Sei muito bem o que enfrentaram essas pessoas. Venho de uma família de agricultores catarinenses e participei desse processo migratório. Da mesma forma que vivi o processo de colonização dessas terras, compreendo e defendo a importância de se proteger a floresta para as próximas gerações.
Por entender essa necessidade, como senador da República pelo estado de Rondônia, apresentei em setembro de 2008 um projeto de lei (PLS 342/08) em que defendo uma política de "Desmatamento Zero", válida pelos próximos dez anos. A íntegra desse projeto é de domínio público e seu acesso está disponível na página do Senado Federal.
Creio que é possível atingir esse objetivo, desde que haja incentivos reais para os produtores. Com a quantidade de terras já desmatadas na região, acredito que é perfeitamente viável produzir e lucrar a partir das novas tecnologias disponíveis, sem precisar derrubar mais nenhuma árvore.
O projeto já recebeu o apoio das entidades representativas dos pecuaristas e do agronegócio de Rondônia e de outros estados da região amazônica. Entendem estes produtores que o desmatamento não é a opção desejada, porém, falta apoio concreto do governo para que essas propostas sejam economicamente viáveis.
O presidente Lula já manifestou claramente sua posição sobre a importância de se evitar as queimadas e a derrubada das florestas, principalmente agora, em que vivemos a estação de seca amazônica. Quem mora em nossa região sabe que, de maio a novembro, ocorre a maior parte das derrubadas, em virtude do clima.
Portanto, acredito que devemos imediatamente aprofundar a discussão no Congresso Nacional e junto a toda a sociedade brasileira sobre o projeto do "Desmatamento Zero". Afirmo que será mais produtivo falarmos sobre uma proposta que já está tramitando e que reúne tratativas que, de uma forma ou de outra, vão ao encontro do que pensam tanto os representantes do agronegócio quanto os ambientalistas, que com razão defendem o fim do desmatamento.
A Amazônia hoje é prioridade nacional. Vamos dar condições de trabalho e renda para quem produz e teremos os melhores guardiões de nossas florestas. Sem hipocrisia, sem discursos vazios, mas com propostas concretas e vontade política, teremos plenas condições de resolver essa questão. E para as pessoas que estiverem de acordo com minhas propostas, peço que coloquem sua assinatura em nossa página na internet e colaborem para a aprovação dessas premissas, pelo bem da Amazônia e do Brasil.
Roberto Trigo Pires de Mesquita
Itupeva - São Paulo - Produção de Gado de Corte
postado em 03/07/2009
Acho distorcida a visão de que os pioneiros da Amazônia mereçam consideração superior aos que estão instalando suas explorações no século XXI.
Desmatar, não preservar as cabeceiras das nascentes e as margens dos cursos d´água sempre foi uma prática danosa fundamentada apenas na busca do lucro fácil que só será minimamente reparada se essas áreas, e não só na Amazônia, tiverem sua vegetação original obrigatoriamente restaurada em prazos curtíssimos pelos atuais ocupantes.
Mais do que olhar só para os novos desmatamentos e reformar a legislação vigente, cabe ao poder público exigir o cumprimento da lei atual, instrumentalizando o proprietário rural com os meios para recompor matas ciliares, florestas e, principalmente a área de Reserva Legal, seja ela de 20, 50, ou 80% conforme determine o velho ou o novo Código Florestal.
Assegurados os meios, apliquem-se aos infratores as penas da lei, preferencialmente sob a forma pecuniária com o efetivo emprego dos modernos mecanismos legais do bloqueio de ativos financeiros e penhora de bens online.
Instituídas as garantias pelo Estado de eficácia no combate aos crimes contra o meio ambiente, sejam eles praticados por qualquer agente público ou privado, como velho rurícola e pecuarista do sudeste (Itupeva-SP), tenho certeza de que a unanimidade da classe produtora nacional vai aderir de corpo e alma às propostas que contribuam para uma racional e economicamente sustentável exploração da atividade agropecuária no país, inclusive implementando por conta própria os necessários processos de auto-certificação das boas práticas agropecuárias, ambientais, sanitárias e trabalhistas em suas propriedades.