Quando vejo Greenpeace, ISA, IPAM, USAID, TNC, CMI, dentre inúmeras outras entidades, extremamente preocupadas com o bem-estar, o conforto e o desenvolvimento dos brasileiros, fico comovido. Comove-me absurdamente ver como temos irmãos do Norte tão preocupados e dedicados a seus semelhantes aqui no Hemisfério Sul.
Estranha-me ao mesmo tempo o fato de a Europa ter desmatado praticamente toda sua floresta (mais de 99%). E estes mesmos países europeus, como a Inglaterra com sua WWF do empenhadíssimo Príncipe Charles, investirem tantos euros nas "questões ambientais" brasileiras.
Notáveis e extremamente humanistas tais iniciativas. O que me reconforta. Notável também verificar que a Holanda, país que mais envia ONGs ao Brasil, avançou 40% de seu território em lagos e mar adentro (os pôlderes) e que polui 16 vezes mais que o Brasil. Notável, interessante e questionável o porquê de tanta benevolência para com o Brasil. Será que o avanço continuado mar adentro não causa alguma perturbação ao meio ambiente? Acredito que sim.
Mas lá é a Holanda, e o país é tão pequeno. Coitados! Precisavam aumentar sua área territorial (pouco menor que o dobro do estado do Sergipe). Área territorial pequena, restrições climáticas e custo de produção elevadíssimo na agropecuária explicam toda preocupação e zelo de alguns países para com a preservação ambiental brasileira.
No Brasil, uma simples rodovia a ser asfaltada causa o maior "auê" entre ONGs, como o ISA, dentre outras. Um bom exemplo é a pavimentação da BR-163 (Cuiabá-Santarém), tão necessária àquela região. Será que é aceitável o condicionamento de toda uma região ao sofrimento, às dificuldades de deslocamento, ao atraso, à carestia, ao maior custo de produção, tudo isso motivado por pretensas causas ambientais?
No caso de estradas como as BRs 158 e 163, por exemplo, é muito melhor a pavimentação asfáltica do que deixá-las na terra, sujeitas à erosão eólica, laminar, com consequente assoreamento de córregos e reformas constantes de seu leito e de pontes.
O racional é a conciliação entre desenvolvimento e preservação ambiental, sem histeria ou interesses outros. Enquanto 32% das florestas do Planeta Terra estão preservadas aqui no Brasil, a Europa derrubou 99,7% de sua cobertura vegetal original. E estes mesmos é que vêm abelhudar aqui.
O Brasil é o terceiro país do mundo em área de cobertura vegetal natural. O primeiro é a Rússia, seguida pelo Canadá, que mantém extensas áreas preservadas, em suas gélidas regiões ao norte.
Tenho plena consciência das obrigações ambientais, um dever de todos, independente se habita o campo ou a cidade. Contudo, não sou favorável que não se derrube nenhum palito a mais em todo o Brasil. Como também não sou favorável que se mantenha o Código Florestal vigente, com todas as suas consequências, como deixar os 79% do Brasil para fins ambientais, estudos de biodiversidade, reservas indígenas e afins.
Se o Governo (Executivo e Congresso Nacional) decidir que o melhor para os brasileiros é manter a legislação ambiental vigente, que nos paguem (alguém deve pagar, sem dúvida), pelos nossos empreendimentos que ficarão com lucros cessantes, que nos paguem pelas nossas matas que ficarão intactas. Mudo minha profissão, e talvez até mesmo monte uma ONG financiada pela Inglaterra ou pela Holanda, e vou xeretar lá nos países deles. Se não fosse agrônomo, seria biólogo.
Seria interessante deixarmos os 79% do território brasileiro para preservação. E nos contentarmos com os 21% para abrigar as cidades e produzir alimentos. Estes 21% equivalem a uma área igual à soma dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. O difícil seria imaginar como nos alimentaríamos. Talvez o Hemisfério Norte nos forneça provisões. E não estamos sabendo.
Fizeram o que fizeram nos países asiáticos, no continente africano, em suas expansões colonialistas e agora vêm com barreiras comerciais escudadas por questões ambientalistas. E o que é pior: brasileiros a serviço deles. Ao menos se dizem brasileiros.
Infelizmente, neste nosso mundo, meu amigo, o que manda mesmo é o dinheiro. A libra esterlina, o euro, o dólar, a serviço das causas humanistas. Isso explica, então, como tantos brasileiros e estrangeiros estão empenhados na "defesa" de nosso meio ambiente.
Meio ambiente hoje é sinônimo de embargo comercial! Mero pretexto para restringir nossa produção e comércio. Um pano de fundo. De cada 3 kg de carne exportada no mundo, 1 kg é brasileiro.
Mas é isso, caro amigo.
O que eu quero para meu país, como brasileiro de fato, é o melhor para ele. Fato é que estamos produzindo em quantidade, com qualidade e competitividade. E isto incomoda!
(O amigo em questão é representante de uma conhecida ONG nacional).
Paulo E. F. Loureiro
Vinhedo - São Paulo - Produção de gado de corte
postado em 08/07/2009
Excelente artigo Fernando!
Absurdo é deixar parte do Brasil na idade média, outra parte sem estradas, outros tantos sem energia elétrica e muitos ainda com fome.
Como é possível tal código florestal?
E, que péssima representatividade temos no congresso e no senado da república.
Vejam o desajuste: param de vender carro devido à crise e ao invés de investirmos em transporte público, diminuímos o IPI e batemos recordes de vendas de carro, preservando assim os trabalhadores da indústria automobilística nacional. Isso é pensar no futuro?
Mas e os trabalhadores do campo? Que perdem emprego devido à dificuldade de trabalhar que hoje impera nos negócios da carne, da cana e dos grãos? Leis leoninas, fiscalização punitiva (deveria ter foco em orientação inicialmente), sem infra-estrutura, financiamentos que não saem do papel.
O plano real e nossa moeda estabilizada se dá à custa de alimentos bons e baratos e do superávit comercial do agronegócio.
Há muito o que mudar, e falta gente de coragem para assumir o lado de quem produz no Brasil.
Sou solidário, totalmente, ao seu artigo.
Um abraço,
Paulo E. F. Loureiro