Nessa ambientação de globalização, a "agriwar" representa a guerra comercial, das percepções, da distribuição e da origem das matérias primas, entre os diferentes interesses competitivos no mundo.
A construção de valores, imagens, sejam fundamentadas em realidades, ou em ângulos parciais de realidades, ou na interpretação utópica de realidades desejadas, é o que caracteriza a necessidade da compreensão e da utilização dos conhecimentos de marketing à serviço do agronegócio. E, mais particularmente a serviço do marketing da produção agropecuária, propriamente dita. O dentro da porteira.
Sem a percepção da sociedade, do sentido e significado dos produtores rurais, e de suas novas missões de originadores de matérias primas em consonância com o "design" mental construído e desejado por consumidores e seus mais variados segmentos e nichos, as antigas soluções já não resolverão os modernos problemas e as mudanças em andamento.
Portanto, o combate na "agriwar" deve ser efetuado com ações concretas sobre a realidade, na legislação e interpretação tecnológica dos desafios ambientais, nas certificações, compromissos de qualidade, segurança alimentar e segmentação da originação; e a utilização dos instrumentos comunicacionais, publicitários e persuasivos; treinamento e sistemas de vendas e distribuição que realcem e agreguem valor na construção de modelos éticos e estéticos, ao longo da cadeia de valor do agronegócio.
O diálogo do agronegócio com a sociedade exige a transparência ao longo dos seus elos do antes, dentro, pós-porteira e além das porteiras das fazendas. As máquinas sendo retiradas do campo no Mato Grosso, nesse instante, por falta de pagamento, é um assunto que envolve toda a sociedade. E, mais diretamente, os fornecedores de equipamentos e seus clientes. A entrada de bancos privados, sistemas de seguro, fundos e armazenagem de safras é tema vital desse novo diálogo.
A priorização na construção de estrutura pós-porteira das fazendas, estradas, transporte, logística, portos, desburocratização, reforma tributária e outros expedientes sociais só caminharão em velocidade necessária para assegurar a competitividade do país com uma reconstrução de imagem do campo por parte da sociedade urbana, e uma compreensão clara de que o urbano e o rural estão umbilicalmente ligados, e que a nova classe média agrícola já existe; utiliza tecnologia de ponta, é informada, tem acesso à internet e vive mais nas cidades do que nas suas propriedades rurais. E, acima de tudo, que todos somos e estamos responsáveis pelo aquecimento do planeta, pelos distúrbios ambientais, e que a poluição do rio Tietê tem gravidade similar ao que ocorre na Amazônia, que gente vivendo em palafitas, com suas crianças nadando no mangue - na margem direita do porto de Santos, de onde parte o grosso do agronegócio para o planeta, é tão insustentável quanto o uso da mão de obra infantil nas fazendas.
Esse diálogo precisa esclarecer que agronegócio é a soma total dos movimentos financeiros do antes, dentro e pós-porteira das fazendas. E, que é exatamente no pós porteira das fazendas, na agroindústria, na distribuição, no varejo e nos serviços, incluindo seus supermercados e marcas de valor, onde encontramos 70% do faturamento de tudo o que chamamos "agronegócio". A agropecuária isoladamente significa algo em torno de 20% desse total, e os outros 10% são os insumos, máquinas e tecnologia para gerar a produção rural propriamente dita: adubo, sementes, defensivos, tratores etc.
Portanto o diálogo do agronegócio é ainda mais urbano do que rural, e os direitos e deveres precisam ser ética e corretamente distribuídos e liderados.
Sobre Núcleo de Estudos de Agronegócio da ESPM
O Núcleo de agronegócio da ESPM tem como objetivo levar o conhecimento do marketing para dentro das fazendas, ajudar na promoção da produção agropecuária do país, incentivar a valorização de produtores rurais e de todo complexo que o envolve a partir de estudos, pesquisas, cursos, seminários e livros. Atuaremos ao lado dos veículos de comunicação, a mídia, publicitários e jornalistas, nessa orientação. O núcleo ESPM objetiva atrair os agentes do pós porteira das fazendas, as agroindústrias e os agentes fornecedores de tecnologia do antes da porteira, para apoiar o marketing da produção rural do país.
Paulo Emílio Glucksberg
Sinop - Mato Grosso - Produção de ovinos
postado em 06/01/2009
Parabéns a José Luiz Tejon.
Moro em Sinop - Mato Grosso sou criador de ovinos e filho de agricultor.
Gostei muito do artigo escrito pelo José, concordo que somente dessa maneira, valorizando o campo e a sua produção, que o Brasil irá andar no rumo certo!
Meus parabéns ao coordenador e a esse núcleo de estudos, eu acho que é por ai mesmo!
Abraços!