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O mundo mudou e o agronegócio também

Por José Luiz Tejon Megido
postado em 01/02/2010

6 comentários
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Não é mais necessário haver tanta guerra entre o ambientalismo e os produtores rurais. Isso parece uma daquelas loucuras. Fazemos hoje o que era preciso fazer nos anos 80. Ninguém mais pode discutir a integração natureza-agricultura-ser humano.

E, por quê? Pela simples razão do acesso aos mercados. Estive no oeste da Bahia e conversando com um dos maiores produtores da área, ele me disse que tem contratos com clientes diretos do exterior, que vem fazer visitas para verificar "in loco", o status ambiental e social da sua propriedade. Por quê? Pela simples razão de que nada pode "sujar" a marca dos produtos que eles processam e comercializam no mundo. Quem dominar a produção limpa vai dominar os mercados globais. Fazendas certificadas, procedimentos corretos, preservação das fontes hídricas, humanismo no trato com colaboradores e comunidades do entorno das propriedades. Isso não tem volta. Creio que existe muito tiro trocado no presente que já ficou coisa do passado. Precisa estar dentro da lei? Sim. Precisa ter uma fábrica de multas sobre os produtores? Não.

Precisa generalizar que todo ambientalista é "xiita"? Não. A hora é de diálogo e paz. Negociação. Temos competição, dificuldades estruturais, burocracias, impostos, desperdícios e diversos fatores incontroláveis para gerenciar nos negócios do campo (melhor do que agronegócio, não?).

Perguntei à secretária de Meio Ambiente de Luis Eduardo Magalhães (BA), onde estava o seu maior problema. A Dra. Fernanda Aguiar pensou, e disse: na cidade. A sustentabilidade das cidades é muito mais crítica do que a do campo. Na agricultura o produtor sabe o que tem que fazer. Nas cidades não. A nova sociedade organizada da cadeia do agronegócio está agindo e realizando. Com maior intensidade em determinadas regiões e segmentos, com menor vontade em outros. Mas, o que vemos é um caminhar sem volta para os negócios sustentáveis do campo.

Vejo muita gente lutando em 2010 a luta que já foi vencida ao longo dos últimos 20 anos. É preciso colocarmos foco nos novos desafios para os negócios do campo: as cidades precisam acompanhar os avanços da sustentabilidade em ritmo muito mais veloz. Precisamos criar marcas para regiões, produtos e certificações da agropecuária. Devemos estabelecer um diálogo vivo entre campo e cidade, através de todos os meios de comunicação, incluindo os de massa, que falam com as classes "C, E, E", representando 80% da população brasileira, nossa nova classe média "C", com cerca de 90 milhões de brasileiros. Devemos, sim, fiscalizar, policiar e identificar quem nefasto for na qualidade da sua profissão. Isso vale para todos, incluindo agricultores, separar joio do trigo em todos os elos da cadeia.

Mas, acima de tudo, devemos iniciar uma campanha nacional de respeito e de valorização aos produtores rurais. Agricultores ganham dinheiro à moda antiga: trabalhando. Eles não têm tempo para perder fazendo "social". Cabe à classe de publicitários, diretores da mídia, professores e comunicadores levar o orgulho de um país para com a sua categoria de gente do campo. Agricultura representa soberania e segurança nacional. Mulheres e homens que produzem no campo merecem respeito. O mundo mudou, e o agronegócio também. Talvez até o nome agronegócio não sirva mais para denominar toda essa categoria e cadeia de valor. Tem gente que associa agronegócio à agricultura exploratória e agricultura familiar à boa agricultura. Grandes produtores rurais também têm família. E muitos pequenos produtores estão em negócios de nicho com alta rentabilidade por hectare. Tamanho não é documento no campo. Cooperativas são e serão cada vez mais fundamentais na nova sociedade.

"Agrovida" e "biomarketing". O mundo continua mudando.

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José Luiz Tejon Megido    Brasília - Distrito Federal

Mídia especializada/imprensa

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Comentários

Paulo Cesar Bastos

Feira de Santana - Bahia - Produção de gado de corte
postado em 01/02/2010

Prezado Jose Luiz Tejon

O Sertão não virou mar, mas produz a comida de quem vive na beira do mar.O oeste da Bahia é um exemplo disso.Os alimentos podem ser processados mas não podem ser cultivados nas indústrias urbanas, nos pátios de concreto ou nas pistas de asfalto.O agronegócio é fundamental para interiorizar o desenvolvimento e levar o Brasil a expandir o seu crescimento , deslocando o progresso para além da faixa litorânea essa herança colonial.Enquanto o litorâneo deseja na praia o sol brilhante , o sertanejo trabalha para alimenta-lo sob o sol causticante.

