Em cinqüenta anos, 3,4 bilhões de pessoas dos países em desenvolvimento devem alcançar os níveis de renda, consumo, uso de energia e volumes de emissão de gases de efeito estufa (GEE) hoje existentes nos países mais avançados.
O argumento a favor da "mitigação" e contra a "adaptação" fundamenta-se na "urgência". Confesso que fico com medo comer peixe cru. A opção pela mitigação (adoção de metas) é, simultaneamente, uma falsa solução e uma anedota do ponto de vista da lógica. É falsa, porque para ser adotada implica o extermínio de toda a economia dos países em desenvolvimento; é uma anedota, porque se houver o extermínio, não haverá mais emissão de qualquer espécie, logo não há que se falar em mitigação.
O patético é que quando os líderes do planeta voltarem a se encontrar neste dezembro de 2009 em Copenhagen, eles mais uma vez abraçarão a mesma solução fracassada: promessas e mais promessas de corte drástico de emissões, que, como todos sabemos, não se concretizarão, pois são medidas que prometem além do possível a um custo de oportunidade altíssimo: apagar mais da metade da população do planeta. Serviço de gangster.
A novidade - pelo menos para nós, os bons selvagens da Região Amazônica - deve ficar por conta de um mecanismo chamado REDD (sigla em inglês para redução de emissões para o desmatamento e degradação ambiental dos países em desenvolvimento). A Floresta Amazônica vai brilhar com todo o seu encantamento. Sairá da Amazônia o "rentier" da floresta, pois a matemática é transparente: um hectare/ano de pasto rende U$ 200,00 (duzentos dólares por ha/ano), enquanto que um hectare de carbono estocado vale no mercado voluntário U$ 10.000,00 (dez mil dólares por há/ano), diz o Banco Mundial.
Estranho? É muito estranho, pois ou nós somos uns perfeitos idiotas para desperdiçar tamanha oportunidade de ganhar dinheiro sem trabalhar - seríamos "rentistas", lembram? - ou esse mercado não existe (a propósito, o ilustre leitor conhece, ou já viu alguém que viva da renda pelo "valor da floresta em pé"?).
Só mais um ponto: é importante dizer que a opção pela "vantagem comparativa" de termos floresta apenas pereniza o atraso. É necessário investir em grande escala em ciência e tecnologia, pois é a única alternativa ao congelamento mental que se pretende impor a nossa gente capaz de também mitigar os riscos do aquecimento global. A solução de impor metas de emissões (mitigação) é exclusão social pura e cruel.
A alternativa de investir em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é solução de inclusão social, afinal de contas dominar uma tecnologia é um ativo valioso para um povo, pois diminui a sua dependência em relação às outras economias.
Não podemos esquecer que é possível ainda investir nas duas alternativas P&D "já", e em grande escala, e cortes graduais de emissões (o "regime de adaptação", já previsto no texto da Convenção Quadro para Mudanças Climáticas da ONU, em 1992). É preciso fugir do lugar comum, da mesmice torturante (como diria Euclides da Cunha), do que é apenas aparentemente mais simples. Duas razões para tanto:
a) o combustível fóssil ainda é o único meio de fugir da pobreza para os países em desenvolvimento. O carvão garante metade da energia do mundo. Na China e na Índia, ele provê 80% da geração de energia, e tem ajudado os indianos e chineses a usufruírem um padrão de vida que seus antepassados nunca imaginariam possível. Não existe nenhuma "energia verde", alcançável, a curto prazo, que possa substituir o carvão;
b) cortes imediatos de carbono são bastante caros - e aqui, o custo supera substancialmente o benefício. Se o Protocolo de Kyoto tivesse sido implementado, teria havido uma redução insignificante de temperatura de 0,2ºC (ou 0,3ºF) a um custo de U$ 180 bilhões por ano. Em termos econômicos, Kyoto teria gerado 30 centavos de benefício para cada dólar gasto!
É preciso desafiar a estranha ortodoxia que sairá de Kyoto e desembarcará em Copenhague!
Helio Cabral Junior
Governador Valadares - Minas Gerais - OUTRA
postado em 15/10/2009
Parabéns!
Finalmente começam a se levantar vozes acadêmicas contra o flagrante "nonsense" de muitas mentiras convenientes apregoadas aos 4 ventos por "especialistas".
Vale lembrar que há poucos anos a "turma" do IPCC afirmava que o planeta seria assolado por secas terríveis devido ao aquecimento global, até que um "gênio" dissesse: -"esperem um momento, se o clima ficar mais quente teremos mais evaporação e com isso mais chuvas...", aí se deram conta de mais uma grande bobagem!
E este mesmo pessoal em final dos 70 e início dos 80 afirmavam que estariamos à beira de uma nova era do gelo!
As pessoas mais antenadas já perceberam uma mudança no discurso que até 5 anos atrás era: " O aquecimento global antrópico!". Hoje já é: "Mudanças climáticas globais causadas pelo homem!". Aos mais incautos pode parecer a mesma coisa, mas são bem distintas na verdade.
Com a ideologia de Goebells tornaram um gás essencial à vida no planeta ( o CO2 ) um poluente! Simplesmente desconsideraram o vapor d´água o verdadeiro principal responsável pelo "efeito estufa" ( mais de 75% ), pois como alegou o IPCC: " o homem não tem nenhum controle sobre a emissão do mesmo...".
Nos dizem que se o planeta aquecer a floresta amazônica irá morrer... ora, acabaram de encontrar salvo melhor juizo no Illinois uma floresta tropical fossilizada datada justamente do período carbonífero e chegaram à brilhante conclusão que o que prejudica florestas tropicais é o frio e não o calor!
Além do que, a floresta amazônica já estava luxuriante e faceira a 12.000 anos atrás quando tivemos um aquecimento de 9 graus centígrados em 10 anos ( isso mesmo, apenas uma década ) ao final da última era glacial e a floresta continua até hoje... ah, e os ursos polares também ( já estão no planeta há pelo menos 1.000.000 de anos quando se separaram do tronco dos ursos pardos ( grizzle bears ) e estão vivinhos até hoje.
Finalmente alguns pensadores tem a coragem de de gritar em alto e bom som "O rei está nú!" e mostrar a verdade: o norte quer manter a qualquer custo seu padrão de vida e para isso quer que nós não só mantenhamos o nosso, como regridamos no mesmo!
Já disse uma vez: se todos os habitantes do planeta tivessem o padrão de consumo da França ( que nem de longe é o maior consumista do planeta ) seriam necessários 5 planetas Terra para suprir os recursos necessários para tal.
Cordialmente,
Helio Cabral Jr