Estes meios utilizados não são de fácil acesso ao pequeno agricultor, e mais, a capacidade de interpretação, devido à escolaridade predominante destes componentes da cadeia, não permitem compreender, ou apreender e adotar as técnicas divulgadas com direcionamento de massa.
Conforme Gastal (2001), Ivan Sérgio Freire de Souza publicou uma pesquisa realizada em 1985 que mostra que 56% dos pesquisadores do setor público raramente se encontravam com produtores; 87% raramente se encontravam com membros da indústria de insumos e processadoras, e, 84% raramente se encontravam com membros das agências financiadoras. Diante dessa informação, fica difícil acreditar que esses pesquisadores poderiam saber quais os reais problemas dos produtores rurais e quais precisariam de soluções tecnológicas, mais difícil ainda é imaginar que os pesquisadores saibam alguma coisa, ou tenham alguma informação sobre os pequenos produtores rurais e suas necessidades e conhecimentos naturais locais.
No meio rural, sobrevive ou se mantém lá, somente a elite, que ainda tem um pouquinho de sensibilidade econômica de investimento e de produção mas ainda assim deixa muito a desejar. A própria estrutura comportamental do rurícola é consequência das ações e atitudes das camadas mais privilegiadas, que influíram nos atos do trabalhador rural menos favorecido. São fruto de um meio pouco voltado para o futuro, muito preocupado com o agora, esquecendo-se das bases para o depois, é o imediatismo formando as bases de comportamento do brasileiro.
No Brasil existem mais de 4.000.000 de propriedades de produtores rurais familiares e estas representam 85% do todo, equivalente a 30% da área total, e a sua produção corresponde a 38% do total da produção agropecuária e 77% das pessoas ocupadas na agricultura brasileira são as que desenvolvem atividades na agricultura familiar.
Até recentemente, acreditava-se que a estrutura familiar de exploração rural iria desaparecer, mas, algumas evidências empíricas mostram que o capitalismo pelo agribusiness penetra antes e após a produção rural propriamente dita. Essa penetração tem sido fortemente no "antes" que diz dos insumos para produção (adubos, agrotóxicos, veículos, máquinas, etc.) e no "depois" (agroindústria, agregando valores aos produtos primários, intermediários, distribuidores, varejistas, etc).
Nos países desenvolvidos a concentração sempre maior das terras em poucas mãos não levou ao desaparecimento de exploração familiar. Como o capital busca o rendimento máximo, é natural que canalize-se para os setores anteriores e posteriores à produção, deixando a produção agropecuária basicamente familiar, mesmo porque a mão de obra, com o desenvolvimento, estará cada vez mais cara.(Lauschner,1994).
Das 7 milhões de propriedades rurais no Brasil, 93% ou 6.5 milhões são de pequeno porte e representam 25% da área total. Estas 7 milhões de propriedades são responsáveis por 42% do Produto Interno Bruto Nacional (PIB). Não serão importantes os 93% dos produtores do Brasil, ainda que pequenos?
As grandes corporações tentam manter o consumidor longe do conceito de que "o pequeno é belo", mas, a verdade é que a maior ocupação de mão de obra, a maior preocupação com o social e com o meio ambiente, e mais, a garantia da estabilidade do mercado, pela livre concorrência, são características de exercício profundo pelas pequenas empresas, muitas delas consideradas informais; aqui devemos incluir os pequenos produtores rurais os quais, não conseguem obter os benefícios, ou absorver as tecnologias desenvolvidas e divulgadas pelas instituições e empresas voltadas para o crescimento agropecuário, pelas razões, muitas já citadas.
Este importante segmento da cadeia produtiva rural (o nicho constituído pelos pequenos e micros produtores agropecuários) com a capacidade de oportunidade e de iniciativa de busca da tecnologia e de adoção sendo, apesar do sentimento de necessidade e desejo, quase nula, justifica-se pela baixa escolaridade.
O próprio produtor sem escolaridade admite a incapacidade de descobrir os caminhos e os meios de acesso à tecnologia por não estarem aparelhados e se sentirem limitados para a aquisição dos meios de divulgação dos produtos tecnológicos.
