Existe ainda, aquela fazenda que possui um rebanho um pouco maior e precisa achar outro canal de comercialização, ou seja, um açougue, restaurante, mercado...
Em ambos os casos, o abate formal, dentro das condições sanitárias vigentes, é interessante e necessário, pois estamos manipulando alimentos e isto implica em segurança alimentar. O consumidor está pagando um valor e é nada mais do que justo lhe oferecer um produto que além da qualidade seja seguro ao consumo de sua família.
Pois bem, onde abater então?
Plantas frigorificas para abate de ovinos e caprinos quase inexistem. Carregar meia dúzia de animais na camionete e rodar 50, 100, 150 Km para fazer o abate é inviável. E as taxas cobradas pelos abatedouros que giram em torno de 15 a 20 % do valor da carcaça ficam ainda mais difíceis de ser pagas pelo criador, pois o mesmo, tendo um mínimo de noção de Administração, sabe que não é negócio pagar tal numerário.
Não resta dúvida que as margens de lucro de qualquer negócio hoje quando beira 10% o detentor do negócio pode se considerar satisfeitíssimo. Só para exemplificar a poupança paga em torno de 7% a.a.. Quero dizer que ao pagar um valor de 15 a 20% da carcaça para o abate significa que o lucro daquele animal ficou no frigorífico.
Então, o que fazer para atender o mercado?
Reporto-me ao comentário feito no site dias atrás pelo criador de Guarapuava - Pr, Renato Mocellin Lopes, onde resumidamente dizia que o que salva o criador hoje é o abate na propriedade e a venda informal, sendo esta, o principal ponto de venda da carne caprina/ovina. Ainda, o criador diz que será que não é viável pensar em orientar o abate correto na propriedade.
Digo o seguinte, não sou favorável de forma nenhuma ao abate clandestino, mas criadores, técnicos, órgãos públicos e aqui destaco os órgãos oficiais de assistência técnica, Embrapa e principalmente, mas não sozinha, as prefeituras municipais, pois o problema do abate é nos municípios e esses devem dar uma solução aos seus munícipes (criadores e consumidores) com projetos arrojados, porém atendendo a legislação e de repente promover uma forma de orientar o produtor nas propriedades através de profissional habilitado (Médico Veterinário) ou talvez uma forma mais correta de conduta, construir abatedouros que podem ser tanto para bovinos, ovinos e caprinos através de um consórcio inter municípios regionais que viabilize esses abates. Tudo isto fazendo mediante orientações técnicas, para também não sair por aí construindo "elefantes brancos" para ficar com capacidade ociosa.
Miguel Haddad
Piracicaba - São Paulo - Técnico
postado em 21/03/2009
Olá gostei das ponderações em seu artigo.
Porém acredito que o municipio não tem muito haver com isto... Muito menos órgãos de pesquisa... O que falta, no meu modo de ver, é a organização dos produtores. Venho de uma experiência juntamente a ASPACO (Associação Paulista de Criadores de Ovinos) e SEBRAE-SP em que conseguimos em uma nucleo de produtores, primeiramente padronizar os animais de acordo com a pedida do mercado e secundariamente, dar lastro aos abates...
Precisamos procurar os parceiros certos, os produtores certos, tenho certeza que se as pessosas envolvidas forem fortes como as que deixei... nossa cadeia produtiva só tem a ganhar.. agora, a consciência para investir primeiramente em comida para estes animais demonstrarem seu potencial e secundariamente investir no rebanho... animais tardios sao inaceitaveis no exigente mercado que quer animais precoces...
mas enfim... o produtor e nós técnicos temos que esperar muito dos outros se nao estamos fazendo nossa parte.. experiencias iguais a estás tem aos montes, basta procurarmos...
E vamos fortalecer a Cadeia Produtiva dos Ovinos!!!