Tabela 01 - Efetivo de Rebanho Caprino e Ovino no Brasil
Podemos observar na Tabela 01 que o Nordeste é a região que apresenta o maior rebanho do país com 91% e 56% do efetivo nacional de caprinos e ovinos, respectivamente, estando a região Norte em último lugar com 176.443 caprinos e 534.478 ovinos.
Isoladamente, o Estado do Pará é responsável por 41,7% do efetivo total da região Norte, com aproximadamente 94.507 cabeças de caprinos e 202.005 de ovinos (Tabela 02).
Tabela 02 - Efetivo de Rebanho Caprino e Ovino na Região Norte
O Pará lidera o ranking do Norte, como observamos na Tabela 02, sendo o estado de maior contribuição nos avanços da ovinocaprinocultura na região, onde são realizados vários eventos agropecuários que têm exaltado o setor de forma bastante louvável com a iniciativa de alguns produtores e associações. Outros estados, como o de Rondônia, têm demonstrado um crescimento acelerado no rebanho ovino com a compra de animais oriundos da região Nordeste e recentemente do Sul.
A acentuada emigração de criadores de outras regiões, e a consequente manutenção dos costumes regionais de origem, parece ter exercido grande influência na adoção dessa prática de criação no Norte do Brasil.
A condição de boas pastagens o ano inteiro e a grande extensão territorial expõem a vocação da região Norte para o agronegócio e o melhoramento genético regional amplia esse horizonte, gerando animais mais resistentes e adaptados. A criação de caprinos e ovinos por ser uma atividade lucrativa, de fácil manejo e com rápido retorno do capital investido, se apresenta então, como uma alternativa técnica e economicamente viável para a bovinocultura (setor de elevada expressão no Norte).
Observa-se, no entanto, no âmbito regional, que a precária estruturação do setor e a consequente falta de um programa de assistência técnica aos sistemas de produção, associados ao baixo nível de instrução do criador e ao pouco conhecimento dos métodos adequados de manejo reprodutivo, nutricional e sanitário, determinaram o surgimento de rebanhos com elevado grau de consanguinidade e baixa qualidade zootécnica. Vale ressaltar que na maioria dos criatórios, mesmo nas regiões onde já é intensa a ovinocaprinocultura, esses limitantes ainda persistem, principalmente por falta de mão-de-obra qualificada.
Entre os maiores entraves da prática pode-se destacar:
1 - Crescimento de forma desorganizada
2 - Abates clandestinos
3 - Falta de padronização de carcaças
4 - Falta de oferta regular
5 - Manejo deficiente
Sobretudo, a recente geração de novas tecnologias, o aprimoramento genético das raças e os resultados de pesquisas disponibilizados aos produtores, somados ao surgimento de algumas empresas de fomento, a organização dos programas de extensão e a crescente demanda de mercado, vêm incrementando aos poucos a produtividade dos rebanhos em algumas regiões, o que por consequência, despertou maior interesse junto a outros pecuaristas para essa prática.
É importante destacar o potencial existente na região Norte para a exploração de pequenos ruminantes e isso pode ser notado quando se observa de forma individual em grandes propriedades, empreendimentos exitosos com índices de produtividade bastante animadores. É importante ressaltar que o crescimento da demanda do agronegócio da ovinocaprinocultura no Norte ocorre no exato momento em que o país está se curvando ao sabor da carne de ovinos e caprinos.
Sabemos que poucos empresários do setor contam com investimento de um profissional qualificado, direcionando a sua criação ao melhoramento genético do rebanho e ao sistema de produção de carne e leite em grande escala mas, com a organização dos criadores e a entrada de mais adeptos ao setor, a ovinocaprinocultura na região Norte poderá atender a um amplo leque de consumidores, não só internos quanto externos.
Existem necessidades imediatas como melhoria nos sistemas produtivos, organização da oferta de matéria-prima e desenvolvimento de estratégias de marketing, porém ainda é preciso um fortalecimento das associações de produtores juntamente com as instituições de ensino, pesquisa e extensão, elaborando programas e projetos com o objetivo de difundir tecnologias de produção caprina/ovina relacionados com manejo, nutrição, sanidade, reprodução, melhoramento genético, dentre outros. Além disso, deve-se criar frigoríficos, com ênfase na estratégia de integração produtor/indústria, qualificar produtores e formar profissionais de caprinocultura e ovinocultura, através de módulos de capacitação sequenciais.
CARLOS AUGUSTO GARRIDO DO LAGO
Ananindeua - Pará - Pesquisa/ensino
postado em 01/02/2010
Prezado Amigo Caio
Gostei muito do teu artigo "O cenário da ovinocaprinocultura na região Norte" e concordo com o cenário colocado por você, no entanto tenho que te dizer que existe muito mais do que podemos imaginar, ou talvez não se consiga pensar num cenário pior. Os dados do IBGE estão equivocados com relação ao estado do Pará, te digo isso porque no último senso se quer os recenseadores chegaram à zona rural, no caso o Patrimônio e localidades num raio de 30 km de Irituia. Se ali é de fácil acesso e eles não foram você pode imaginar em outras localidades. Portanto o número de criadores é muito maior e como consequência o número de cabeças de ovinos e caprinos também. Por esse motivo é que existe a clandestinidade do abate da carne e outras mazelas. Não existe uma política clara deste setor para essa clientela, nem do governo nem das associações, e olha que as associações teoricamente é que estão mais perto de nós. E com isso vem o restante das consequências, a falta de veterinário, de zootecnista (que lá eles nem sabem o que é isso), de um manejo adequado para nossa região (que você sabe é muito peculiar), a falta de incentivos (para se ter um projeto aprovado pelo PRONAF tem que passar pela mão dos atravessadores), de uma série de coisas importantes para que se cresça nesse ramo. As dificuldades são imensas na zona rural, você não faz ideia. Eu que o diga. Eu tenho a te acrescentar, mas em uma próxima oportunidade conversaremos. Já sinalizei ao Bitar que precisamos correr atrás desses produtores e fazermos um "grande laço" para que sejamos fortes e respeitados no Brasil, isso leva tempo mas acredito que já deveríamos ter começado, só assim a cadeia da ovinocaprinocultura irá crescer. Trabalhos isolados como o que você faz na Caprinorte devem ser socializados a um custo acessível para o pequeno produtor (assessoria de um modo geral). Fazendo isso todos crescem, a cadeia fica forte, gera emprego e renda na região, os conhecimentos e experiências serão socializados, as mudanças de comportamento irão acontecer, as associações se fortalecem, enfim, como disse antes, é uma CADEIA.
Pense nisso amigo.
Um grande abraço.
Prof. Carlos Garrido