A ILP foi desenvolvida visando a produção de grãos, de forragem para a Entressafra (maio a outubro) e deixando um resíduo de palha para o plantio direto, técnica imprescindível para sustentabilidade agrícola. Em 1991, lançou-se então o Sistema Barreirão e uma década mais tarde, com o acúmulo de experiências, e um banco de dados satisfatórios, lança-se o Sistema Santa Fé, em 2001, (que serão descritos adiante).
Até a década de 70, o oeste baiano era muito pouco desenvolvido no setor agropecuário, apesar de um apogeu com a "cera de carnaúba", carne de charque e rapadura. O setor passou por fases eufóricas com a soja, maior e mais bem estruturada cultura da região até hoje; grãos antecedentes, como arroz, alternados como milho, sorgo e milheto; a era da fibra do algodão e seus sub-produtos, ainda em expansão; a fruticultura que vive um momento de reestruturação diante das novas realidades econômicas e logísticas; o café, que passa por uma boa fase; e a agro-energia (mamona, girassol, e outras que é tecnicamente bom negócio).
Mas a atividade que, inquestionavelmente, encontra-se no oeste baiano e em sua totalidade territorial (os 38 município) é a produção de grandes e pequenos ruminantes, indicada pelo Anualpec já por dois anos como as 6 melhores regiões para pecuária no Brasil, além da avicultura e suinocultura, que encontram ali sub-produtos e localização estratégica.
Devido a pressão do preço da terra em outras tradicionais regiões produtoras do país, pelo avanço da cana de açúcar e da silvicultura (eucalipto), atualmente o oeste baiano, se desponta no cenário nacional como uma das melhores regiões para estas atividades. Clima, solo, infra-estrutura de suporte e processamento, localização geográfica estratégica, fartura de produtos e sub-produtos da agricultura da região, baixando os custos de transporte. E mais recentemente a sensibilidade e percepção de jovens empresários inseridos no agronegócio, política, tanto a nível estadual como federal, da necessidade de apoiar a região, os heróis da epopéia, sanando dívidas, custos tributários, permitindo tranqüilidade fundiária e institucional, de modo que esse desenvolvimento seja contínuo, sustentável econômica, social e ambientalmente seguro e progressivo.
No início dos anos 70, com a vinda de colonos, em sua maioria sulistas, com experiência na produção de grãos, com o PRODECER (Programa de Desenvolvimento dos Cerrados), com a vinda da cooperativa Cotia, e dos colonos filhos de japoneses, foi que ocorreu, principalmente nos 12 municípios do "Gerais" cerrado baiano, uma grande abertura de áreas, que antes, por suas características geológicas (solo fraco, alto teor de alumínio entre outros fatores), eram tidos como inóspitos a produção. Já nos 28 municípios do Vale, predominava-se a pecuária extensiva, "extrativista" caracterizada por índices de produtividade hoje em dia incompatíveis com a rentabilidade exigida da pecuária e com um produto fora do que o mercado anseia.
Atualmente existem propriedades tanto no cerrado como no vale, atuando isoladamente, seja na agricultura ou na pecuária com bons rendimentos, compatíveis e até mesmo superiores às melhores médias de produtividade nacionais e até internacionais de regiões de agropecuária mais desenvolvida e até de clima temperado. Na média, entretanto, os rendimentos ainda são baixos, seja pela insustentabilidade do atual processo de monocultivo, seja pelas imperfeições no gerenciamento, cambio e instabilidade econômicas passadas.
A exploração isolada, de agricultura e/ou pecuária, tem evidenciado não ser sustentável a médio e longo prazo, ficando evidente nesta última década. Isso devido a inúmeros fatores. Desde os relacionados com o meio-ambiente, passando pelos fatores técnicos até a necessidade de otimização da propriedade agropecuária diante do alto valor de recursos imobilizados, exigindo uma responsabilidade, sustentável em longo prazo para justificar a imobilização do capital.
Muito se tem dito e feito com relação à bovinocultura em integração com a agricultura, mas apesar de ainda incipientes as experiências com a ovinocultura, que encontra neste bioma condições edafo-climáticas muito interessantes, se vê nesta atividade um potencial muito interessante. Há também a integração de conhecimentos multi-disciplinares (biólogos, engenheiros, agrônomos, médicos veterinários, zootecnistas entre outros), a possibilidade de conservação do solo, aumento de produtividade tanto agrícola como pecuária, melhor aproveitamento da propriedade ao longo do ano, diminuição dos riscos econômicos, inerentes à atividade agropecuária pela diversificação de atividade no mesmo imóvel, otimizando benfeitorias, equipamentos e a própria terra, mantendo-se produtiva por mais tempo, e em conseqüência a menor pressão por abertura de novas áreas para agropecuária, feita de forma indiscriminada (sem o devido planejamento) e sem parâmetros técnicos, científicos, econômicos e conservacionistas na região.
Diante deste quadro, surge a ILP - Integração Lavoura X Pecuária com ovinos, como uma evolução natural do processo, que representa um avanço importante para a sustentabilidade da agropecuária do oeste baiano agregando valores, aumentando a produtividade, diminuindo os riscos das duas atividades, reduzindo custos de produção, culminando na manutenção do homem no campo, gerando riquezas , empregos e preservando o ambiente.
Um grupo de empresários, técnicos e a associação local Caprioeste, estão envolvidos em validar essa técnica para a região, gerando escala e tornando-se um grande negocio no Oeste Baiano.
Aguarde a publicação da 2ª parte desse artigo.
Pedro Rego Leite
Maceio - Alagoas - Produção de ovinos
postado em 28/12/2006
Excelente fonte de informação para os que se dedicam à criação de ovinos. Parabéns!