Sem dúvida nenhuma ser o ministro da Agricultura no governo Lula foi e deve ser uma tremenda ressaca e uma fonte interminável de frustrações e decepções para quem tem a infelicidade de ocupar este cargo tão esvaziado.
Como é possível motivar o seu pessoal sem ter os recursos liberados, sem ter o poder e o reconhecimento do Congresso e, pelo que aparece, nem da Presidência?
Como é possível ver os seus departamentos e pessoal sendo expostos as críticas pesadas correndo até o perigo de serem secretamente ridicularizados nos círculos profissionais de agronegócios dentro e fora do Brasil e às vezes por isto muitos dos resultados das negociações internas e externas são pífios?
Como é possível aceitar a separação do MAPA e do Ministério de Reforma Agrária e Desenvolvimento Agrícola que de fato criou dois brasis agrícolas e que permite o uso político da reforma agrária e agricultura familiar num ministério com verbas vultosas e deixando a MAPA na fritura da miséria de não ter a liberação de recursos já aprovados e alocados em orçamento?
Como é possível não poder fazer um raio-X e diagnóstico objetivo nos dois ministérios da gestão e dos resultados reais obtidos através de gastos do dinheiro publico sobre a qual a sociedade não recebe qualquer avaliação isenta de poluição política e emocional?
O que mais preocupa é a ausência de líderes aptos e capazes de mudar a história e colocar um fim a debanda e desmanda na reforma agrária e o Incra, a falta de uma visão desenvolvimentista e de uma atitude de cobrar resultados e zelar pelo desperdício do dinheiro público.
Alguém que pode implantar uma política moderna para os agronegócios e fazer com que o Brasil volte a ser respeitado e admirado pela sua vocação e liderança mundial nos campos de agropecuária, agroindústria, meio ambiente e energético.
Alguém que defende e consegue implantar padrões internacionais no campo e na agroindústria, que promove as cooperativas como grande opção para o pequeno, médio e até grande produtor e / ou indústrias num sistema de verticalização e integração dos processos produtivos.
Alguém que não tem o rabo preso com ninguém, e que tem a coragem de enfrentar a área econômica, para que o país se levante como grande produtor agrícola que é.
Mas cada vez que surgem os candidatos para líderes agrícolas, ou eles são atraídos pelo poder, ou este (poder) consegue seduzí-los com promessas e dinheiro para que se mantenha a qualquer custo o "status-quo" e deixar tudo como está, e caso isto não cole, começa a fritura e o resultado final é uma tremenda frustração e sentimento de impotência para aqueles que querem o bem dos agronegócios do país.
A culpa é nossa em não termos identificado de maneira clara e transparente como queremos tocar a agropecuária e os agronegócios e não ter um nome de peso disponível e reconhecido que poderia mudar a história. Ou será que temos?
Jaerdil Oliveira Dutra
Mantena - Minas Gerais - Produção de café
postado em 22/11/2006
Concordo plenamente. Estamos pagando e vamos pagar mais 4 anos um preço altíssimo pela desfaçatez da classe política e pelo despreparo do povo para eleger seus representantes.