criação de ovinos e a comercialização associada a escala de produção nem sempre é contemplada, condição que faz que o gargalo realmente possa existir

fabio rogerio rizzi

Tapera - Rio Grande do Sul - Produção de leite
postado em 23/04/2008

Tenho criação de ovinos e caprinos em fase de implantação. Penso em fazer toda a cadeia desde a matriz, a cria, a engorda, o abate e a comercialização.

Quero fazer parcerias com produtores para viabilizar escala de podução e abate.O SISTEMA COOPERATIVO me parece um tanto lento nas tomadas de decisão diferentemente do setor privado que traz mais agilidade ao processo.

A experiencia da Procordeiro é muito interesante. Com sistema unificado de atenção à sanidade agropecuaria (SUASA) em pleno andamento em muitos municipios do Brasil a questão abate e comercialização pode ser facilitada o que pode permitir muitos empreendedores a entrarem no negocio da ovinocaprinocultura.

Pedro Nobre

Belo Horizonte - Minas Gerais - Produção de ovinos de leite
postado em 28/04/2008

Prezado Sr. Fábio Rogerio Rizzi,

O processo de tomada de decisão pode ser lento ou rapido desde que se tenha capital disponível para investir ou que o pessoal administrativo saiba exatamente que decisão tomar...

Na Cooperativa estes procedimentos fazem parte do aprendizado de todos, que se dispõe a participar e entender o mercado. A troca de experiências entre os cooperados tem sido muito produtiva e os resultados bastante positivos.

Desejo-lhe sucesso no seu empreendimento.

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