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O inferno sobe à Terra (I)

Por Carlos Arthur Ortenblad
postado em 28/11/2006

9 comentários
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Não sou uma pessoa propriamente religiosa, embora respeite a religiosidade alheia. Na verdade, tenho admiração por aqueles que têm Fé. A vida espiritual destas pessoas certamente é mais rica que a minha, e a existência delas, mais leve.

Espero, portanto, não estar sendo demasiadamente dramático ao sugerir àqueles que têm Fé, que se preparem para algo similar ao bíblico Dia do Juízo Final.

Cronologia recente da catástrofe anunciada:

- 1987: Uma Comissão da ONU (Organização das Nações Unidas), criada para discutir questões de desenvolvimento e meio ambiente, sedimenta o conceito de "desenvolvimento sustentável", no relatório "Nosso Destino Comum".

- 1992: Sob a égide da ONU, representantes de governos, de ONG(s), e de entidades diversas, reúnem-se no Rio de Janeiro (Eco-92), onde propostas de "desenvolvimento sustentável" são discutidas, e é preparado o caminho para o Protocolo de Kyoto, que ocorreria cinco anos depois.

- 1997: A Eco-97 é realizada no Japão, quando os países participantes da Convenção da ONU de Mudanças Climáticas, assinam o Protocolo de Kyoto. Este Protocolo é um acordo que fornece normativas, e limita modelos tradicionais e agressivos de desenvolvimento, em relação ao Meio Ambiente. Para ser palatável a todos, tenta estabelecer essa transição de modelos de crescimento econômico, através de mecanismos de mercado.¹

- 2000: São estabelecidas as "Metas do Milênio". Países-membros da ONU assinam um acordo com diretrizes para alcançar-se "desenvolvimento sustentável" no mundo, já em 2015.

- 2005 / 2006: Reina a descrença nos países-membros da ONU. Muitos duvidam que, mesmo se fossem implementadas a totalidade das normas estabelecidas no "Protocolo de Kyoto", e por todos os países, se isso seria o bastante para reverter a rápida deterioração do Meio Ambiente, especialmente as relativas ao "aquecimento global" do planeta. As metas estabelecidas para 2015 já são consideradas inexeqüíveis e inalcançáveis.

- 2006: Pela primeira vez são apresentadas provas incontestáveis de mudança climática na Terra, como o aumento constante de temperatura (com picos de ondas de calor), e furacões extremamente violentos, e cada vez mais freqüentes. O que era exceção, passou a se tornar regra. E também, pela primeira vez, um estudo abrangente sobre os custos de evitar o aquecimento global é realizado. Sir Nicholas Stern chefe do serviço britânico de pesquisas econômicas, divulgou em 30 de outubro, um extenso trabalho cujas conclusões básicas são:

(I) Mudanças drásticas no clima, poderão levar, em pouco mais de duas décadas, a uma falência da economia mundial, como a conhecemos hoje, e....

(II) O custo de se manter a emissão de gases que causam "efeito estufa" em níveis aceitáveis, custaria cerca de 1% do PIB mundial, até 2050. Este estudo é, naturalmente, controverso. Para alguns, alarmista. Mas ninguém nega a seriedade e a competência com que foi realizado.

A bem da verdade, o clima em nosso planeta teve variações extremas ao longo de sua existência. Há 50 milhões de anos atrás, não havia gelo nos pólos, e crocodilos habitavam a região onde hoje é divisa entre os EUA e Canadá. Há apenas 18 mil anos atrás, algumas partes do globo apresentavam cobertura de gelo de mais de 3 quilômetros de espessura, e o nível dos mares era muito mais baixo que hoje. De repente, nos últimos 10 mil anos, estas variações abruptas cessaram, e o clima - como um todo - tornou-se praticamente estável.

O aquecimento global ao longo do século XXI pode fazer com que a Terra atinja temperaturas possivelmente só registradas há 65 milhões (sim, milhões) de anos atrás, quando os dinossauros dominavam nosso planeta, causando a extinção de metade das espécies existentes hoje (animais e vegetais). O renomado cientista britânico Chris Thomas (Universidade de York), declarou durante o encontro anual da Associação Britânica para o Progresso da Ciência: "É muito provável que estejamos próximos de uma grande onda de extinções em massa."

