Apesar destes fatores positivos, a atividade amarga forte concorrência externa, visto que 80% do mercado brasileiro esta nas mãos de outros países, principalmente do Uruguai. A explicação é simples: a histórica desorganização da cadeia produtiva inviabiliza a produção de cortes de qualidade na quantidade necessária, um problema cuja solução pode estar nas mãos do próprio ovinocultor. Se o produtor se organizar obrigará o restante da cadeia a fazer o mesmo e isso só não funcionaria se o produto em questão estivesse saturado, o que não é o caso.
Temos 80% do mercado para crescer. Então, é hora de agir. E a palavra de ordem é escala. Para tanto, alguns gargalos devem ser superados. Hoje, já contamos com raças especializadas na produção de carne, e que não estão presas à sazonalidade. É preciso cessar os cruzamentos indiscriminados e pensar um pouco mais nos acasalamentos realmente capazes de gerar melhor qualidade de carcaça. Avaliar adaptabilidade e conformação da(s) raça(s) escolhida(s) para a região em que está localizada a criação é fator primordial.
Na ovinocultura de corte, também é viável implementar estação de monta. A mais simples pode ser dividida de três a cinco meses, planejando para que o produto termine em períodos de maior demanda e remuneração. Intensificando o processo para duas ou três estações no ano, a produção de cordeiros torna-se constante. De quebra, permite conhecer os índices zootécnicos da propriedade e facilita o descarte de animais inférteis, borregas ruins de leite e carneiros que estão gerando consanguinidade. Uma escrituração zootécnica e financeira ajuda levantar os dados produtivos dos animais e controlar o custo/benefício do sistema de produção.
Controle sanitário é outro grande desafio. Sem manejo preventivo, o fracasso é inevitável na ovinocultura. Carneiros só demonstram debilitação no terço final de vida e mesmo quando salvos não recuperam a produtividade, isso porque, geralmente são atacados por poli-infecções de vermes gastrintestinais. Um reprodutor morto por verminose representa um prejuízo de R$ 2.600,00 em média, sem incluir as crias que deixaram de ser produzidas. No mínimo, devem ser feitas três vermifugações ao longo do ano.
O escalonamento da produção dá lucro e até pode retornar o capital investido no curto/médio prazo, dependendo da desenvoltura do negócio e as estratégias escolhidas. Há exemplos de produtores que conseguem faturar um pouco mais aumentando sua produção e existem aqueles que se associaram a núcleos ou cooperativas, recebendo bonificações na ordem de R$ 0,50-0,70/quilo vivo, segundo a cotação da região. Em contrapartida, os frigoríficos exigem um certo padrão de qualidade.
Ovinocultores mais ousados optam por fazer cria, recria, engorda e desossa na própria fazenda, terceirizando apenas o serviço de abate. O interessante dessa modalidade é que o valor agregado fica todo com o produtor. Exige um pouco mais de capital e um grau elevado de organização. Propriedades com este perfil já são realidade e, normalmente, abrem a possibilidade de parcerias para terceiros, na qual, fornecem reprodutores e, em contrato, comprometem-se adquirir toda a produção gerada, pagas acima dos preços de mercado.
A verdade é que as oportunidades para ganhar um pouco mais com a carne de cordeiro estão à disposição de todos, mas para aproveitá-las é preciso ter escala. E para ter escala é necessário planejamento.
marcelo carvalho silva
Lavras - Minas Gerais - Estudante
postado em 12/01/2010
Interessante artigo!
A carne de cordeiro é de um sabor impar.
Sou um grande apreciador e tenho muitas dificuldades em adquirir uma carne de qualidade na minha região (Sul de Minas).
A cultura da carne de carneiro chegou aqui a pouco tempo e cada vez mais as pessoas estão procurando.