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O agronegócio ovino e a Copa 2014

postado em 21/08/2012

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Nelson Carneiro da Cunha Moreira*

A Copa do Mundo de 2014, que será realizada dentro de um ano no Brasil, parece distante do calendário de quem pretende acompanhar o evento como torcedor. Contudo, se o objetivo for participar economicamente de alguma forma, a preparação já está atrasada e precisa começar agora. A expectativa é que a Copa movimente US$ 10 bilhões em investimento no país, que eleve em 3% o Produto Interno Bruto (PIB) daquele ano, propicie uma arrecadação de R$ 700 milhões em impostos, que sejam contratadas 100 mil pessoas para trabalhar na preparação e durante o evento e que o País deva receber pelo menos cerca 300 mil turistas estrangeiros. Todos estes números dão a dimensão das oportunidades que devem ser criadas.

Os setores de comércio e serviços serão os mais beneficiados porque estarão na ponta final do consumo, mas há um grande potencial para os setores de produção garantirem uma boa fatia destes lucros que serão gerados ao longo destes quatro anos e que, em realidade, começam a ser injetados na economia em 2013, pois o Brasil sedia a Copa das Confederações que acontece antes da Copa do Mundo. Haverá oportunidades que vão desde a venda de produtos e de alimentos para os turistas até serviços de transporte e eventos, bem como o próprio turismo em geral.

Olhando por este prisma e sendo parte de um sistema de produção de alimentos é possível imaginar as imensas possibilidades de ganhos com esta oportunidade para o agronegócio ovinocultura. Ganhos estes que são não só financeiros como políticos e institucionais. Por isto, acredito que é extremamente importante para a atividade, participar de forma direta e indireta deste business chamado Copa do Mundo de Futebol. Mas, por incrível que pareça, não vejo qualquer movimento das principais entidades representativas do setor em articular ações que favoreçam esta participação. Nem da ovinocultura, nem de todo o agronegócio brasileiro.

Ao que parece, existe uma falta de visão sobre qual a importância de receber este evento e o que ele pode trazer de negócios antes, durante e depois de ser realizado. Até este momento houve um único movimento de iniciativa do Governo Federal, através do Ministério de Desenvolvimento, em chamar representantes do agronegócio para debater o tema. Mas isto já faz mais de dois anos. Creio que os representantes dos Governos e dos produtores deveriam sentar-se à mesa para formarem uma frente de trabalho em torno da Copa do Mundo. Uma frente cujo objetivo é elencar ações práticas de como o Agronegócio Ovinocultura vai participar da Copa, e de que forma vai obter ganhos com isto.

Acredito que a visão sobre este tema deve ser que a principal conquista desta ação seja um derradeiro ganho de espaço nos mercados externos e no interno, a partir de todos os países que nos visitarem ou mesmo dos turistas brasileiros, em relação aos produtos Made in Brazil. Estes produtos deverão ser reconhecidos pela excelência de qualidade, sustentabilidade e economicamente justos, desde o seu processo inicial, como o plantio ou a criação, por exemplo, até o processamento e a colocação nas prateleiras ou quaisquer outros locais de consumo.

É uma ação que precisa ser coordenada pelas entidades privadas, com suporte e apoio dos Governos, para não sofrer com a descontinuidade do processo, fato que ocorre por causa da troca política provocada por eleições. E é também um trabalho que deve ter metas e objetivos claros, passíveis de serem realizados e que envolva o maior número de pessoas, proporcionando aumento e manutenção de postos de trabalho e, principalmente, ganhos na renda a quem produz, esteja ele em que estágio estiver do sistema de produção.

Uma força tarefa deste nível pode ter como metas a serem atingidas até 2014, os seguintes itens:

- O aumento do rebanho ovino e dos seus sistemas de produção a fim de incrementar a oferta de alimentos sadios - carne e leite para a produção dos seus derivados - bem como de produtos oriundos da ovinocultura, como a pele e a lã;

- Estimular o fortalecimento da Extensão Rural, em todo o País para que todo o conhecimento produzido pela Pesquisa seja levado rapidamente ao campo;

- Estimular o fortalecimento dos grupos de criadores, do associativismo, das alianças mercadológicas, das cooperativas de produção, como forma de alcançarem os objetivos mais rápido e massivamente;

- Estimular a formação e qualificação da mão de obra, em todos os níveis de aprendizado, e de processos de produção (fiação de lã, artesanato, cortes ovinos, produção de lácteos, etc), a fim de obtermos uma padronização dos produtos finais;

- Estimular adoção de Boas Práticas de Manejo e fabricação de produtos visando atingir níveis elevados de produção sustentável;

- Criar campanhas de produção no campo e de consumo nos centros urbanos;

- Formar subgrupos de trabalho para que viabilizem a realização deste objetivo maior e a criação de fóruns de discussões entre todos os ovinocultores, para saber quais serão os outros objetivos a serem alcançados até esta data, de forma que todos que viajarem ao Brasil, durante os dois eventos esportivos, quando voltarem aos seus países, saiam com uma imagem de primeira grandeza da ovinocultura brasileira e que queiram seguir consumindo produtos oriundos desta atividade, feitos aqui no País.

Não parecem metas impossíveis. O que precisa para realizá-las é a tomada de consciência de que a atividade tem sim, total relação com este evento, e pode participar ativamente dele, fornecendo uma gama de produtos principais e secundários, levando a marca do produtor de ovinos, para todos os cantos do País e para o exterior. E para chegar lá, é só uma questão de querer fazer!

* Jornalista da Agropress Agência de Comunicação

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