Comecei a buscar na literatura o que existia de pesquisas a respeito de científico nesta qualidade do leite de cabra que o tornava o remédio para todos os males. Infelizmente fiquei onde estava. Não existia nada nem comprovado, nem estudado, nem começado a estudar no Brasil. Procurei então em livros e bibliotecas, ao meu alcance, em outros países e também nada encontrei. Então resolvi fazer uma pesquisa caseira mesmo.
Como eu estava criando algumas cabras e vendendo o leite em casa, comecei a perguntar as pessoas para quem era e para que uso, anotando tudo. Depois, quando aumentei a criação, montei o laticínio, com responsável técnico, veterinárias, comecei a juntar as informações e notei que o leite de cabra realmente é o remédio que sempre, sempre faz bem, cura, ajuda a curar, melhora sintomas, fornece bem estar, ajuda no crescimento, no fortalecimento dos ossos, dos músculos, da pele, dos cabelos, enfim, não pode ser chamado de Panacéia, mas é remédio para quase todos os males.
Pedi para algumas mães, clientes de alguns anos, que preenchessem uns questionários sobre o uso do leite de cabra por sua família, principalmente seus filhos pequenos. Algumas mães além dos dados, deixaram declarações importantes, que chegam a ser desabafos de pessoas que vinham passando por grandes dificuldades com as crianças até chegar ao uso do leite de cabra.
Um desses casos é o da ficha n° 27 que o menino de 4 anos tinha alergia muito séria ao leite de vaca e só tomava leite de cabra, mas um dia na casa do amiguinho, viu que o menino estava raspando a lata de leite condensado, escondido dele, pois sabia do seu problema. Mais tarde, o nosso menino foi experimentar, logo depois ao chegar em casa, já estava com manchas vermelhas por todo o rosto e a mãe teve que levá-lo ao hospital. Para evitar estes problemas, ensinei a mãe a fazer leite condensado de leite de cabra para que o menino pudesse comer às colheradas o quanto quisesse.
A ficha n° 21 também é de leite condensado. Uma mãe de uma menina de 5 anos fez uma encomenda de 3kg de leite condensado de leite de cabra para o aniversário da filha. Ela iria fazer pela primeira vez, como surpresa, brigadeiros, bolo recheado, pudim, beijinho, bombom e outros doces que a menina nunca havia provado. No dia da entrega, fiz um pratinho de brigadeiros para servir à menina. Ela pegou o prato, sentou-se ali mesmo na escada, chorando, e comeu todos disse que foi o maior presente que ela já recebeu na vida.
A família da criança da ficha n° 33 chegou num sábado, com a menina de 10 meses, pesando 7 kg, já andando, miudinha, linda, loirinha, delicada, muito agitada e o histórico era que ela não tomava leite de jeito nenhum, dormia muito pouco à noite e nada durante o dia. O máximo de leite que ela tomava eram 100ml na mamadeira, enganando, pela manhã. Ela só ingeria comida de sal mesmo. O problema é que não engordava e não crescia e comia muito pouco. Foi indicação de uma vizinha o leite de cabra. Eu disse que eles poderiam levar 3 litros, colocar na mamadeira, com açúcar de bebê, que ela com certeza gostaria. Eles estavam relutantes. Diziam que levariam somente 1 litro, só para experimentar, porque ela não gosta de leite. Mas eu confiava no meu leite de cabra, não no leite das minhas cabras, mas no leite de todas as cabras.
Expliquei que o leite de cabra traria um bem estar para o bebê, que assim, ela sentindo-se bem poderia dormir melhor, ficar mais calma e comer melhor e que o meu laticínio estaria fechado no final de semana e se ele precisasse de mais leite somente na segunda é que poderia vir buscar. Mesmo assim eles levaram 1 litro apenas. Na segunda pela manhã, estava lá o pai todo feliz, dizendo que era a primeira vez que ele gostou de sentir arrependimento, pois o bebê tomou todo o litro de leite no final de semana e se ele tivesse seguido o meu conselho, e levado mais leite, ela teria tomado mais ainda.
Ele contou que chegaram em casa e fizeram 200ml de leite com açúcar de bebê como eu havia recomendado, e ofereceram ao bebê que de imediato não aceitou. Forçaram um pouco, quando ela experimentou, gostou e tomou tudo. Ele disse que depois que ela tomou toda a mamadeira, ficou parada olhando para a mãe, como que perguntando o que era aquilo. E foi assim por mais 2 ou 3 anos, engordando e crescendo como deveria ser desde que deixou o peito.
A ficha n° 51, pertence ao menino de 4 anos, que fui conhecer depois de um ano que ele tomava o nosso leite, quando a mãe o trouxe junto. Era um menino lindo, loiro, olhos azuis, pele bem morena, parecia ter vindo da praia. A mãe deu-me um abraço tão forte que eu fiquei espantada. Foi então que ela mostrou-me o menino e disse que se não fosse o leite de cabra e é claro a regularidade da entrega, eu não estaria vendo aquele lindo garoto. Contou que ele tinha uma rara doença que combinada com certos fatores, transformava a pele dele em escamas e crostas arroxeadas além de provocar distúrbios alimentares. Por indicação médica ele passou a tomar o leite de cabra e os problemas de pele melhoraram tanto que a mãe estava muito feliz. O que eram feridas passaram a manchas, por isso que ele tinha a pele mais escurinha, parecia bronzeado.
Um caso bem comovente é o da ficha n° 64, na qual a menina de 9 meses apresentava uma otite de repetição desde os dois meses e a mãe relatava não saber mais o que era dormir duas horas inteiras. O bebê chorava dia e noite sem parar. Médicos pediatras, especialistas em ouvidos, todos foram consultados, mas nada adiantava. Uma das avós, vendo o desespero da mamãe, tão nova, perdendo as forças, emagrecendo, perdendo as amigas, as empregadas, porque não havia quem pudesse ajudar, resolveu pedir ajuda a uma senhora da periferia, uma benzedeira, e ela indicou o leite de cabra.
Como mais uma alternativa a família foi conversar com o médico e com o aval dele, começou a fornecer o leite de cabra ao bebê. Em uma semana, o bebê já estava dormindo mais de 3 horas seguidas, e a mãe também, passados dois meses, tudo voltou ao normal. Com as infecções controladas, bem medicadas ou com os medicamentos fazendo efeito, dormindo bem, bem alimentado, bem nutrido, com a mamãe também se sentindo bem.
Este caso eu senti na pele e posso comprovar, pois tenho uma filha que apesar de amamentada no seio até um ano, apresentou intolerância ao leite de vaca aos seis meses quando comecei dar papinhas, sem pestanejar mudei na hora para o leite de cabra. Até hoje ela só toma leite de cabra, mas ela tem esta otite de repetição e o médico dela (otorrinolaringologista) proibiu o consumo de qualquer lácteo que não seja derivado de leite de cabra. E quando ele disse isso, fez um grande discurso sobre o que acontece com a criança que tem intolerância ao leite de vaca. Fiquei muito contente em ouvir isso de um profissional dessa área, tantos anos depois de iniciar a minha criação de cabras, depois de tanta divulgação das propriedades e qualidades desse leite.
Fim do capítulo 1.
Paulo R.C.Cordeiro
Nova Friburgo - Rio de Janeiro - Indústria de laticínios
postado em 12/07/2007
Neyd,
Muito bons seus registros dos casos que tem presenciado tão próximo. Parabéns pelo trabalho dos registros e desta maneira sem duvida iremos abrindo as portas de tão complexo assunto.
Sem mais,
Paulo