O que me desperta hoje a escrever o presente artigo é falta de lideranças à frente do setor, lideranças estas vindas lá de dentro da porteira, pois fora dela há muitas: seja elas apresentadas por profissionais da imprensa, de empresas, de técnicos ligados no setor, enfim, lideranças que contribuem para o desenvolvimento da cadeia produtiva mas que não têm "a caneta na mão" para decidir sobre o aumento ou diminuição da produção, optar por esta ou aquela raça, agregar valor ao produto carne, ou seja, os donos do negócio que são realmente capazes de fazer com que a ovinocultura desponte em todos os sentidos.
Durante o período de aproximadamente 4 anos assessorei um grupo de ovinocultores dando-lhes assistência técnica, promovendo dias de campo sobre piqueteamento e pastagens, indo a propriedade fazer toalete nas ovelhas prestes a parir e fazendo toda a demonstração das melhores técnicas de produção que coubessem a situação de cada propriedade. Vendo a atividade expandir, juntamente com este grupo tivemos a satisfação de fundar um núcleo de criadores e realizar três edições de uma festa chamada Festa do Borrego, a qual a nossa intenção maior não era naquele dia de festa vender a maior quantidade de carne, mas sim, divulgar o produto, demonstrar as várias maneiras de se preparar a carne e ensinar que carne de cordeiro (até naquele momento o povo local era habituado a comer carne de carneiro com gosto forte) não se comia somente no final de ano e sim o ano todo, desde que houvesse oferta.
Conseguimos excelentes resultados e a nossa campanha de marketing através da Festa, através da imprensa local e explicações sobre o que era um borrego ou cordeiro despertou o interesse dos consumidores em colocar a carne no seu cardápio rotineiro.
Por força de contrato, acabei me afastando da assistência técnica a estes produtores e hoje apenas forneço orientações esporádicas sem cobrar nada pelo serviço. Observo dificuldades dos criadores em se articular para continuar galgando passos largos na atividade. Alguns, mais interessados me procuram para auxiliar a organizar novamente a festa, que seria ou será a 4ª edição e ao começar fazer algumas perguntas percebo a carência de líderes para representar a cadeia produtiva e fazê-la negócio. Creio que este problema não se reflete em todas as regiões do país, pois há lugares onde tudo é espontâneo e os líderes surgem, ou são criados de forma a lapidarem-se dentro de uma realidade e encarar a atividade com desenvoltura e galhardia, fazendo dela um negócio certo.
Penso que hoje vivemos alguns problemas pontuais dentro da atividade em se tratando de recursos humanos (talvez o problema não é somente desta atividade), mas há uma enorme dificuldade para contratar mão de obra, fazer sucessão nas propriedades, ter líderes que representem os demais e assim por diante.
Cabe-nos fazer uma reflexão para ver o que pode ser feito para que não deixemos em algumas regiões a atividade regredir ou mesmo não ser explorada num potencial aquém do que é capaz.
João Luiz Lopes/Tecnovinos
Goiânia - Goiás - Ovinos/Caprinos
postado em 28/12/2011
Gostei muito deste artigo.
Se me permite, gostaria de acrescentar alguns itens que, também, penso ser de extrema importância para o desenvolvimento do setor, tanto de ovinos quanto de caprinos. Vejamos:
O profissionalismo. Falta objetividade do produtor/criador. A determinação, a positividade, o amor ao que se faz, aliados ao profissionalismo faz com que esta ou aquela atividade se decole e dispara ruma à acertividade, ao sucesso. Hoje estou afastado do setor, haja vista que foram várias tentativas, diversas reuniões, enfim foram quase 20 anos lutando pelo desenvolvimento da ovinocaprinocultura goiana e no final chegaram alguns "entendidos" e acabaram com tudo que havia sido feito. Mas deixemos isso para uma outra narrativa e voltemos ao que interessa. O país possui duas grandes raças de ovinos que poderiam ser ou tornarem o "boon" da produção de carne mundial de ovinos, mas insistem em copiar programas americanos e/ou australiano (programas já desgastados) para galgar espaço, no competitivo, mercado mundial. Hoje se fala muito em carne sem gorduras, produtos naturais e/ou organicos, temos todas as características e possibilidades de produzir um produto como tal, e oque está acontecendo? Estão vendendo o nosso material genetico para os americanos, para depois voltar a importá-los com preços "extratosféricos".
Pessoal do setor de organização (Associações e Empresários) acordem façam alguma coisa, não deixem "surrupiarem" o que temos de melhor. Criem/busquem maneiras de trabalhar todo esse material que temos à nossa disposição em benefício do setor. Não esperem que o governo faça alguma coisa, pois els só cuidam dos próprios interesses, de aumentartem a tributação, visando maior arrecadação.
Façam acontecer as atividades da ovinocaprinocultura. Não deixem que os outros façam isso não. Uma vez deixado de lado, nunca se tem novamente.
Obrigado pela oportunidade.