Segundo ele, um dos resultados das feiras, além do financeiro para a economia dos municípios, está no melhoramento genético. "Pela primeira vez na vida estamos ranqueando as raças a partir dos prêmios conquistados nas caprifeiras no Rio Grande do Norte".
Quando começou o boom da ovinocaprinocultura no RN?
O boom da ovinocaprinocultura potiguar começou por volta de 2004, quando os estados nordestinos, principalmente Alagoas e Pernambuco, fizeram pesados investimentos e novos empresários entraram no ramo. Houve, ao mesmo tempo, uma importação de raças sul africanas, como o Dorper e Boer, especificamente para melhorar a produção de carne, cruzando com o Santa Inês. Isso. pode-se considerar, foi o ápice genético, um período compreendido entre 2003 a 2007. Já 2008 começou com a ressaca de 2007, mas veio se estabilizando. Digo sempre que a partir do momento em que a ovinocultura da genética começou a estabilizar, veio também a crise. As duas coisas ficaram muito próximas, produzindo a dúvida se era a hora de estabilizar a produção ou se essa estabilização estava sendo causada pela crise.
Como ficou a situação para o produtor local?
O RN tem uma característica diferente. Não crescemos tanto durante o boom a que me referi, entre 2004 e 2006, ocasião em que o setor no resto do Brasil estava acelerado. Nosso crescimento, ironicamente, começou a partir de 2008. Justamente na época em que os outros estados produtores estavam desacelerando. Isso foi muito bom para a nossa atividade porque não paramos num patamar baixo. Pelo contrário, o RN vem crescendo, absorvendo os benefícios indiretos da ovinocaprinocultura, que também estão crescendo. E isso gerou uma grande expectativa no Estado. Uma vitória recente foi trazer a exposição nacional da raça Santa Inês para dentro da Festa do Boi em 2009. Ficou claro para todos, então, que o nosso crescimento podia não ser grandioso, mas é sólido, consistente. A ovinocaprinocultura potiguar vem crescendo em patamares menores na comparação com outros estados, mas vem crescendo sem recuos. Mais agora, entre 2008 e 2009, quando os demais estados estão recuando - e nós, não.
Qual a importância da ovinocaprinocultura para o agronegócio do RN?
É um setor que vem crescendo com um vasto horizontes de possibilidades pela frente. Se falarmos exclusivamente na produção de carne e na criação de ovinos, é um segmento muito importante de inclusão econômica e social. Para se ter uma idéia, 70% da carne consumida no Brasil de cordeiro ainda é toda importada. O Brasil precisaria triplicar seu número de matrizes de ovinos para pensar em auto-suficiência de carne de cordeiro precoce. Isso mostra que nós temos um mercado imenso para crescer. O ovino, aqui no RN, vem se adaptando de uma forma muito interessante. Estou falando de um trabalho de anos. Felizmente, os produtores, o Governo do Estado, a Emater, a Emparn e agora o Banco do Nordeste, que vem se revelando um parceiro muito importante, estão colaborando. E todo esse esforço vem melhorando o nível dos nossos criadores familiares no interior. De passatempo ou subsistência, a ovinocaprinocultura está virando um bom negócio. Esse processo faz com que mesmo o pequeno criador passe a produzir de maneira correta um produto que o mercado deseja. Já vai o tempo em que cordeiro era abatido com idade avançada e era rejeitado pelo consumidor por causa do cheiro da carne. Isso acabou.
Paralelamente a isso, o setor tem a caprinocultura leiteira, onde o RN continua sendo o maior produtor de leite de cabra do País. Graças ao Governo do Estado, todo esse leite produzido aqui é absorvido pelo Programa do Leite. Temos, portanto, uma imensidão para crescer. Podemos produzir outros produtos lácteos para agregar valor, como, por exemplo, a partir de uma indústria de leite em pó. Isso seria muito bom para o setor, pois poderíamos alavancar a produção do leite sem a necessidade do Programa do Leite aumentar seu volume de compras. O Estado não pode adquirir mais leite do que já compra. Se uma indústria aparecesse como opção, seria uma alternativa para absorver a produção, melhoraria os preços e aumentaria a validade de duração do produto.
Qual a produção de leite e carne da ovinocaprinocultura do Estado?
A produção gira em torno de 13 mil litros dia e tudo é absorvido pelo Programa do Leite. A quantidade de leite transformado em queijo aqui, porém, é insignificante. É algo artesanal. Já a carne tem uma produção tão reduzida que um dos maiores produtores de cordeiro precoce do Estado não consegue abastecer duas lojas de supermercado. Isso dá uma idéia da demanda à qual os produtores locais não conseguem suprir.
Qual é o maior entrave do setor para crescer?
Eu diria que é a conscientização do criador de que não é possível pensar somente na genética, ele tem que fazer rebanho. E a gente dispõe de uma raça fantástica para isso, que é a Santa Inês. Ela é comparável a um nelore da raça bovina. O Brasil chegou à produção de carne bovina graças ao povoamento da raça Nelore em todo o território nacional. É isso que precisamos fazer com a raça Santa Inês.
As informações são do jornal Tribuna do Norte/RN, resumidas e adaptadas pela equipe FarmPoint.
Paulo José Theophilo Gertner
Lauro de Freitas - Bahia - Médico Veterinário
postado em 29/06/2009
Caros amigos Potiguas, parabens pelo trabalho no setor e principalmente ao competente Dr.Orlando Procopio, a frente da ANCOC.
Tive a oportunidade em 2001 DE conhecer os Sertoes do RN, ao trabalhar como consultor do então programa "Boa Sorte" da SEAS-RN, no ultimo ano do entao Governador Garibalde.
É um Estado extraordinario de um potencial incrivel. A Festa do Boi e uma das mais tradicionais mostras da pecuaria NE.
parabens RN.