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Brasil - O "Brand" da madeira - a hora do "WoodBusiness"

Por José Luiz Tejon Megido
postado em 13/10/2009

5 comentários
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Para começar, o único país do mundo que tem nome de árvore é o Brasil. Portanto, uma inspiração lógica e natural. Brasil, a marca da madeira. Pau Brasil, artigo desejado por permitir a tintura vermelha (redwood). Aquele vermelho único, precioso, já poderia ser considerado anos mais tarde por Marx, como apenas mais um dos "fetiches" das mercadorias. O vermelho do pau Brasil era mais vermelho. E isso outorgava a quem o utilizasse no processo de tingir panos, a nobreza imperial e da força superior.

No passado era proibido brincar de ser nobre. Só fidalgos... (filhos de algo), poderiam dar-se ao luxo de usufruir do melhor vermelhão do planeta - do nosso pau Brasil, o pau-vermelho. Mas, de fetiche em fetiche, demoramos tempo para realizar que a sociedade terráquea é muito mais insensata do que, exatamente sensata. Nada pode ser feito contra os desejos, sonhos, ilusões, utopias, angústias, vontades, medos, profundas emoções, a não ser compreendê-las e transformar obstáculos, barreiras, problemas em oportunidades criativas - "canalização dos sentidos". Logo, chegou a hora de darmos a volta por cima nesse negócio do "sustentabilibusiness" (negócios fundamentados em sustentabilidade), e chutarmos em gol no melhor da nova mega onda que arrebata nosso minúsculo planeta. É a hora do bio-marketing: bio-energia, agricultura bio-dinâmica, bio-proteína, bio-fibras, bio-borracha, bio-tudo e o WoodBusiness, ou seja: o negócio da madeira. (O pau Business, para um querido amigo do "mato", que tenho).

Não adianta "sapatear", precisamos é transformar a voz mundial em negócios. Aliás, é espantoso saber que a loja do Mc Donald's que mais vende no mundo é exatamente a de Moscou (quem diria camarada!?). Logo, vamos ao showbusiness.

O clima é o pano de fundo, o aquecimento da terra, o ambiente. Árvore é o nome do negócio. E Brasil é a marca da árvore! Temos na Amazônia 4,2 milhões de km2, dentre os quais 17% já desmatados. O mundo tem um hiper olho nisso. E temos o bioma do Cerrado, que ocupa 24% do território brasileiro, são 2.047 milhões de km², com cerca de 50% já desmatado até 2008. Pelas contas, o Cerrado encolhe a um Sergipe anual.

Conhecemos, por outro lado, o progresso espetacular que pioneiros e cientistas realizaram ao promover uma alternativa eficaz de agricultura nessa faixa do globo. Conhecimento relevante para toda segurança alimentar da humanidade. Porém agora, precisamos usar a sensatez, naquilo que for possível, para nós, costumeiramente tão insensatos (ganhei um relógio marca "Peugeut" de um querido amigo, com a informação: pode mergulhar com ele até 30 metros, e eu mal sei nadar!!! mas é lindo!). Portanto, os consumidores evoluídos da terra clamam por biomas, e árvores. Vamos entrar firmes nesse negócio de florestas? porque não? o WoodBusiness é arrebatadoramente sensacional. Vejam alguns números: *mercado atual internacional: US$ 230 bilhões. Projeções do mercado até o ano 2025: quase US$ 1 trilhão no mundo. Posição brasileira: 3,2% desse total. Apenas para manter nossa participação precisaremos dobrar a produção de florestas nos próximos anos. O cliente pede, temos área, temos know how. E, graças, caminhos criativos: A Secretaria de Assuntos Estratégicos está propondo via incentivos, transformar parte da dívida rural, calculada por alguns em até R$ 130 bilhões, em sociedades de propósitos específicos SPE's, controladas por fundos de produtores, indústrias de papel e celulose e outros investidores.

