Não desmerecendo estas pessoas de forma alguma, pois elas possuem os seus valores formando as propriedades e criando seus filhos, muitas vezes muitos filhos, famílias grandes. Mas meu entristecimento vinha justamente dali, onde às vezes em uma família de cinco filhos não tinha nenhum juntamente com o pai para acompanhar o desenvolvimento de uma tecnologia. Eis a pergunta: onde que houve a falha?
Será que o problema de sucessão familiar não foi preparado nas famílias, será que os serviços de assistência técnica e extensão rural não tiveram parte do foco de seus trabalhos voltados para esta importante questão envolvendo o comando das empresas rurais familiares?
Creio que vários são os motivos dos jovens estarem saindo de suas propriedades e preferindo trabalhar nos centros urbanos, mas creio também que algumas vezes estes jovens não podem estar carregando sozinhos a culpa de não preferirem o trabalho no campo. Talvez muitos deles ou a maioria nunca receberam orientações para serem empreendedores rurais, aliás nem nós mesmos nos bancos escolares recebemos tais linhas de comportamento, pois sempre aprendemos que temos que nos formar, fazer um bom estágio e tentar "ficar"na própria empresa que nos forneceu o estágio ou então bater na porta de outra.
Bom, muitas iniciativas magníficas do poder público foram desencadeadas para levar renda ao homem do campo e desta forma evitar a sua saída para inchar os centros urbanos, porém a meu ver ainda não logramos pleno êxito nestas investidas. O próprio Projeto Microbacias 2 trabalhou muito a questão de organização dos agricultores empoderando-os nas tomadas de decisões e desmistificando a falsa estratégia de que o pacote deve vir de cima, ainda trabalhou as questões sociais, ambientais e econômicas fazendo com que o agricultor tenha uma visão deste tripé que gira em torno da agropecuária.
Neste sentido e sob a preocupação de não encontrar sucessores em grande parte das propriedades, acredito que o ente público, através de suas empresas de ATER e também outras empresas da iniciativa privada que trabalham com o público rural, bem como as cooperativas, devem olhar com mais atenção à esta problemática, sob pena de aos poucos estarmos concentrando as terras nas mãos de poucos e inchando as periferias das cidades. Como diz um amigo meu, não adianta discursarmos que temos que fixar o homem no campo porque o que se fixa é palanque. É preciso criar condições de emprego e renda nas propriedades rurais com àqueles que possuem vocação para lá exercer alguma atividade produtiva de forma que esta seja realmente rentável e seja capaz de fornecer condições de bem-estar e conforto como aparentemente muitos buscam nas cidades. As políticas públicas devem ser revistas, pois apesar de boas iniciativas já implementadas vemos que ainda não conseguimos atingir o alvo: ter uma nova geração de agropecuaristas.
A nova lei de ATER possibilitou que mais empresas devidamente constituídas e atendendo as normas de editais, possam participar das chamadas públicas. A lei também vem fortalecer um trabalho de parceria com os órgãos já existentes. É preciso de educadores para o campo, de profissionais que gostem de sujar a botina e que vão até o campo ensinar o que aprenderam e levar o espírito empreendedor ao jovem rural e, quem não tiver este espírito empreendedor que procure sanar esta dificuldade, pois é necessário.
Aproveitando este meio magnífico de comunicação e troca de informações disponibilizado por este site, podemos aqui gerar um proveitoso debate dialogando possíveis saídas para resolver este problema da sucessão familiar, lembrando que um debate pode ser transformado em ideias, em documentos e o pequeno efeito positivo que ele gera já é uma grande vitória.
jose luiz
Rio Pardo - Rio Grande do Sul - Produção de leite
postado em 12/11/2010
Caro colega!
Sou Técnico em Pecuária no Rio Grande do Sul, e ao ler sua matéria me chamou a atenção, pois estou cursando a Graduação de Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural, e estamos debatendo sobre agricultura e sustentabilidade. Onde muitas idéias são alavancadas, e debatidas. Mas em minha opinião, é preocupante o pensamento que esta se vivendo hoje. Ao qual para a grande maioria das pessoas , me refiro população urbana e rural, que a única saída para elas é proporcionar estudos aos filhos buscando a aprovação em concursos públicos.
Ai venho a perguntar, quem vai produzir alimentos???
Fala-se em criar novas escolas, mas as que existem se encontram em precariedades, mal produzem alimentos para seus próprios refeitórios. Sendo que as grandes maiorias de jovens formados não conseguem ingressar no mercado de trabalho por falta de oportunidades.
Enquanto não capacitarem os jovens para atender o produtor com qualidade, continuarem a disponibilizar recursos para compra de maquinários, sem saber utilizá-los de forma viável, ocasionara o efeito bola de neve. Fazendo que a juventude fique assustada com o endividamento da população do campo.
É um assunto que precisa ganhar urgente maiores debates, atenção dos governantes e profissionais da área.
Abraço, José Pires.