Outros cientistas concordam. Naturalmente, a raça humana vai ser das últimas a desaparecer, até pela sua alta capacidade de adaptação. Mas em que condições viverão nossos netos e bisnetos? A única certeza, é que, a se prosseguir a atual tendência, nossos herdeiros finais não serão eles, e sim os insetos.

Como eu não me sinto com competência técnica suficiente para dissertar sobre o tema, vou apresentar algumas informações relevantes, em forma de lista. Talvez você, caro leitor, até me agradeça, pois poderá tirar suas próprias conclusões das informações que forneço, sem ter de suportar minhas ilações e inferências. É salutar quando se exercita algo escasso hoje em dia: a capacidade de pensar.

Vamos a alguns dados:

- Alterações climáticas consistentes praticamente não existiram desde a Revolução Industrial até meados da década de '70. Aquecimento global é recente, coisa de apenas 25 a 30 anos atrás. Que em tão curto período tenha se tornado algo muito relevante, é assustador.

- Como já mencionado, nosso planeta já experimentou, no passado, bruscas alterações climáticas, causadas por alteração de distância do sol, e mesmo por ínfimo deslocamento do ângulo de rotação da Terra. O fato novo é que, pela primeira vez, tal está acontecendo pela intervenção humana (efeito estufa).

- O que é o tal "efeito estufa"? Quando a energia do Sol atinge a Terra, a maior parte dela ricocheteia de volta ao espaço. Mas partículas de enxofre, assim como dióxido de carbono, metano, e mais uns 30 gases crescentemente presentes na atmosfera terrestre, formam camada que aprisiona uma parcela adicional do calor solar, aquecendo o planeta.

- Cientistas estimam que a temperatura média da Terra estará entre 2 e 6º Celsius mais alta em 2100, sobretudo devido ao "efeito estufa" causado pela emissão de gases oriundos de queima de hidrocarbonetos (i.e. petróleo), e por efeito de queimadas (olha aí o Brasil se fazendo presente).

- Já se constatou que 80% das espécies estão se deslocando de seus habitats naturais em razão da alteração do clima.

- Não apenas animais, mas também vegetações estão apresentando nítidas mudanças.

- Glaciais, e geleiras do Ártico estão se derretendo a crescente velocidade.

- Áreas "brancas" refletem a luz do sol, enquanto áreas "escuras" a absorvem. Na medida em que o gelo derrete, mais luz do sol é absorvida, e não refletida, aumentando ainda mais a temperatura da Terra.

- Os mares absorvem CO2. Águas frias absorvem mais do que águas quentes. Então, ao aquecerem, a tendência é que absorverão cada vez menos CO2, deixando maior quantidade deste gás na atmosfera.

- O solo "emite" CO2. O aquecimento pode levar a um aumento exponencial de atividade microbiana. Isso faria com que as "emissões" aumentassem mais rapidamente que a capacidade da vegetação em absorvê-las.

- Como o CO2 "produzido" hoje permanece na atmosfera por até 200 anos, um rápido retorno à normalidade é improvável.

- Todos os índices que analisam e medem "efeito estufa", e o conseqüente aquecimento do planeta, têm aumentado de grau e de intensidade nos últimos anos.

- Embora lentamente, o nível dos oceanos e de alguns mares está subindo. Já não é impensável que alguns arquipélagos, principalmente no Oceano Pacífico, tendam a ficar submersos. Adeus, Tuvalu...


Fontes: EIA,World Resources Institute

Para os otimistas profissionais, um "refresco". No início da década de '70, a Terra estava..... esfriando.

O que então se temia é que a queda de temperaturas, causasse um declínio na produção de alimentos, levando a fome generalizada.

Como tal não ocorreu, muito ao contrário, é compreensível que muitos achem que "aquecimento global" é mais outro modismo. Como já ocorreu com margarina (boa para a saúde) e manteiga (má), para inverterem papéis pouco tempo depois. Café, vinho tinto e carne vermelha já foram classificados quase como veneno, para logo depois se descobrir méritos em seu uso moderado. Eu brinco dizendo que algum dia alguém ainda vai descobrir que cigarro faz bem à saúde.

Bem, meus caros otimistas: dessa vez a coisa parece ser diferente. Os vaticínios não são modismos, mas baseados em modelos matemáticos e frutos de novas tecnologias, consensuais entre os maiores cientistas mundiais. Dos cientistas considerados "sérios", aparentemente apenas o Professor Richard Lindzen (MIT), discorda da tese do efeito estufa, e do conseqüente aquecimento global do planeta.

