No caso do ex-presidente Lula a promoção de produtos oriundos do agronegócio, felizmente não sofreu descontinuidade, ao contrário, foi reforçada e ampliada até, inclusive com a presença constante da APEX Brasil, Agência de Promoção de Exportações e Investimentos, ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, MDIC. Dentro deste contexto houve um fato percebido pelo Governo passado que eu acho de extrema importância. Após anos de pesquisas e trabalhos no campo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, conseguiu desenvolver e dominar a tecnologia de produção de alimentos em regiões tropicais, que é o caso de grande parte do território brasileiro.
A ação positiva do Governo Lula foi justamente reconhecer esta qualidade tecnológica que a pesquisa brasileira conquistou e, através de acordos com países situados em regiões semelhantes, como os africanos, exportar este conhecimento, usá-lo como moeda de troca, como promoção do nosso país, e do que temos de bom, lá fora. É preciso ressaltar que foi justamente o domínio desta tecnologia de produção tropical que nos fez hoje sermos grandes produtores de carne, soja, milho, arroz e outros produtos, muitos deles exportados para diversos países. E, ao mesmo tempo, por termos desenvolvido tecnologia genética, conseguimos "domar" a técnica de melhoramento genético das várias raças zebuínas, a ponto de sermos também, exportadores de sêmen e embriões, projeto que tem obtido grande sucesso através da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, ABCZ, em conjunto com a APEX Brasil.
Mas, se o Governo Lula tem isto de positivo, devo ressaltar que deixou de realizar uma ação extremamente importante para nós, ovinocultores. Se olharmos para o projeto que a ABCZ está realizando, temos algo que a ovinocultura poderia estar fazendo e não está, porque falta a conclusão e implantação de um programa extremamente importante; o Plano Nacional de Controle Sanitário Ovino.
Da mesma forma que na produção de grãos ou de genética zebuína ou mesmo de bovinos europeus, a ovinocultura brasileira possui mais de 35 anos de seleção genética natural nas raças consideradas nativas brasileiras, Santa Inês, Crioula, Morada Nova, Cariri, entre outras. E, com certeza, 50 anos na seleção genética das chamadas "exóticas", ou seja, Texel, Suffolk, Ideal, Merino Australiano, Corriedale, etc. Todas elas, sem dúvida alguma, já poderiam receber o selo de produto brasileiro, pois estão genética e morfologicamente adaptadas ao nosso clima, solo e sistema de produção. Todas elas possuem hoje altíssimo grau de evolução genética em clima tropical e sub-tropical, o que nos dá total condições de elaborar um projeto de exportação desta genética para países que possuam condições climáticas semelhantes às nossas, podendo gerar uma renda não só ao produtor, como ao País.
Mas, e muitas vezes aparece um Mas, não podemos fazer isto. E a principal causa? Não termos um Plano Nacional de Controle Sanitário Ovino implantado. Sem este instrumento, não podemos firmar qualquer protocolo sanitário, dando a outros países a certeza de que estamos livres de doenças importantes, que afetam a ovinocultura como, por exemplo, scrapie, maedi visna, língua azul, entre outras. Sem este certificado podemos somente vender para nós mesmos, dentro de nossas fronteiras, ficando com um mercado altamente restrito, quando poderíamos trabalhar para atender demandas que já nos foram solicitadas. No ano passado, por exemplo, criadores do Paraguai manifestaram interesse em adquirir animais de criatórios brasileiros. Infelizmente tivemos que recusar a oferta.
Esta herança deixada pelo Governo passado, precisa ser resolvida imediatamente. Precisamos definir os parâmetros de um plano e iniciar sua implantação para que rapidamente possamos ter certificados sanitários aprovados por outros países e, com isto, pensarmos num programa de exportação da nossa genética, nos mesmos moldes da ABCZ. Precisamos abrir portas para novas oportunidades de negócios e nos tornarmos também, fornecedores de genética ovina tropical Made in Brazil.
Precisamos motivar e debater este tema dentro de todo o Sistema produtivo, a fim de conquistar a determinação do Governo Federal, no sentido de tirar da gaveta este Plano Sanitário, de uma vez por todas. Acredito que já é hora disto e não podemos deixar passar. Falemos com nossos representantes no Congresso, para que se sensibilizem e façam côro conosco. Precisamos nos unir, para conseguir abrir, definitivamente, as portas do mercado mundial de genética ovina.
artur luiz de almeida felicio
Votuporanga - São Paulo - Médico veterinário
postado em 12/08/2011
Sr. Paulo Schwab,
Parabéns pelo brilhante artigo.
Sem um Plano Nacional de Sanidade não alcançaremos mercados importantes e teremos que nos limitar ou interior de nossas fronteiras.
Esse é o caminho para o futuro...a CERTIFICAÇÃO de propriedades LIVRES DE DOENÇAS!