A argumentação mostra a dificuldade do pequeno produtor de obter pelos meios disponíveis (folhetos técnicos, publicações, mídia etc) e com os recursos próprios a informação necessária para o seu desenvolvimento, e, soma-se a estas dificuldades, a incapacidade de interpretação do material técnico e apreensão da tecnologia para daí pô-la em prática.
É necessário urgência na adoção de estratégias adequadas para propiciar oportunidades de desenvolvimento a este segmento agropecuário que se encontra fragilizado econômica e socialmente, e que, se assim permanecer estará à caminho de engrossar os problemas da periferia urbana.
A busca da sustentabilidade desenvolvimentista produtiva e social do pequeno produtor rural, sugere uma metodologia do marketing rural com sentido educativo, baseado na cultura local. A renda agrícola ao longo do processo de modernização caiu entre os pequenos agricultores, levando-os ao empobrecimento e ao êxodo.
O marketing rural, não tem sido aplicado para desenvolvimento produtivo direcionado ao produtor e a falta do desenvolvimento técnico do proprietário rural tem sido o maior entrave no sentido de elevar a produção e produtividade com base no micro e pequeno produtor rural, podendo ser ainda responsabilizado pelo grande êxodo rural ocorrido nos últimos trinta anos.
Explica-se essa idéia ao imaginar que se o homem do campo tivesse obtido tecnologia suficiente para aplicar na terra e dar suporte a uma qualidade de vida, no mínimo boa, não haveria razão para deixar sua origem e competência para se aventurar na cidade, o que se mostrou uma ilusão marginalizadora.
O marketing de agronegócio contempla apenas o cliente da área rural, ou seja, apenas trata do direcionamento específico para a aquisição ou venda do produto colocado no mercado, pelo agribusiness ao potencial consumidor como produtor já tecnificado.
Há necessidade de desenvolvimento de uma forma de transferência e recepção da tecnologia por parte do pequeno produtor desenvolvendo assim uma definição e conceito de marketing rural educativo.
Mais do que apenas teoricamente, uma metodologia de aplicação prática que resulte em recepção efetiva e aplicação de tecnologias resultando em produção e produtividade. Assim estaremos possibilitando ao dono da terra, (a posse de fato) a adoção da produtividade e o retorno a terra e à sua atividade primeira que é a competência natural do Brasil e de todo brasileiro hoje deslocado às periferias marginalizadas dos centros urbanos, provocando assim o retorno às origens geográficas e de competência natural.
A participação do pequeno e micro produtor, adotando tecnologia e buscando a produtividade pode ser benéfica para nossa economia a partir do momento em que seu excedente produtivo participar do mercado.
Destas considerações formulamos uma proposta para reflexão sobre o disponibilizar a informação da tecnologia produtiva desenvolvida por instituições e empresas de pesquisa e fomento para a agropecuária, baseados num sistema de marketing educativo tecnológico rural.
Assim aqui, é formulada a alternativa para o desenvolvimento de novos paradigmas como o marketing rural educativo com ênfase na Organização Comunitária a fim da manutenção cultural rural local.
Diante destas observações, voltamos ao centro da questão, que é a necessidade de desenvolver o pequeno produtor para que se sustente no local de sua origem e competência, com a produtividade necessária para a busca da independência.
Então como alternativa de melhoramento seria um marketing educativo direcionado e tecnicamente elaborado para o pequeno produtor, desenvolvido com a parceria do empresário de insumos em parceria com o estado e suas instituições de Pesquisa e Desenvolvimento, e ainda com o incentivo fiscal para a transferência de tecnologia, porem não há necessidade disto visto que o empresário de insumos agropecuários só tem a ganhar com investimento no marketing educativo, na forma de cartilhas básicas com informações facilitadas aos produtores e com dias de campo com o aprender a fazer fazendo.
Mas,existe um entrave maior e já comentado que é a falta de escolaridade do pequeno produtor, e isso não se consegue superar nem corrigir a não ser a longuíssimo prazo, mas quem quer isso? Não o poder com certeza, daí, a necessidade do marketing aqui ser direcionado sobre,e junto a técnica do ensinar a fazer fazendo, ação que é desenvolvida por empresas que promovem cursos de formação de mão de obra a contratar, ou na parceria com instituições, ou a própria fornecedora de insumos desenvolver um setor de marketing educativo rural.
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