Hoje a oferta brasileira é inferior à demanda, mesmo nosso consumo sendo baixo, ou seja, de apenas 700 gramas de carne ovina/per capita/ano, enquanto em alguns países do Oriente Médio, por exemplo, o consumo chega a 15 kg/per capita/ano.
A empolgação que gira em torno do setor é observada inclusive nos fóruns e debates proporcionados também por este site, onde criadores, técnicos e pessoas que têm gosto pela atividade externam a motivação vivida hoje pela cadeia produtiva.
Se puxarmos em nossa memória, fato semelhante ocorreu na cadeia produtiva da soja no início da década de 2000 onde no estado do Paraná, mais precisamente no norte pioneiro, agricultores chegaram a plantar a cultura até em terrenos urbanos desocupados em função da forte cotação do grão. Foi um momento de investimentos na primeira colheita, na segunda e terceira, quando repentinamente os preços despencaram e os agricultores se depararam com dívidas de médio e longo prazo junto aos agentes financeiros devido à renovação de frota agrícola e pagamento comprometido com a queda dos preços.
No setor leiteiro fato semelhante ocorreu, este mais recentemente. Investidores de profissões liberais da cidade montaram estruturas para a atividade impulsionada pelo bom momento do setor e, após um curto período o excesso de produção em algumas regiões fez o preço cair e aí vieram as frustrações.
Então, a ovinocultura é uma oportunidade de negócio?
Sem dúvidas que sim, uma ótima oportunidade inclusive, mas seus investimentos devem ser pautados em algumas questões básicas como vocação para a atividade, aptidão da propriedade e região em que ela se encontra, uma vez que temos poucas plantas frigoríficas para ovinos e muitas vezes o frete para longas distâncias compromete o resultado final da atividade.
Voltamos a falar do país vizinho Uruguai, que coloca no mercado brasileiro um produto altamente competitivo a preços mais baixos que o nosso e, o produtor brasileiro, ainda não dispõe de know how suficiente para tocar a atividade com a máxima eficiência, pois não dispomos de plantas frigoríficas suficientes (como já citado) e não temos oferta de produção suficientes para justificar determinados investimentos estruturais.
Como iniciativa louvável o Governo Federal criou a Câmara Setorial de Ovinocultura, o que é um fato importante, porém, ainda faltam direcionamentos por parte das esferas estaduais para contribuir com o desenvolvimento da atividade nos Estados.
Há 30 anos o setor de suinocultura e avicultura vivia experiência semelhante com grandes rebanhos, mas pouca articulação e, o primeiro setor com fortes restrições de consumo sob a imagem errônea de que a carne suína provocava malefícios a saúde. Graças à organização destas duas cadeias hoje há uma imagem positiva e um setor organizado e articulado.
Com tudo isso, quero dizer que os interessados em entrar ou mesmo ampliar a atividade ovina, devem cuidar da empolgação deste momento e fazer seus investimentos mediante um planejamento técnico-econômico de forma a alcançar êxito no empreendimento.
Direcionar recursos e esforços no sentido de formar pastagens de qualidade é muito mais vantajoso do que fazer instalações luxuosas. Ter conhecimento, amparo técnico e se atentar aos cuidados com verminose é muito mais necessário do que sair comprando genética e depois se deparar com problemas sanitários até então desconhecidos (especialmente para os criadores iniciantes).
Enfim, com certeza a ovinocultura assumirá destaque no agronegócio nacional, mas devemos entender que não é tão simples assim colocar animais na propriedade e achar que com isso teremos resultados positivos. Há muito mais que isso a ser feito e, num cenário macro, temos que ter consciência que estamos investindo para colher os frutos a médio e longo prazo.
Num artigo próximo devemos tratar também da questão da inserção da carne de cordeiro na mesa do consumidor, o que também é de suma importância para o aumento da escala de produção dentro da porteira.
LUIS CARLOS PINHEIRO MAIA
Eusébio - Ceará - Produção de ovinos
postado em 21/01/2011
Gostei muito do tema, pois a ovinocultura tem que ser tratada de uma forma seria e com os pés no chão.Devemos incentivar a criação de ovinos, em todos os níveis da sociedade, desde daquele pequeno produtor ate o grande. Atualmente o poderio genético dos melhores da raça ovina estão na mão de poucos criadores que criam na maioria das vezes como hoby, e não como atividade principal. Devido a esse fator a atividade empanca, deve existir incentivo do gonverno federal para q o pequeno ou mini produtor possa ter em seu pequeno rebanho, um reprodutor PO. melhorando seu rebanho.