Embora do ponto de vista "micro" todos os dados possam ser individualmente contestados, como por exemplo, em alguma parte do mundo uma geleira está se derretendo, mas em outro lugar encontra-se uma outra geleira em formação. Porém, quando consolidados de forma "macro", a mensagem parece ser nítida: o ser humano, em sua suprema arrogância e estupidez, está matando o planeta².

O ex-presidente da República Checa Václav Havel, em discurso de despedida da vida pública, e a respeito do "efeito estufa", declarou: "A única verdadeira esperança da população (mundial) hoje.... deriva do milagre do universo, do milagre da Natureza, e do milagre de nossa própria existência."

Quando esperanças são nutridas por milagres, é que a situação é mesmo preocupante.


____________________________________

1 Os Estados Unidos e Austrália, responsáveis por 25% da poluição atmosférica mundial, recusam-se a assiná-lo, por o julgarem prejudicial aos seus interesses econômicos imediatos. E a China, que a cada ano acrescenta o equivalente a uma Inglaterra em termos de poluição, principalmente pelo alto uso de carvão (o maior poluente atmosférico), simplesmente desconhece o Protocolo.

2 O filósofo britânico Bertrand Russel, em uma de suas famosas "boutades", disse: "É extremamente injusto que Deus, havendo limitado a inteligência humana, não tenha também limitado a burrice."

Saiba mais sobre o autor desse conteúdo

Carlos Arthur Ortenblad    Rio de Janeiro - Rio de Janeiro

Consultoria/extensão rural

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Comentários

Daniel De Stéfani

Jaboticabal - São Paulo - Empresário
postado em 28/11/2006

Carlos seu artigo é muito providencial.

Apenas, ao menos pelo que me consta, você omitiu da parcela da agricultura quanto cabe aos ruminantes. Acho que nos conscientizarmos é fundamental.

Outro dia dei uma sugestão de artigo aqui no Beef sobre isto. Talvez você consiga equacionar esta questão.

É que apesar de emitir metano que aquece o planeta, o bovino (rúmen) produz alimento com grande eficiência a partir de celulose. Será que se se fosse fazer um balanço, para substituir o bovino como produtor de alimento, não se produziria mais gases com efeito estufa?

Enaldo Oliveira Carvalho

Jataí - Goiás - Consultoria/extensão rural
postado em 28/11/2006

Mais uma vez o sr. Carlos Ortenblad contempla os visitantes do MilkPoint com um brilhante artigo. Sem dúvida o assunto discutido é de suma importância e preocupação, e que merece a atenção de qualquer ser humano dotado com um mínimo de inteligência. Quando se fala em assuntos climáticos e aumento de temperatura global, devemos lembrar que não temos uma segunda opção de moradia. Assim sendo, a única chance que nos resta é cuidar bem de nossa própria casa que é o Planeta Terra.

Orlando Monteiro de Carvalho Filho

Aracaju - Sergipe - Produção de leite (de vaca) Consultor SEAGRI SE
postado em 28/11/2006

Prezado Carlos,

Segundo nosso Millor, o "otimista é um desinformado". Ou possui algum tipo de crença ou na religião ou na tecnologia, que lhe alivia o espírito, já que haverá outros mundos, um reservado só para humanos salvados por Deus, após essa passagem por este planeta de terceira categoria, ou um mundo protético virtual que lhes abstrairá dos desconfortos do contato com a natureza.

Aliás, os humanos, tão arrogantes e narcisistas, foram tão antropocêntricos - auto-classificando-se Homo sapiens (na realidade mais sábio seria H. destructus) - a ponto de criarem um Deus à sua semelhança que, obviamente, lhes mandou multiplicarem-se e encher a Terra, prometendo-lhes salvação eterna. Por que haveríamos então de nos preocupar se a "nave" está aquecendo, se já temos um cantinho reservado no "céu". Como na parábola do filho pródigo: o homem toma a sua parte na herança (recursos energéticos e naturais), malbarata-a, esgota-a e, ao final, só lhe resta uma salvação "dê fora".

