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RN: confira entrevista com novo presidente da Ancoc

postado em 05/02/2010

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Em dezembro de 2009, Romildo Pessoa Júnior foi eleito para presidir a Associação Norte-rio-grandense de Criadores de Ovinos e Caprinos (Ancoc), cargo que assumirá por dois anos. Romildo Pessoa concedeu uma entrevista para a Tribuna do Norte e falou sobre a demanda de mercado pela carne de ovinos, da concorrência com a carne uruguaia e do trabalho para o melhoramento genético desses animais.

Romildo Pessoa Júnior foi responsável pela implantação do Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte (Idiarn) em 2006, do qual é diretor-presidente desde então. À frente do orgão, ajudou o estado a mudar de área de risco de febra aftosa para área de médio risco, uma luta dos criadores do RN.



O senhor assumiu recentemente a Associação Norte-rio grandense de Criadores de Ovinos e Caprinos (Ancoc). Quantos criadores a entidade representa?

A Ancoc é uma entidade que tem 30 anos de criação e tem abrangência em todo território do Rio Grande do Norte. Além dessa abrangência, ela tem um serviço que é a delegação do Ministério da Agricultura para fazer o registro genealógico das raças de ovinos e caprinos. Ela abrange todo estado, com 400 associados. Ela tem um papel muito importante em fomentar as atividades da caprinovinocultura. Primeiro porque ela é a principal promotora dos eventos agropecuários do estado e também desempenha uma luta muito grande no desenvolvimento do leite de cabra. O Rio Grande do Norte conseguiu se postar numa posição interessante na produção desse leite, se tornando o principal produtor de leite de cabra do Brasil, gerando para os pequenos criadores, principalmente das regiões mais pobres do estado, emprego e renda. A entidade trabalha em fazer o papel político e representativo da classe.

De acordo com o IBGE, o estado é o 6º maior criador de caprinos e 7º em ovinos. Essa posição é ocupada por muitos anos ou a atividade teve uma ascensão recente?

Há uma mudança de panorama em relação a atividade. Primeiro porque se começou a entender a importância da carne caprina, de pouco colesterol, uma carne magra de excelente proteína, considerada uma das carnes mais ligths do mercado. Hoje a sociedade desenvolve a cultura de saúde, de melhor alimentação e a carne de caprinos se coloca nessa circunstância. O leite de cabra é uma fonte de proteínas e cálcio muito importante e que pode ser administrado às pessoas que tem alergia à lactose do leite de vaca. Na verdade essa atividade que se desenvolve ao longo do tempo vai tomando novas configurações, por exemplo: a carne dos ovinos deslanados do Nordeste é uma carne tipo especiaria, uma carne que tem um sabor completamente diferente da carne ovina que vem do Uruguai e que é colocada no mercado brasileiro. A cidade de Natal tem uma capacidade enorme de absorver esse produto porque é uma cidade gastronômica, tem muitos restaurantes e as pessoas que frequentam procuram fazer a cultura culinária.

Quais são os tipos de ovinos e caprinos encontrados no RN? Os criadores têm investido na qualidade do rebanho?

Nós temos os ovinos Santa Inês, Morada Nova, e mestiços de Santa Inês com Dorper. Na verdade, hoje a gente enxerga a possibilidade de crescimento da produção para poder atender o mercado. Vamos tentar fazer uma junção de duas empresas norte-riograndeses que estão colocando carne no mercado. A intenção é fazermos uma integração com os pequenos e médios produtores para que eles produzam o produto que estas empresas põem no mercado. Vamos tentar concretizar essa questão da produção porque existe uma controvérsia muito grande, você tem o mercado, e no entanto, você tem uma produção insuficiente, abrindo as portas para que venham animais do Uruguai aqui para o Rio Grande do Norte e para o Brasil como um todo.

Os criadores têm procurado desenvolver muito a genética. Tem vários criadores envolvidos nesse processo de seleção, por enquanto, eles procuram o mercado entre selecionadores na participação de leilões fora e dentro do estado. Mas com certeza essa genética que está sendo feita no Rio Grande do Norte tem que passar de imediato para o criador fazer carne com ela.

Como o Rio Grande do Norte se coloca no mercado?

Os dados de colocação desta carne no mercado são ínfimos porque hoje a produção é pequena. Hoje nós temos uma evolução genética fantástica no estado. O Rio Grande do Norte dispõe de um plantel do mais alto nível genético, mas os criadores selecionadores precisam disponibilizar essa genética para que ela funcione para a evolução da produção de carne.

Há algum empecilho para o consumo desses produtos locais, além da produção pequena, o preço por exemplo?

O preço do cordeiro do Uruguai, que é produzido em grande quantidade, realmente chega aqui mais barato. Só que não é a mesma carne. É uma diferença que não precisa ser notada por um especialista em culinária. Inclusive deve ser concretizado um trabalho para saber qual produto que se está consumindo. Devemos fazer a marca do cordeiro do Rio Grande do Norte, o cordeiro do Nordeste.

O senhor falou do Programa do Leite. Esse foi um dos estímulos que promoveu uma ascensão da caprinovinocultura no Rio Grande do Norte?

Para a produção do leite de cabra isso foi fundamental porque para conseguir que uma produção exista, você precisa fomentar o mercado. Dessa forma, surgiu o mercado institucional que atende os pequenos produtores com toda sua filosofia de programa para distribuição à famílias carentes, ele transfere recursos governamentais para a mão do produtor.

As informações são da Tribuna do Norte, resumidas e adaptadas pela Equipe FarmPoint.

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