A outra forma de alavancar o negócio da madeira seria através de parcerias de longo prazo entre produtores e a indústria, para a securitização dos recebíveis das dívidas, em mercados secundários. O Brasil tem hoje 5,3 milhões de ha em florestas plantadas e poderíamos crescer para 27 milhões. A expansão das florestas em áreas degradadas também poderia ocupar cerca de 13 milhões de ha adicionais.

E os preços, e o mercado? O preço da madeira teve valorização de 250% desde o ano 2000 e a base do negócio florestal tem crescido 6% ao ano, nos últimos 15 anos. Aí está um raro momento sensato. O mundo pede árvores, a madeira de florestas plantadas terá cada vez mais espaço na nova obra de arte dos desejos humanos dos novos reis do mundo moderno: O Rei consumidor. Temos uma dívida rural impagável pela forma clássica, que pode servir para alavancar esse novo e portentoso ramo de atividades, e - querem mais? Com regularização e atração de ONG's sérias como TNC - The Nature Conservancy, por exemplo, que diz: "estamos falando de uma remuneração por serviços ambientais prestados".(Ana Cristina Barros - representante da TNC).

Precisamos de uma estruturação de marketing moderna e competente em volta da madeira, da árvore, das florestas. Uma articulação de negócios, de distribuição de renda ao longo da cadeia produtiva, e social. Da inserção de pequenos. Da consideração do ciclo produtivo das árvores, muito mais longo do que das culturas tradicionais. E, do necessário mix de produtos, que permitam equilibrar negócios de ciclos mais curtos com os mais compridos nas propriedades das florestas. E, por onde começa o marketing? Pelas mentes e corações humanos. Nisso já nascemos com um "brand" pronto. Brasil a marca da madeira, da árvore, da floresta. O "WoodBusiness", não é mais assunto de "Robin Wood", o herói que roubava dos ricos para doar aos pobres. É tema de virtudes sustentáveis, evolutivas e rentáveis. O negócio agora é roubar o CO2, os gases que causam o efeito estufa na atmosfera e distribuir saúde à humanidade. E, se mesmo assim não quiserem entender, que seja então Brasil, o nome do Pau!

Fonte consultada: jornal Valor Econômico

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José Luiz Tejon Megido    Brasília - Distrito Federal

Mídia especializada/imprensa

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Comentários

Lincoln Correia

São Paulo - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 13/10/2009

Muito bem colocada a oportunidade que o brasil tem nesta área e muito pouco se fala nisso. recuperar áreas degradadas na região amazônica atraves do reflorestamento (teca,eucalipto e outras especies) daria para entrar neste mercado de madeira em demanda crescente e obter créditos de carbono. portanto uma área com madeira além da receita da própria ,poderá obter outra com o mdl.

Leonardo Mendez Costa

Niteroi - Rio de Janeiro - Produção de leite
postado em 14/10/2009

Qual seria a madeira de ciclo mais curto e economicamente viável, ou qual seria o projeto para se viabilizar a idéia do artigo?
Obrigado, gostei muito.

Resposta do autor:

Prezado Leonardo Mendes Costa,

Obrigado pelo seu email..... recomendo que voce busque uma informação florestal mais técnica. Temos o nosso eucalipto num ciclo de 7 anos, porém outras madeiras como a TEKA.. com um ciclo muito mais longo.... O que podemos esperar será uma demanda de madeiras para moveis, barcos, decoração e diversos fins acentuada ao longo dos próximos anos, essa diversificação de fins e de ciclos devem compor uma boa estratégia de plantios.. além dos acordos com industrias.

Voltei agora do oeste da Bahia... uma integração de boi + grãos + árvores, pode ser o equilibrios ideal para o negócio e para o marketing do negócio....

