Já abasteciam a União Europeia e hoje abastecem o Canadá, os Estados Unidos e um pouco da Arábia. Soma-se a isto o fato de a Austrália e a Nova Zelândia terem diminuído sua oferta ao mercado externo, devido às repetidas secas que aconteceram por lá. E o mais interessante é que não há perspectivas de um outro fornecedor externo tomar o lugar do Uruguai. O máximo que poderia acontecer é o Peru, que tem um rebanho próximo ao do Brasil, mas que exporta sua carne para outros mercados também.
Esta situação retrata bem o que nós da ARCO vínhamos falando há algum tempo. É preciso organizar a produção de rebanhos comerciais, de produtores de cordeiros, de confinadores e/ou "engordadores" de cordeiros porque muito em breve vai faltar produto no mercado. E esta falta traz um risco que é o de desestimular todo o sistema e desmontar toda a caminhada que já fizemos até agora. Creio sinceramente que não podemos voltar ao modelo do cachorro atrás do rabo, e devemos aproveitar esta oportunidade para discutirmos com toda a franqueza, o que vamos fazer para aproveitar este momento tão favorável para nós criadores. Sei que não estamos prontos para suprir o mercado local, mas que se verdadeiramente nos unirmos para listar as ações factíveis e lutarmos com todas as nossas forças para que isto aconteça, muito em breve teremos um outro cenário na produção de carne ovina.
Sei também que há por todo este Brasil, entidades, pessoas, pesquisadores, travando uma luta as vezes inglória, para mudar a situação do seu estado ou da sua região buscando construir uma organização mínima de produção de carne ovina. E que muitos estados estão criando programas de desenvolvimento do setor, por conta do Estado ou em conjunto com a iniciativa privada. Todos merecem elogios e parabéns. Mas está na hora de juntarmos todos em uma grande sala e começarmos a listar o que já sabemos que é necessário fazer, e por em prática tudo isto. Por experiência própria sei que a criação não é uma coisa matemática e que acontece como escrevemos no papel, mas, como já disse uma outra vez, é hora de arregaçar as mangas e partir para fazer. O mercado está hoje do jeito que sempre sonhamos, e realmente não creio que possamos mais uma vez, perder uma ótima oportunidade de virarmos a mesa e mudarmos o rumo desta prosa que vem sendo a mesma há muito tempo.
Nei Antonio Kukla
União da Vitória - Paraná - Consultoria/extensão rural
postado em 16/08/2010
Prezado Afonso:
Parabéns pelo seu ponto de vista apontando uma tendência não tão futura, mas que já vem acontecendo dentro da cadeia produtiva da ovinocaprinocultura. Esse ligeiro aumento pela demanda pelo produto cordeiro, aliado a possibilidade de agregação de valor, de transformação em produtos derivados como pastel de cordeiro, hambúrger de carne ovina faz com que vislumbramos um futuro promissor para a atividade. Isso tudo é compensatório desde que façamos a nossa lição de casa que nada mais é do que profissionalizar a atividade cada vez mais, acreditar que não temos uma propriedade em si, temos uma empresa rural nas mãos que deve atentar-se para as tendências de mercado e ir atrás do que realmente vai apresentar retorno. Paulo, ainda temos que salientar que entidades de classe como a Associação que tu comanda é de fundamental importância para fortalecer a cadeia produtiva.