"Discussão de alto nível e de suma importância. A minha opinião é que a indústria está mais presente do que nunca na ovinocultura brasileira. Esta presença no entanto, deve ser melhor ajustada e assim fazer com que todos sejam beneficiados. Temos observado grande movimento em torno da cadeia produtiva devido aos altos preços do mercado, demanda crescente e ausência de cordeiros de qualidade para atender o consumidor.
Ao mesmo tempo nós produtores ainda tentamos buscar maneiras de aumentarmos a receita e cobrir os custos com a produção, mas ainda assim a conta é difícil de fechar pois não temos cordeiros suficientes para cobrir a folha de pagamento, os insumos (alimentação, medicamentos, manutenção, investimentos e etc). O que nos retira o lucro é a nossa própria ausência de produtividade, isto é, desmamar maior número de cordeiros do que o número de matrizes do rebanho todos os anos. Isto eleva muito nosso custo de produção e nos dá a falsa impressão de que a atividade não é boa.
A empresa frigorífica passa pela mesma situação com relação ao processamento da carne ovina. Trata-se de uma indústria que opera muito abaixo da capacidade de produção, porém, os custos fixos são altos e os problemas dentro das linhas são enormes em termos de manutenção, mão de obra, perdas e desperdícios, estoques e etc. O maior problema, no entanto, refere-se à impossibilidade de determinar uma rotina de abates, devido à falta de cordeiros de qualidade no mercado, com poucas exceções. Existe ainda, o fato dos abates utilizarem animais desuniformes, que viajam longas distâncias e muitas vezes fora das especificações. Nas linhas de abate é frequente verificarmos carcaças danificadas por facas e pelos próprios funcionários da linha, o que reflete em baixos rendimentos e queda na qualidade das carcaças.
Pessoal, se os produtores precisam melhorar muito os aspectos gerenciais e produtivos, os frigoríficos ainda tem que evoluir muito também. E rápido para poder acompanhar a velocidade da ovelha. Temos todos muito a melhorar, pois é impossível haver evolução se não houver comprometimento de todos. A Nova Zelândia conta com organizações poderosas como o New Zealand Meat Board e Beef and Lamb New Zealand, de propriedade dos produtores e totalmente integrado com o mercado, pesquisa e desenvolvimento, promoção da atividade e etc. As maiores empresas de abate, processamento e comercialização, são cooperativas de produtores. As empresas privadas trabalham dentro dos modelos estruturados para que todos tenham participação na cadeia de valor.
No Brasil muitas vezes temos que acompanhar os abates para não sermos lesados pelos frigoríficos. Por outro lado, frequentemente enviamos um lote de cordeiros para abate com pesos que vão dos 25,0 aos 45,0 kg. Quando não enviamos algumas ovelhas velhas no meio...
O mercado está aí e precisamos nos organizar, sentar e discutir, todos devem estar comprometidos e rápido!
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Pedro Alberto Carneiro Mendes
Fortaleza - Ceará - Consultoria/extensão rural
postado em 27/04/2011
Acredito que o maior problema enfrentado pela industria, seja a pulverização dos rebanhos, ou seja, muitos criadores explorando rebanhos muito pequenos, e sem sentido associativo, dificultando sobremaneira a constancia da oferta.
Se não vejamos, no Ceará onde o rebanho médio por produtor é de 34 cabeças e fossem atingidos níveis zooténicos médios teríamos que organizar 805 produtores para um abate de 30 animais dia. E quem vai organizar esse número de produtores. E o que significa para uma industria 30 animais dia.