Comentários de destaque
Guilherme A.Tessaro, produtor e pesquisador no setor de ovinocultura de Porto Alegre/RS, acredita que a demanda pela carne irá elevar ainda mais os preços pagos ao produtor, o que deverá servir como estimulo de produção. "Essa resposta de produção deveria ser rápida, de forma a evitar elevados preços ao consumidor, que além de encontrar pouca informação sobre o produto, ainda terá que pagar altos preços, resultando na substituição por outras carnes. Na mesma linha, Lucia Mabel Saavedra Bousses, produtora de ovinos de Campo Alegre/SC, comenta que "a abertura de novos mercados para a carne ovina uruguaia servirá para pressionar a cadeia da ovinocultura brasileira a se organizar mais rápido e aproveitar a oportunidade para planejar a oferta de produto."
Norberto Paiva Pereira, produtor de ovinos e presidente da Sociedade dos Criadores da raça Texel do Uruguai, citou que o aumento dos preços da carne ovina uruguaia se deve fundamentalmente às vendas para o Oriente Médio. "O estoque de ovinos está em declínio aqui e isso estimula o desenvolvimento e fortalecimento da ovinocultura de corte no Brasil e no mundo." Francisco de Assis de Carvalho Pires, produtor de ovinos de Mirandiba/PE também acredita que será positivo para o Brasil, principalmente para o mercado nordestino, contanto que esse se adapte as exigências do mercado. "Para isto ser possível, é necessário que as autoridades facilitem e criem mecanismos para podermos colocar os nossos produtos no mercado, com instalações de abatedouros e meios que facilitem as vendas."
Já Izildinha A.C. Dantas, médica veterinária de Aracaju/SE, levantou a questão: "Será que estamos preparados para fornecer carne com a padronização e qualidade que o mercado exige?" Ela conta que estamos engatinhando na articulação dos elos da cadeia produtiva para se ter produtos competitivos e com qualidade. "Temos que, a passos largos, fazer o melhoramento genético para produção de animais tipo frigorífico, analisar os melhores cruzamentos de raças exóticas com as nativas (inclusive fazendo avaliações do uso de F1 como matrizes) e ainda dispor de abatedouros com inspeção (com matéria prima à disposição num determinado raio) para alcançarmos o mercado disponível." Igor Vaz, produtor de ovinos de Pelotas/RS, reforça que "para que essa situação favoreça o desenvolvimento da ovinocultura brasileira, a cadeia necessita da união dos produtores para produção em escala, mudança da cultura da produção de lã para carne, introdução de genética eficiente e preço coerente com o custo de produção para incentivar a atividade."
Segundo Lutero de Andrade Oliveira, produtor de caprinos e ovinos, técnico inspetor da ARCO e pesquisador no setor de ovinocaprinocultura de Piripiri/PI, "precisamos aumentar o nosso plantel de forma a atender a demanda existente e sair dessa dependência externa que é a importação. Novamente, gostaria de frisar que o maior gargalo é a falta de organização da cadeia produtiva da ovinocaprinocultura, tanto por parte do produtor em produzir mais e melhor (o mesmo padrão de produto - peso, gordura, etc) e a garantia de abatedouros ou salas de abate com inspeção. A divulgação da indústria junto aos consumidores, (degustação no varejo, etc.) é fundamental dentro deste agronegócio promissor em nosso país. Devemos aproveitar esta fase oportuna."
André Oliveira, repórter do Jornal Cabra&Ovelha de São Paulo/SP, avaliou que essa medida se situa no meio termo. "Isso é bom porque aumenta a necessidade do produtor brasileiro apresentar cordeiros ao mercado e é ruim porque na maioria dos casos, eles não tem cordeiro para entregar. É fundamental que a Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos aja imediatamente para que as instituições públicas de fomento e financiamento criem um plano de emergência para os próximos 12 meses visando oferecer condições para que os produtores consigam, pelo menos, fechar lotes para encaminhar aos frigoríficos, com terminação de cordeiros a custos mais baixos em sistema cooperativado. No médio e longo prazo o sistema de produção atual encaminha-se para suprir a demanda nacional, mas é necessário um plano de ação mais forte, que agregue produtores e pecuaristas de outras espécies e culturas."
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Equipe FarmPoint
cyro calovy filho
Alegrete - Rio Grande do Sul - Consultoria/extensão rural
postado em 16/07/2010
No meu ponto de vista irá fomentar ainda mais o mercado pois nesta época do ano o brasil é abastecido pelo Uruguai de carne ovina, nossa entressafra vai de maio a agosto, quando inicia a esquila no RS e ai as ofertas aumentam. Neste ano em minha região haverá um grande decréscimo no número de ovinos, visto que muitas matrizes foram abatidas no ano passado devido ao desetimulo com os preços em comparação ao dos bovinos. Este ano portanto com a queda de importação de carne do Uruguai os preços aqui chegaram a 3,40 o quilo muito superior ao do boi, há uma grande procura dos frigorificos e pouca oferta. Em outros anos a industria sempre se abastecia nesta época no nosso vizinho. Em suma esta queda de importação para os produtores foi muito bom e para valorizar esta atividade que estava totalmente desestimulada. Ciro Calovy
Agronomo
Alegrete rs