E o que tem isso a ver a ver conosco, pobres produtores de leite?
De fora, e em todos os níveis, vem:
- nosso conhecimento tecnológico, altamente entrópico, mas avançado e charmoso; .
- a maior parte de nossos insumos "modernos" - o grau de modernidade é medido pelo "sortimento" de nossa farmácia e de nosso depósito de pesticidas;
- nossas raças; afinal vacas leiteiras, como máquinas especializadas que são, não devem entrar em contato com a natureza hostil, sobretudo nos trópicos; etc,etc.

Nem prospectamos (sequer observamos) minimamente a nossa biodiversidade: coisa de ambientalistas anti-desenvolvimentistas. Para que, se a engenharia genética, com seus novos seres e moléculas projetados em laboratório, está aí para dela dispormos "gratuitamente" e para sempre.

Moderno e avançado é montar sistemas de produção protéticos, para vacas "bombadas", com somatotropinas, promotores de crescimento,... com direito a comer e serem ordenhadas. Bem-estar? Puro luxo, ou na linguagem chula, frescura. Fomos longe demais com nossa zootecnia.

Aposto na produção ecológica como forma de prolongar a sobrevida da espécie humana no planeta, mas se servirem de consolo as palavras de E.M. CIORAN: " A certeza de que não existe salvação é uma forma de salvação; na realidade é salvação".

PS.: Vide: Agriculture, Trade and Environment, the Dairy Sector in: www.oecd.org/dataoecd/56/1/33799209 pdf

Pedro Roberto Gouveia Lavieri

Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Médico Veterinário
postado em 28/11/2006

Muito bom este artigo do Sr. Carlos Arthur, mostra de maneira clara e sem rodeios a realidade de nosso planeta, quanto ao assunto meio ambiente. O homem não pensa no futuro, nem no presente pois não tem tempo de olhar para o passado. Coitados dos nossos descendentes.

Alcindo Lorenzi

Iporã - Paraná - Produção de leite
postado em 29/11/2006

E nós, que temos pelo menos uns 50 anos de vida pela frente, e que tomamos decisões (agropecuárias) todos os dias, poderíamos nos perguntar o que deveríamos fazer para manter nosso planeta vivo por mais alguns milhões de ano...

Nelson Ferreira

Sete Lagoas - Minas Gerais - Indústria de laticínios
postado em 03/12/2006

Contra dados não há o que contestar!

O preocupante é que: - O que estamos fazendo para mudar isso?

Deixaremos o mundo sucumbir por nossa burrice?

Seremos motivados com matérias assim e levantaremos por uma causa?

Nos abateremos momentaneamente após essa leitura, escreveremos um comentário ou não, e depois tudo volta ao marasmo da rotina mecanizada e totalmente inerte sobre tudo isso?

Essa é uma boa oportunidade para pensarmos em nossas ações acerca deste tema!!

Obrigado Carlos Arthur.

Carlos Alberto Lazzarini

Ribeirão Preto - São Paulo - Produtor Rural
postado em 06/12/2006

Caríssimo C.A.O.

Grato por voltar a nos brindar com seus excelentes artigos, que sempre nos estimulam a reflexão.

No caso, nada há a contestar. Creio que todos, pelo menos os mais afetos ao campo, temos percebido as mudanças climáticas e seus efeitos em nossa economia! Isto evidentemente agravado sensivelmente por aspectos políticos etc....

A burrice humana "nos" levou a isso? Creio que sim, se considerarmos aquela velha expressão "errar é humano, mas persistir no erro é burrice"!

Veja um exemplo atualíssimo, aqui no nosso país do "faz de conta": imagens de TV mostrando enchentes em cidades como São Paulo, Ribeirão Preto e outras tantas, onde logo no início das enchurradas, grande quantidade de lixo aparece tampando coletores d´água, agravando mais ainda o problema! É evidente que a culpa não é dos coletores de lixo. Existe enorme parcela de maus empresários que poluem rios e córregos não somente com dejetos líquidos, mas também sólidos!! Este é apenas um pequeno exemplo. Não vamos falar aqui de guerra do Iraque etc etc etc....

Culpar-se-á aos políticos que persistem nos erros?!