A designação agronegócio precisa ser divulgada e , enfim, compreendida na sua concepção verdadeira , como o conjunto de atividades antes da porteira(pesquisa, capacitação,fabricantes e fornecedores de insumos,logística), dentro(produtores rurais de todos os níveis e portes)e depois(agroindústrias processadoras,logística,distribuidores,varejo ,promoção e marketing).Vale tanto para os grandes empreendimentos empresariais agropecuários , o médio produtor bem como para a agricultura familiar,para o pequeno armazem que vende a enxada e o facão como para a grande concessionária de tratores e equipamentos, para o grande frigorífico exportador como também para o pequeno açouque tradicional do bairro.Como não se constrói nada sozinho, não se cultiva nada sozinho.

Precisamos é preservar e produzir, aproveitar e não deixar passar selado em nossa frente o cavalo da oportunidade.Brasil a nossa hora é agora para continuarmos e não pararmos de construir um país livre, democrático,economicamente desenvolvido,tecnologicamente avançado,ambientalmente correto e socialmente justo.

O mundo mudou, o tempo não pára , precisamos rever os conceitos e incentivar a capacitação,coperação,comunicação, compromisso e confiança , os 5C, os caracteres do crescimento.

Vamos continuar trabalhando e avançando com saúde e paz.

Saudações sertanejas

PAULO CESAR BASTOS
Engenheiro civil e produtor rural

Enaldo Oliveira Carvalho

Jataí - Goiás - Consultoria/extensão rural
postado em 01/02/2010

" Aqueles que cultivam a terra são os cidadãos mais virtuosos e possuem maior amor à Pátria".
Thomas Jefferson
Esta frase proferida por este grande estadista americano, reperesentava já no século XVIII, o comprometimento dos governantes daquela nação recém-criada com o homem do campo. O resultado foi o notável desenvolvimento, vindo a tornar-se a maior economia do mundo.
No Brasil os progressos obtidos tem sido tardio e a passos lentos, encontrando obstáculos internos e externos, barrando nosso desenvolvimento.
Referindo especifiamente à pecuária, o autor há de convir que existe uma contrapropaganda descarada por parte dos veículos de comunicação, com o apoio de órgãos do governo e celebridades formadoras de opinião. Esses, engajados em movimentos e Ong´s, se passam por benfeitores das causas sociais e ambientais.
Tal engajamento, por si só, levanta dúvidas. Tanto quanto a qualidade quanto as intenções finais, o que leva à inevitável pergunta. A quem isso se beneficia? Beneficia a políticos e governos - mais impostos, poder e prestígio; figuras da mídia - mais assunto; ativistas - mais verbas para suas Ong´s. Fechando assim um círculo nada virtuoso.

Nei Antonio Kukla

União da Vitória - Paraná - Consultoria/extensão rural
postado em 01/02/2010

Realmente ainda tem gente que associa o Agronegócio a uma atividade exploratória e a Agricultura Familiar a algo nebuloso, bonitinho e que não polui. Na verdade é preciso separar o joio do trigo como comenta o autor, pois há sim o Agronegócio poluente, como há Agricultura Familiar poluente e socialmente exploratória, qdo. filhos são obrigados a trabalhar de sol a sol, às vezes ingerindo agrotóxicos (porque agricultura familiar também usa agrotóxicos, e às vezes sem nehum aparato técnico) estão longe dos bancos escolares e há também indústrias urbanas poluentes.
Mas, de tudo isso só há uma certeza: Permanecerá o Agronegócio, a Agricultura Familiar e a Indúsria Urbana que forem profissionais no que fazem (social, ambiental e econômico) porque o mundo exige isso, é uma questão de sobrevivência no mercado que ora se desenha.
Há espaço para todos! A discussão de que este ou aquele tipo de agricultura é o melhor, essas discussão já nem vale a pena discutir, pois, repito: quem está no ramo, qualquer que seja, precisará a cada dia buscar eficiência.
Quanto as cooperativas, não há dúvidas que é um dos melhores, se não, o melhor sistema existente para agregar produção, conhecimento, escala etc etc.

