O quê terá ocorrido nesta última semana para provocar a retomada de alta das commodities? Uma possível explicação vincula essa mudança a uma revisão de expectativas a respeito do crescimento mundial. O mercado havia se convencido de que a aceleração inflacionária iria forçar as principais economias (em termos de crescimento) a pisar no freio. A expectativa era a de que, terminada a Olimpíada, a China iria conter o ritmo de crescimento visando a controlar a inflação, que parecia preocupar as autoridades daquele país. A desaceleração chinesa representaria perda de fôlego para o resto do mundo.
No entanto, as informações que chegam ao Ocidente dão conta que a China está providenciando não só a retomada do ritmo de atividades que havia sido contido em preparação à Olimpíada, mas muito mais. Os jornais de hoje relatam pronunciamento do vice-primeiro ministro incitando os agentes econômicos a acelerarem o crescimento do consumo interno (51% do PIB) como alternativa à esperada queda das importações do resto do mundo.
Como referência, pode-se ter em mente que as previsões da Fapri, por exemplo, indicavam que as commodities agropecuárias - com exceção do açúcar - permaneceriam nos altos níveis do primeiro semestre a menos que, entre outras coisas, a China reduzisse seu crescimento para menos que 8,5% ao ano. A probabilidade de que essa redução se concretize diminui bastante com as informações desta semana.
Fica o problema, porém, de que o maior freio ao crescimento vem da limitação ao uso de recursos naturais: petróleo, minérios em geral, terra, água. Imensos investimentos são necessários para aumentar a oferta desses bens. Isso toma tempo, além de vultosos recursos. Ou seja, se fica mais difícil de a inflação ir embora, os preços altos vieram para ficar - até que a demanda mundial se ajuste à oferta.
Helvecio Oliveira
Belo Horizonte - Minas Gerais - Pesquisa/ensino
postado em 22/08/2008
Parabéns professor; fica a deixa para os pessimistas de plantão. Na europa um kg de filé é mais caro que um kg de Audi.