A ovinocaprinocultura está focada não somente na oferta de carne, leite e derivados, mas na produção de peles que ocupam espaço cada vez maior nos produtos de couros, sapatos, acessórios e artefatos de alto valor agregado e grande aceitação nacional e internacional.
A expansão do setor vem atraindo para a região investimentos de grandes grupos empresariais. Isso favoreceu a instalação de um moderno parque industrial curtidor, tecnologicamente atualizado, altamente competitivo e muito preparado para abastecer a indústria calçadista brasileira e enfrentar o competitivo mercado externo.
Atualmente o rebanho brasileiro de caprinos e ovinos é estimado em 30 milhões de cabeças, o equivalente a 3,3% do efetivo mundial, que soma mais de 990 milhões de animais. Desse total, o Nordeste possui ao redor de 12 milhões de cabras e um rebanho de 9 milhões de carneiros deslanados.
Essa produção é insuficiente para atender a demanda brasileira.
Além disso, cabe assinalar que a pele de carneiro deslanado (ovino) do Nordeste é um produto nobre pelas suas propriedades de maciez, resistência e elasticidade, possuindo valor comercial superior à das ovelhas do sul que são utilizadas para lã ou forro devido à sua baixa resistência.
Entretanto, a evolução desta importante atividade encontra pela frente obstáculos em seu próprio ritmo de crescimento. Isto porque, os curtumes da região investiram e capacitaram-se para processar 12,2 milhões de peles por ano, enquanto a produção local de matéria-prima produz pouco mais de 8 milhões de peles brutas anuais.
Com esse déficit as empresas instaladas na região são obrigadas a importar 5 milhões de peles. Essa aquisição externa é importante para cobrir a capacidade ociosa dos curtumes. Até porque a indústria brasileira tende a ocupar um espaço cada vez maior na linha de sapatos de nível médio alto no mercado internacional. Esse fato provoca a maior aquisição externa de peles, além da tendência crescente de maior demanda interna para fabricação de sapatos femininos para exportação.
Inexplicavelmente uma determinação passou a tributar as importações de wet blue - a matéria prima básica para o processamento de peles -, com a incidência de uma alíquota de 8%, o que compromete o esforço produtivo e a competitividade das empresas.
Neste contexto, o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), entidade que representa os 800 curtumes que processam o couro e movimentam US$ 1,4 bilhão anualmente - está propondo a diminuição da alíquota incidente sobre a aquisição externa de peles.
A medida beneficiaria a duas importantes vertentes da cadeia produtiva. Em primeiro lugar, para a indústria curtidora nordestina que seria estimulada a aumentar seus investimentos e gerar novos postos de trabalho na região; e em segundo, a indústria calçadista brasileira que teria uma matéria-prima a um custo competitivo para a produção de calçados.
Com isso, o segmento curtidor brasileiro tende a ocupar espaço cada vez maior no processamento de produtos acabados. Afinal, a atividade requer grande volume de investimentos e um elevado custo de operação - de modo a atender as exigências de qualidade do mercado consumidor, na aquisição de equipamentos, contratação de pessoal capacitado e no controle dos impactos ambientais.
Neste contexto, a isenção das importações pode contribuir significativamente para oxigenar a economia regional, mas concorre também para que a cadeia produtiva de caprinos e ovinos do Nordeste empenhada em ver reconhecida as suas vantagens comparativas, se consolide um forte pólo exportador de produtos acabados, de alto valor agregado.
Afinal, a indústria curtidora possui todas as condições para que o País reforce sua posição de liderança nos mercados internacionais, promovendo maior ingresso de divisas em moeda forte e a abertura de novos e qualificados postos de trabalho.
Ronald Peach
São Paulo - São Paulo - Produção de ovinos de corte
postado em 25/09/2006
Senhores,
A despeito de tudo que se fala da qualidade das peles de ovinos e caprinos, tenho enviado e-mails para varios curtumes, alguns até especializados perguntando sobre o interesse por peles e nem resposta tenho recebido.
Conheço varios criadores do sudeste que quando perguntados o que fazem com as peles dos animais abatidos, respondem "jogo fora". Alguns mais otimistas
dizem que estão guardando, mas desconheço quem tenha conseguido vender.