Alvaro Cardoso Fernandes de Pádua

Presidente Prudente - São Paulo - Produção de gado de corte
postado em 01/02/2010

Prezado Sr José Luiz Tejon

Primeiro Parabens pelo artigo. Sua forma de enxergar a questão ambiental é objetiva e atual. Realmente esta briga entre ambientalista e Produtor rural não tem razaão de ser. Se não houver uma união comprometerá sem dúvida o desenvolvimento do Brasil. A forma como estão fazendo a legislação ambiental é um autoflagelo, pois obriga transformar terras produtivas já beneficiadas que produz alimentos, riqueza para o paíz em terras destinadas a preservação do meio ambiente. Realmente é um retrocesso e um contrasenso.

O mundo está clamando por um ambiente limpo, por produtos adequadamente corretos e estão dispostos a pagar por isso. Ambientalista deveriam lutar por isso, viabilizar este tipo de produção junto a esta imensidão de produtores que vivem a margem do desenvolvimento ao invés de critica-los quanto a sua forma de produzir.

Realmente, associativismo, coperativismos são as estratégias do momento, deve-se implementar urgente este mecanismo junto aos agricultores ao invés de promover autuações, processos etc..

Daria para escrever um monte a esse respeito, mas por enquanto é isto.

Abraços

Alvaro








Luiz Gomes do Prado

Itararé - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 02/02/2010

Costumo dizer, que a frase: "Em aqui se plantando tudo dá " foi o primeiro erro, gravado, cometido no Brasil, felizmente foi o Português Caminha na sua primeira lavratura impressionista das terras tupiniquins. E o brasileiro aprendeu a partir daí tudo errado, até mesmo a própria lingua portuguesa, quem fala corretamente? Eu sei que não sei.

Se Caminha tivesse dito: em aqui se plantando e preservando sempre dará, talvez, fossemos um pouco melhor quanto à consciência ambiental, e para continuar a história, temos sido até hoje deixados a margem da educação, da informação, do aprendizado crítico, por que como todos sabemos e não somos críticos quanto a isso, não interessa ao poder um povo bem formado, pois, brasileiro bem formado não admite os acontecimentos que se vêm por todo Brasil, sem que tenha que engolir pizzas e cuecas e meias que hoje fazem parte do ato político, prontamente defendidos, sem que nem mesmo o sistema judiciário possa tomar atitudes efetivas.

Caro José Luiz, poucas vezes vemos análises tão claras, didáticas e equilibradas sobre o que se passa no campo, nosso meio mais produtivo e menos defendido neste país.

Ainda é bom que relembremos que o maior problema de um país ainda é o do conhecimento formal, ou seja o estudo, nosso povo não tem estudo formal e tampouco tem senso crítico, daí a nosso problema ser maior do que se pinta.

O agronegócio não se desenvolveu por obra da bondade do poder, se hoje a tecnologia do agronegócio brasileiro está preocupando os países do primeiro mundo, isto se deve as forças do próprio produtor, este verdadeiro herói brasileiro não reconhecido, pois até bem pouco tempo, nosso produtor estava numa encruzilhada do inferno ou da terra, ou se desenvolvia ou sucumbia, e, ele optou por arriscar a luta pelo desenvolvimento, mesmo sabendo que, para o caipira nunca foi dispensado uma pequena atenção, na confecção de uma política agrícola, não que o favorecesse mas que pelo menos lhe desse uma visão de o que aconteceria na colheita, e, isto jamais possibilitou a mínima possibilidade de previsão de mercado ao produtor, legando-lhes homéricas quebradeiras rurais.

E vinha o governo a dizer que fazia grandes favores aos produtores ao aprovar rolagens de dívidas que cada vez mais afundavam nossos caipiras, que hoje habitam as periferias dos centros urbanos, é só conferir, nossas estatísticas já, alguma vez, conferiu as origens dessa população?

Pois bem mas, voltando à vaca fria, temos nossos "idealistas" de plantão, vejam nosso Ministro do Meio Ambiente, aliás, minha opinião, é de que este é apenas Ministro Meio, pois acaba de declarar e aprovar a inundação de vasta área da floresta Amazônica, incrível, isto que é postura.

Apesar destes absurdos, eu vejo que o produtor rural, está cada vez mais, por si mesmo, preocupado com seu meio, e, de muitos vemos a iniciativa da recomposição de matas ciliares e cabeceiras, aliás o maior efeito de preservação ambiental vem da atual tecnologia amplamente utilizada por todo Brasil, o plantio direto, além da proteção do solo e da recomposição das águas, esta tecnologia possibilita menores custos de produção, e os cegos do poder não vem o beneficio que caipira propicia a economia nacional.

