Afinal, alimentos, bioenergia e as commodities rurais consubstanciam a equação da sobrevivência, com crise ou sem crise, à medida que atendem às necessidades básicas da humanidade e à logística essencial de organização da sociedade e funcionamento dos setores produtivos. Assim, num cenário em que as dificuldades econômicas mostram-se ainda mais complicadas do que se apresentaram em outubro de 2008, com o agravamento diário da insolvência frente a títulos emitidos e créditos obtidos, cresce a importância da agropecuária como alavanca da recuperação.
Bom para o Brasil, dada sua grande vocação para o agronegócio, em face de suas características e diversidades, tanto de clima quanto de solo e imensas áreas agricultáveis, altamente férteis e ainda inexploradas. Portanto, não há duvida de que, se fizer tudo certo, o País não só vencerá de modo mais rápido a presente tempestade, como alcançará, no ambiente pós-crise, o patamar de líder mundial no fornecimento de alimentos e commodities agrícolas, solidificando sua economia, sustentando seu crescimento e atendendo à crescente demanda internacional por produtos comestíveis e energia de fontes renováveis e mais limpas.
De imediato, porém, considerando a retração do comércio exterior devido ao gigantesco gargalo do crédito, é prioritário estimular o mercado interno, que consome 80% da produção agropecuária brasileira, incluindo o etanol, suco de laranja, grãos, carne e leite, dentre outros produtos. Desse modo, o Governo Federal, com muito mais agilidade e eficácia do que vem fazendo, precisa fortalecer a demanda nacional, ampliando o crédito - para produtores e compradores -, reduzindo os juros e alargando os prazos de resgate. Estas são medidas urgentes, independentes de uma política agrícola mais consistente, de médio e longo prazos, da qual a Nação também se ressente. Dentre as providências pontuais, também é premente multiplicar o acesso ao seguro rural e viabilizar a produção dos agropecuaristas endividados (a dívida rural já supera R$ 140 bilhões!). Isto é inexorável, pois se não conseguirem plantar e colher, quebrarão de modo irreversível, além do impacto negativo no volume total da produção.
No entanto, o Governo Federal vem agindo com timidez e morosidade no atendimento às necessidades imediatas do agronegócio, subestimando o potencial do setor para abreviar a recuperação econômica. Tal postura contraria a lógica e até mesmo a abalizada recomendação da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Em seu relatório "Situação Alimentar na América Latina e Caribe", que analisa os meses de novembro e dezembro de 2008, período de internacionalização da tempestade financeira, a respeitada organização multilateral alerta: "Os investimentos na agricultura são uma política-chave frente ao cenário de crise, pois podem aumentar a geração de emprego e contribuir para a melhoria da oferta de alimentos produzidos localmente".
Não são apenas os reconhecidos especialistas da FAO que fazem esse correto diagnóstico. Diversos países da América Latina e do Caribe vêm adotando medidas específicas, como a facilitação do crédito, diferimento tributário para os produtos do campo, ampliação do seguro agrícola, melhoria da infraestrutura já disponível e integração das cadeias produtivas. É preocupante constatar que nações com potencial agropecuário imensamente inferior ao brasileiro vislumbrem com mais consciência a importância tática e estratégica do setor nesta conjuntura de dificuldades, bem como num cenário além do horizonte nebuloso.
Paulo Cesar Bastos
Feira de Santana - Bahia - Produção de gado de corte
postado em 06/05/2009
Prezado Dr João Sampaio
Embora o mercado externo seja importante e fundamental para o agronegócio brasileiro é importante saber :o que é aqui produzido aqui será consumido.
A carne bovina cujo fator elasticidade renda é próximo de 1 tem um enorme mercado potencial.O nosso consumo em torno de 36 kg/ha/ano permite um crescimento , vez que outros países,bem próximos, chegam aos 67 kg/ha/ano.
O mapa dessa nova estrada da boiada, começará a ser desenhado por uma melhoria contínua da renda média do povo brasileiro.Isso não pode parar.
O nosso futuro é agora.Podemos aproveitar a excelente oportunidade que temos de produzir alimentos em consórcio com oleaginosas para biocombustíveis.As nossas variedades de climas e solos permite isso , quase com exclusividade mundial.Aqui no Nordeste poderemos consorciar , não só a agricultura, mas também a produção pecuária, bovinocultura ou caprinovinocultura , com a utilização de oleaginosas como o pinhão manso e nossas palmeiras diversas entre as quais se destaca na Bahia o licuri ou ouricuri.
A pesquisa e o desenvolvimento poderá nos garantir a condição de liderar o mercado mundial de alimentos e de biocombustíveis, sem prejudicar o meio ambiente e evitando novos desmatamentos , com uma política para recuperar áreas de pastagens degradadas no Nordeste Brasileiro.O semi-árido que não é problema será uma solução.
Precisamos fazer a coisa certa da forma certa.Tecnologias adequadas e/ou adaptadas serão as ferramentas para o sucesso.Desenvolvimento pelo conhecimento.Interagir e integrar o saber acadêmico com uma extensão rural e tecnológica para levar a pesquisa à produção.
Precisamos compreender e entender o nosso Brasil como um todo, desenvolvendo estratégias compartilhadas e incentivando a cooperação entre os estados e as regiões.Inovar é preciso.
Nos países desenvolvidos e inovadores a mentalidade é da soma não zero e do ganha-ganha.Não se constrói nada sozinho. Acelerando o crescimento e levando o desenvolvimento às regiões mais carentes do nosso Brasil estaremos ampliando o mercado interno de forma sustentável para a produção agropecuária brasileira além de melhorar a qualidade de vida da nossa população.
Vamos avançar, o Brasil precisa crescer e vai vencer com cooperação,capacitação,comunicação, comprometimento e confiança.
Finalizando e lembrando para os mais urbanos :
O Sertão não virou mar mas produz a comida de quem vive na beira do mar.
Paulo Cesar Bastos é engenheiro civil e produtor rural