Os chamados "peões" estão perdendo seu lugar, para os técnicos ou os bacharéis em diversas áreas. Capacitar é uma coisa, mudar culturas e conceitos arraigados na ignorância e nas crendices, é completamente diferente. Se o produtor rural não tiver alguém que se comprometa e entenda o que é uma empresa, e o que fazer para que a mesma dê lucro, não adianta ficar levando esses atuais empregados, para fazerem cursinhos. Isso não vai adiantar NADA.
Pode parecer pretensioso ou arrogante de minha parte, mas não é. Essa é a mais pura verdade. Hoje, após muito tempo militando na área, decidi mudar alguns conceitos. Na Fazenda Nevada, onde trabalhamos com 2000 matrizes, achei por bem, fazer um convênio com instituições de ensino, que me proporcionaram conhecer pessoas a ponto de se formarem e terem uma vontade enorme de aprender e melhorar.
São culturas e conceitos diferentes. Com isso, consegui reduzir drasticamente os óbitos de toda natureza, aumentamos o ganho de peso em confinamento, aproveitamento de alimentos e muitas outras coisas. Fizemos diversas substituições de profissionais e tivemos resultados imediatos. Sugiro que aqueles que possam fazer esses convênios, que o façam e que deem oportunidades aos mais jovens e dinâmicos.
Não pensem que em pequenas propriedades isso não é possível, pois os jovens estão sedentos por informação e dispostos a aprender em todas as esferas e lembrem-se de que, a ovinocultura profissional de corte, exige um grande rebanho e pessoal capacitado.
Sei que alguns lerão esse artigo e dirão que tem pessoas que podem fazer sem ser capacitadas. Entendo e até sei que existem alguns poucos. Poucos. A ovinocultura tem que pensar grande e não trabalhar com poucos ou para poucos.
E você leitor do FarmPoint? Qual é a sua opinião sobre este assunto?
KiLOViVO - Ovinocultura de precisão - (65)99784004
Tangará da Serra - Mato Grosso - Técnico
postado em 04/10/2010
Prezado Walter:
Sempre que leio as suas matérias, tenho a impressão de que estamos olhando e enxergando a ovinocultura de corte pela mesma "janela". Novamente considero a sua manifestação substancial e oportuna. Parabéns!
Aproveitando o "gancho", quero lembrar que qualquer atividade de produção animal ou vegetal PRECISA estar sustentada em conhecimentos científicos, o produtor querendo ou não, concordando ou discordando. Todo o ambiente que envolve o setor produtivo animal e vegetal vem evoluindo a passos cada vez mais largos nos três principais setores efetivos, quais sejam: sanitário, nutricional e genético. E a grandeza dessa evolução se deve, ÚNICA e EXCLUSIVAMENTE, aos resultados dos trabalhos CIÊNTÍFICOS nas áreas, principalmente, da genética, química, bioquímica, biologia, microbiologia e informática, as quais geram os novos conhecimentos de biotecnologia, nutrição, melhoramento genético e controle sanitário preventivo e curativo. Focando, apenas, a ovinocultura, será que, por exemplo, os recursos tecnológicos responsáveis pelo nível de eficiência atual dos processos produtivos australianos e neozelandeses são conseqüência dos conhecimentos práticos dos produtores tradicionais daquelas nacionalidades? Claro que não. A prática é conseqüência direta da aplicação certa ou errada de conceitos técnicos que, por sua vez, SEMPRE são forjados por conhecimentos científicos. Um exemplo claro desta afirmação é o que vem acontecendo com relação ao controle das verminoses dos ovinos: enquanto os técnicos especializados e os pesquisadores (cientistas) informam, publicam e repetem, exaustivamente, tudo novamente na esperança de que o produtor APRENDA, este, o produtor, dá-se ao luxo de, baseando-se nos conhecimentos com os quais nasceu e/ou adquiriu na sua forma empírica de conduzir o seu rebanho, opinar e criar manejos sanitários diferentes dos que seriam tecnicamente corretos, eficientes e necessários.
A conseqüência daninha mais grave do comportamento presunçoso e prepotente dos que já nasceram com a "sabedoria" de um ovinocultor não é o prejuízo monetário que provocam no fluxo de caixa do seu próprio empreendimento, e sim é sofrimento imposto aos indivíduos que formam um rebanho quando são vítimas da fome, das doenças e do desconforto ambiental.
TREINAMENTO e CAPACITAÇÃO da força de trabalho só produzem resultados se a administração do processo produtivo for conduzida de forma profissional e alicerçada em conhecimentos científicos adquiridos em bancos universitários ou, então, comprados de quem os adquiriu.
Um grande abraço.
***GiORGi***