Na pecuária temos tecnologia de alto retorno ambiental, que é o pastejo rotacionado, que vem sendo adotado por todo país, e, é justamente a contramão do que dizem que a pecuária é a campa do desmate, já pode ter sido, mas extensas áreas devem ser destinadas a produção agrícola, até porque, a rotação com agricultura, está cada vez mais possibilitando maior produtividade por área, exigindo menos terra para mais produção.

O produtor rural está se adaptando e busca cumprir a lei, mas o próprio governo descumpre a lei, faz decretos que assusta a todos, como o que está querendo permitir que o MST possa invadir e ele mesmo diga o que está certo, absurdo, o produtor rural cumpre suas obrigações; gostaria muito de ver o governo fazer valer a lei que nos aplicou ao MST, todos não somos hoje uma empresa com CNPJ, cada sitinho tem que ter o seu, então que obrigue ao MST a sua regularização, e penalize cada invasor ou invasora de terras privadas, por crimes que a lei já contempla, a estes que nada mais são que criminosos comuns.

José Luiz, como você mesmo diz o produtor rural faz dinheiro trabalhando, ele não é capaz de comprar terras sem ter dinheiro como um grandessíssimo empresário que comprou algumas fazendas por algumas centenas de milhões de reais, sem esforço algum. E o produtor rural não é elogiado como empresário, aliás se disser isso o MST pega mais pesado.

Importante é homenagearmos o produtor rural, este que é o verdadeiro herói brasileiro, e cobrar do poder instituído, por culpa nossa, por uma Política Agrícola real, e mais incentivo a aplicação e uso da tecnologia pela transferência das pesquisas orientadas diretamente ao produtor.

Vicente Romulo Carvalho

Lavras - Minas Gerais - Trader
postado em 02/02/2010

São brilhantes, irretocáveis e inegáveis as colocações, quanto as mudanças ocorridas no agronegócio nacional. Mas, não fazer alusão a algumas instituições, como a EMBRAPA, por exemplo, dentre outras, se comete uma grande injustiça.

Será que boa parte, destes que vêm visitar o País, não estão é na busca de aprender com nossos produtores rurais, como se produz ecológica e socialmente sustentável, com enormes índices de produção, sem os enormes subsídios que lá existem e as barreiras e sobretaxas que nos impõem. Isto, sem perder de vistas os descasos e os enormes encargos, que nos são impostos por nossos governantes,em todos os níveis.

A midia, dá grandes destaques a meia duzia de desrespeitos ao meio ambiente, e quase nenhum destaque aos milhares de produtores que o respeitam e/ou preservam. Ora, em todo setor, categoria e/ou classe, há aquela pequena parte que não cumprem com seus deveres. Mas, isto não autoriza generalizações, tais como as que são lançadas cotidianamente, contra o produtor rural e/ou o agronegócio no seu todo.

A maioria dos produtores rurais fornecem moradia, com enérgia eletrica e água encanada para seus empregados, alguns criam seus animais e/ou suas aves, plantam hortalicias, usufruem da grande variedade de frutas que são produzidas na propriedade a vontade. Isto a midia não mostra.
Estes que se dizem ambientalistas e, andam lançando para os quatro cantos, de certa forma generalizada, que o produtor rural e/ou o agronegócio é culpado de tudo, quando abrem suas geladeiras, devem imaginarem que tudo foi produzido ali dentro da mesma, sem o sagrado suor do produtor rural. Não será surpresa, se a qualquer hora, sair algum artigo culpando o produtor rural e/ou o agronegócio, pelas enchentes que assolam as grandes metrópolis/cidades.
Concluindo, que o agronegócio mudou, não paira qualquer dúvida, mas, que ainda temos muito por mudar, não se pode perder de vistas, notadamente na busca de encurtar o caminho entre o produtor e o consumidor, onde haverá um preço justo para ambos, é uma mudança que se impõe e, a curto prazo. Pois, tem muita gente trabalhando/produzindo e, poucos ficando com o resultado.

A maioria da população urbana tem origem da zona rural e/ou viveu e/ou tem parentes e/ou amigos ligados ao setor rural e, sabem de tudo, notadamente, dos preços que recebemos e dos que eles pagam. Eles nos respeitam, nos agradecem e certamente estão preocupados com nossa situação, porque precisamos de continuarmos produzindo, para não colocarmos em risco a sobrevivência deles. Isto é uma das inumeras mudanças, que tem e vai acontecer, tomara que não seja tarde.

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