Creio que não, porque para mim o político é a imagem e o representante do "povo". Só posso entender por "povo", pelo menos numa democracia, a maioria da população apta a pensar (e votar, escolher seu caminho solidariamente...). Assim sendo, estatisticamente eu e todos nós somos povo, mesmo que não pensemos igualmente. É aqui que entra meu lado espiritualista, que me consola, caso contrário eu já teria "pirado"!! Para algumas religiões seria um karma!! Acredito em reencarnação. Espero estar melhorando nesta, tentando uma reforma íntima.

Voltando ao tema: será que cada um de nós, agropecuaristas, individualmente podemos fazer algo pelos nossos netos?

Creio que podemos pelo menos tentar; parar com desmatamentos (ganância, dinheiro fácil), cuidar das nascentes, matas ciliares etc. Antes tarde do que nunca! Conscientizar nossos empregados, geralmente despreparados, semi ou analfabetos porque não tiveram oportunidades! E assim vai...

Em setembro de 2006, estive, como ouvinte na capital federal (Ilha da Fantasia) onde participei de "Seminário Nacional - estruturação da rede de pesquisa e desenvolvimento do Bambu", encomendada à UnB, pelos M.C.T. e M.M.A..

Afora minha atração pelo tema Bambu, meu interesse é tê-lo como alternativa de plantio e exploração na fazenda, ao invés de eucalipto, pinus, teka.

Bambu oferece soluções a problemas de desenvolvimento de países pobres. É, também, excelente seqüestrador de carbono.

Extendí-me demais; C.A.O., continue a nos brindar!! Grato

Carlos Alberto Lazzarini - Engº. mecânico e Agropecuarista.

Cleber Medeiros Barreto

Umirim - Ceará - Prof° de Zootecnia - IFCE Campus Crato - Umirim
postado em 06/12/2006

Prezado Carlos,

De tua feliz iniciativa nasce o gênero "leite filosófico".

Escrevo para comungar com todos os participantes, os com fé e os sem fé (como eu) de nossa grande alegria em ver temas demasiadamente humanos (Nietzsche) trazidos a luz de uma discussão democrática. Entedemos que o mundo natural é nada mais que uma maravilhosa obra do acaso, ocorrida de forma contigencial, ou seja, sem direção, sem objetivo ou um determinado fim, entretanto, passivo de observação e avaliação. Se estamos a beira de mais uma extinção em massa, que fiquemos vigilantes ou cruzemos os abraços, pois nesse eterno Lance de Dados (Sthephen Jay Gold), do qual somos o próprio resultado do jogo, o que sempre nos é oferecidos é o perene banho frio da natureza sobre nossos anseios antropocêntricos, mensurado e demonstrado quantitativamente pelo mais simples dos métodos: o científico.

Para finalizar queria invocar o Pensamento (não caridoso) de um grande divulgador de ciência contemporâneo, que infelizmente num Brasil de muitas crenças e doutrinas estranhas, persiste o restrito acesso a boa informação/leitura. Carl Sagan: No século XX, o ser humano desenvolveu um aparato de conhecimento já mais conseguido em toda sua existência, conseguimos nos comunicar a velocidade da luz. Ainda temos a chance (sem melodramas) de escolher o que fazer com tanta informação, de optarmos para seguirmos um caminho que talvez prolongue a nossa maravilhosa existência sobre esse agora um pouco menos sombrio planeta terra.

Salve a produção leiteira.

Abraço,
Cleber Medeiros Barreto

Adolfo Brás Sunderhus

Venda Nova do Imigrante - Espírito Santo - Instituições governamentais
postado em 11/12/2006

Gostei muito do artigo.

Cada vez mais sinto que e importante a mudança do paradigma Práticas Agrícolas e do perfil profissional para Ciências Agrárias - superior e técnico.

Esta matriz tecnológica alicerçada na degradação dos recursos naturais não se sustenta mais. A sua longevidade não tem mais de 50 anos se muito otimista.

Assim é importante que principalmente universidade e ensino médio profissional de ciências agrárias pensem urgentemente na formação do profissional comprometido com o cidadão e com as condições de sustentabilidade da agricultura e do ser humano que lida e consome os seus produtos e derivados.
O processo e os princípios do ecodesenvolvimento serão sem dúvida o grande diferencial dos profissionais desta nova década e deste século.

Seremos lembrado pelo que deixamos de fazer e não pelo que fizemos.
Parabéns pela matéria.

Adolfo Brás Sunderhus
Engº agronomo
INCAPER
Venda Nova do Imigrante
Espírito Santo

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