No Brasil há setores que pouco sentiram os efeitos da crise, devido à ações governamentais, como o automobilístico e outros que ainda sofrem grande instabilidade como o da cadeia produtiva de carne.
E no meio destas importantes mudanças, a ovinocultura é um ramo privilegiado, pois praticamente não sentiu os efeitos da crise, pelo contrário, está crescendo, em menor escala é verdade, mas de forma mais sólida e organizada. A crise na verdade, ajudou a limpar a cadeia produtiva da ovinocaprinocultura dos especuladores e oportunistas. É fato que eles sempre existirão em todos os ramos, mas tumultuam a organização das cadeias.
Para manter este cenário positivo, temos observado, principalmente no Estado de São Paulo, Paraná e Minas Gerais que os ovinocultores estão tendo consciência de que a união realmente faz a força e gera diminuição de custos, aumento de rentabilidade e do poder de barganha e de negociação.
Outro efeito da união é também a disseminação do conhecimento, por meio de dias de campo, palestras técnicas, treinamentos, seminários, simpósios, workshop entre outros, durante as reuniões que geralmente são mensais ou semanais.
A organização dos produtores na forma de grupos, associações, núcleos etc, exige que os seus integrantes sigam algumas diretrizes e possuam espírito de colaboração, compreensão, cooperação e dedicação.
É preciso que todos andem juntos, evoluam juntos e cresçam juntos. Não adianta um do grupo se destacar sozinho, porque, uma propriedade de 2000 matrizes é realmente grande nos dias de hoje, mas para produção de cordeiros, é um volume insignificante diante do nosso mercado consumidor.
Sozinhos somos fracos e vulneráveis. O produtor de cordeiro não tem à disposição muito tempo para negociar seus produtos, pois cada dia a mais no confinamento representa aumento de custo de produção. Outro fator é que no mercado, o cordeiro tem um intervalo de peso onde é mais valorizado, abaixo ou acima deste peso ótimo, o seu preço começa a ser depreciado. Portanto, o produtor de hoje além de produzir com eficiência, tem que ser um negociador nato, estar atento ao mercado, estar em frequente contato com os compradores de cordeiros e, num grupo unido é mais fácil dividir estas tarefas às pessoas com tais habilidades e afinidades, além de aqueles com perfil menos comercial irem aprendendo a desenvolver seu lado empreendedor.
Em grupos já estabelecidos, as compras coletivas de insumos, sejam medicamentos, vacinas, ingredientes para ração, sal mineral ou adubos, a economia pode ultrapassar os 10%, dependendo do volume, forma de pagamento e local de entrega dos produtos. Na hora de vender, se os cordeiros estiverem no mesmo padrão de qualidade (cruzamento, peso e idade), pode-se conseguir um ágio no preço de venda e/ou desconto de até 100% no frete. Somando-se estas duas vantagens econômicas é possível conseguir uma margem bastante interessante, representando queda no custo de produção e aumento da rentabilidade do negócio sem aumentar uma só cabeça no rebanho, sem diminuir a qualidade na nutrição, sem deixar de fazer a manutenção dos pastos ou cortar funcionários.
Está é a grande vantagem da união, e unidos somos mais fortes e ganhamos mais recursos para aumentar e melhorar ainda mais a produção.
É importante que tenhamos metas e objetivos para alcançarmos, e que também sejamos reconhecidos pelo nosso trabalho, pelos nossos produtos, sendo ainda mais importante chegarmos lá juntos.
Nelson Carneiro da Cunha Moreira
Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Mídia especializada/imprensa
postado em 24/10/2009
Prezado Rodrigo.
Concordo contigo que mais do que nunca, neste momento, é preciso que o produtor de ovinos se dê conta de que precisa se unir a outros a fim conseguir evoluir e crescer no mercado. Há regiões que estão conseguindo andar neste caminho, formando alianças mercadológicas e cooperativas. Há outros que não conseguem e talvez nunca o façam.
Achei interessante tuas colocações sobre custos. Podes me passar teus contatos para trocarmos uns emails?
Nelson