E, por quê? Pela simples razão do acesso aos mercados. Estive no oeste da Bahia e conversando com um dos maiores produtores da área, ele me disse que tem contratos com clientes diretos do exterior, que vem fazer visitas para verificar "in loco", o status ambiental e social da sua propriedade. Por quê? Pela simples razão de que nada pode "sujar" a marca dos produtos que eles processam e comercializam no mundo. Quem dominar a produção limpa vai dominar os mercados globais. Fazendas certificadas, procedimentos corretos, preservação das fontes hídricas, humanismo no trato com colaboradores e comunidades do entorno das propriedades. Isso não tem volta. Creio que existe muito tiro trocado no presente que já ficou coisa do passado. Precisa estar dentro da lei? Sim. Precisa ter uma fábrica de multas sobre os produtores? Não.
Precisa generalizar que todo ambientalista é "xiita"? Não. A hora é de diálogo e paz. Negociação. Temos competição, dificuldades estruturais, burocracias, impostos, desperdícios e diversos fatores incontroláveis para gerenciar nos negócios do campo (melhor do que agronegócio, não?).
Perguntei à secretária de Meio Ambiente de Luis Eduardo Magalhães (BA), onde estava o seu maior problema. A Dra. Fernanda Aguiar pensou, e disse: na cidade. A sustentabilidade das cidades é muito mais crítica do que a do campo. Na agricultura o produtor sabe o que tem que fazer. Nas cidades não. A nova sociedade organizada da cadeia do agronegócio está agindo e realizando. Com maior intensidade em determinadas regiões e segmentos, com menor vontade em outros. Mas, o que vemos é um caminhar sem volta para os negócios sustentáveis do campo.
Vejo muita gente lutando em 2010 a luta que já foi vencida ao longo dos últimos 20 anos. É preciso colocarmos foco nos novos desafios para os negócios do campo: as cidades precisam acompanhar os avanços da sustentabilidade em ritmo muito mais veloz. Precisamos criar marcas para regiões, produtos e certificações da agropecuária. Devemos estabelecer um diálogo vivo entre campo e cidade, através de todos os meios de comunicação, incluindo os de massa, que falam com as classes "C, E, E", representando 80% da população brasileira, nossa nova classe média "C", com cerca de 90 milhões de brasileiros. Devemos, sim, fiscalizar, policiar e identificar quem nefasto for na qualidade da sua profissão. Isso vale para todos, incluindo agricultores, separar joio do trigo em todos os elos da cadeia.
Mas, acima de tudo, devemos iniciar uma campanha nacional de respeito e de valorização aos produtores rurais. Agricultores ganham dinheiro à moda antiga: trabalhando. Eles não têm tempo para perder fazendo "social". Cabe à classe de publicitários, diretores da mídia, professores e comunicadores levar o orgulho de um país para com a sua categoria de gente do campo. Agricultura representa soberania e segurança nacional. Mulheres e homens que produzem no campo merecem respeito. O mundo mudou, e o agronegócio também. Talvez até o nome agronegócio não sirva mais para denominar toda essa categoria e cadeia de valor. Tem gente que associa agronegócio à agricultura exploratória e agricultura familiar à boa agricultura. Grandes produtores rurais também têm família. E muitos pequenos produtores estão em negócios de nicho com alta rentabilidade por hectare. Tamanho não é documento no campo. Cooperativas são e serão cada vez mais fundamentais na nova sociedade.
"Agrovida" e "biomarketing". O mundo continua mudando.
Paulo Cesar Bastos
Feira de Santana - Bahia - Produção de gado de corte
postado em 01/02/2010
Prezado Jose Luiz Tejon
O Sertão não virou mar, mas produz a comida de quem vive na beira do mar.O oeste da Bahia é um exemplo disso.Os alimentos podem ser processados mas não podem ser cultivados nas indústrias urbanas, nos pátios de concreto ou nas pistas de asfalto.O agronegócio é fundamental para interiorizar o desenvolvimento e levar o Brasil a expandir o seu crescimento , deslocando o progresso para além da faixa litorânea essa herança colonial.Enquanto o litorâneo deseja na praia o sol brilhante , o sertanejo trabalha para alimenta-lo sob o sol causticante.
A designação agronegócio precisa ser divulgada e , enfim, compreendida na sua concepção verdadeira , como o conjunto de atividades antes da porteira(pesquisa, capacitação,fabricantes e fornecedores de insumos,logística), dentro(produtores rurais de todos os níveis e portes)e depois(agroindústrias processadoras,logística,distribuidores,varejo ,promoção e marketing).Vale tanto para os grandes empreendimentos empresariais agropecuários , o médio produtor bem como para a agricultura familiar,para o pequeno armazem que vende a enxada e o facão como para a grande concessionária de tratores e equipamentos, para o grande frigorífico exportador como também para o pequeno açouque tradicional do bairro.Como não se constrói nada sozinho, não se cultiva nada sozinho.
Precisamos é preservar e produzir, aproveitar e não deixar passar selado em nossa frente o cavalo da oportunidade.Brasil a nossa hora é agora para continuarmos e não pararmos de construir um país livre, democrático,economicamente desenvolvido,tecnologicamente avançado,ambientalmente correto e socialmente justo.
O mundo mudou, o tempo não pára , precisamos rever os conceitos e incentivar a capacitação,coperação,comunicação, compromisso e confiança , os 5C, os caracteres do crescimento.
Vamos continuar trabalhando e avançando com saúde e paz.
Saudações sertanejas
PAULO CESAR BASTOS
Engenheiro civil e produtor rural