Grande abraço

Tejon

Breno Carvalho Pereira

São Paulo - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 14/10/2009

Prezado Tejon

Muito bom seu artigo. Pra variar, foi ao cerne da questão, para usar um termo bem do setor. Você que já tratou muito bem do assunto carne, desta vez dá tratos à bola sobre nossa timidez em relação a este recurso renovável que é um consumidor de CO2, enquanto produz madeira e outros produtos florestais.
A idéia é muito boa, temos que divulgar nossa aptidão para produzir árvores, pois é o que o mundo quer. Madeireiros, carvoeiros, mateiros, silvicultores, ambientalistas, uni-vos, é chegada a hora.

abraço

Breno Carvalho Pereira

Reposta do autor:

Prezado Breno Carvalho,

Obrigado pelo seu e comentário, realmente precisamos oferecer ao cliente o que ele anda desejando. E porque não? Aliás, se por nada mais uns eucaliptos nas propriedades rurais embelezam tudo e protegem do vendaval.

Proteína animal, vegetal e madeira, ótima combinação.

Grande abraço

Tejon

Gil Marcos de Oliveira Reis

Belém - Pará - Mídia especializada/imprensa
postado em 16/10/2009

Caro Jose Luiz Tejon,

Um belíssimo artigo que coloca as coisas em seu devidos lugares.

O que mais me impressiona, entretanto, é que no momento em que se fala de áreas degradadas a primeira lembrança de todos é a Amazônia, região menos devastada do país.

O Brasil é um país de áreas degradadas, a menor degradação, por incrível que possa parecer, ocorre na Amazônia.

Precisamos reflorestar sim, todavia, comecemos pelas outras regiões brasileiras.

Temos que aperfeiçoar nossa tecnologia e incentivar as indústrias de forma que possamos vender a madeira já industrializada, sem impedir a venda da madeira bruta que é um outro nicho de mercado.

O Marketing dos inimigos da nossa economia é muito forte, contudo, a ESPM é uma das grandes escolas de Marketing do nosso planeta e, talvez, pudesse partir dela um grande projeto de Marketing não só da madeira, mas, que envolvesse todos os produtos rurais brasileiros.

O resto do Brasil tem a mesma postura do resto do mundo com relação à Amazônia, é como a história do "macaco só olha para o rabo dos outros e se esquece do seu"

Gil Reis

Resposta do autor:

Prezado Gil Marcos de Oliveira Reis

Caro amigo, você acertou em cheio. Industrializar a madeira, mais valor agregado, melhor ainda, design etc.

E de fato, o que temos de desmatamento aqui no sul e sudeste é gigantesco mesmo sem contar a poluição terrível da cidade de São Paulo em si.

Mas, gosto muito do assunto madeira e da associação disso com o nome do Brasil, e outra curiosidade caro amigo. Muitos anos antes dos portugueses virem aqui, já havia nos mapas antigos uma espécie de uma ilha chamada bress ou coisa parecida, que era da língua celta e que tinha ligação com a palavra inglesa bless, significava benção. Ilha da benção. Teria sido atingida por um daqueles malucos navegadores solitários, um monge celta.

Era o Brasil, mais tarde a terra do pau Brasil, redwood.

Parece que a terra é abençoada mesmo.

Grande abraço

Tejon

Joabe Jobson de Oliveira Pimentel

Teixeira de Freitas - Bahia - Pesquisa/ensino/extensão/consultoria
postado em 11/11/2009

Gostei muito de esbarrar no vosso artigo, muito obrigado.

Tenho assistido muita gente falando em produzir madeira. Tenho alguns amigos e colegas de trabalho já plantando eucalipto, mogno, entre outros. Também já tive notícias de grandes plantios no Centro Oeste.
Apesar da tendência de crescimento do mercado internacional, com tanta gente plantando, será que teremos demanda suficiente?

Gostaria de ver uma análise mais detalhada da realidade do woodbusiness como por exemplo a contribuição atual da Amazônia para o mercado da madeira, qual a produção de maderia de um hectare de floresta amazônica típica, qual a tendencia realista de redução do desmatamento naquela região para os próximos dez anos, quais países teriam condições de aumentar sua produção de madeira e em que magnitude.

Obrigado pelas informações.

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