Decidiram explorar a carne ovina, até então considerada subproduto, como o produto principal da criação. O grupo realizou pesquisas para identificar a existência do possível consumidor, bem como suas preferências. Percebeu-se então o grande mercado potencial existente.
Para garantir a sustentabilidade do negócio, o grupo decidiu agregar valor ao produto, de forma a atender mais especificamente a preferência do consumidor. Estabeleceu um padrão de animal dentro do qual se poderia obter a carne desejada.
Neste padrão ficou definido que os cordeiros abatidos deveriam apresentar condição corporal entre 3 e 3,5, em uma escala que vai de 1 a 5, sendo avaliados individualmente na propriedade, por técnicos do programa. Após abatidos os cordeiros são novamente vistoriados, desta vez por um técnico de abate, confirmando ou não a análise do cordeiro vivo.
Além do escore de condição corporal, o programa exige que o cordeiro seja classificado como dente de leite e sua carcaça apresente de 13 a 18 quilos. Qualquer raça pode ser incluida no programa, desde que os animais abatidos apresentem as características exigidas.
Foi criado um selo de qualidade (figura 1) para identificar a carne produzida na região gaúcha da Encosta da Serra do Sudeste com as especificações exigidas, o Cordeiro Herval Premium. O grupo foi se consolidando, o número de produtores aumentando e hoje são em torno de 150 fornecedores envolvidos.
Segundo Clóvis José de Ávila, gerente executivo do Conselho Regulador Herval Premium, os integrantes do programa têm por objetivo fixar a imagem de um produto desenvolvido em ambiente favorável, com pastagens e aguadas abundantes, apresentando sabor diferenciado e origem controlada, podendo ser suplementado em períodos de baixa qualidade nutricional das pastagens.
Figura 1:Selo que identifica a carne produzida pelo programa Cordeiro Herval Premium.
Para estimular, coordenar, regular e supervisionar a produção, terminação, abate e distribuição da carne, foi criado um Conselho Regulador. O Conselho também é responsável pelo controle e certificação das carcaças que recebem o selo Herval Premium, denominadas "cordeiro dente de leite com qualidade e origem conhecida".
O Conselho, por meio de ações junto ao produtor, está conseguindo quebrar a sazonalidade da carne de cordeiro com qualidade, procurando distribuir esta produção ao longo do ano, oferecendo aos consumidores uma carne de qualidade com o mesmo padrão o ano todo. Atualmente são abatidos 600 cordeiros por mês, distribuídos uniformemente durante as semanas. A meta é em 2008 abater 2000 animais/mês, e expandir a comercialização da carne para todo território nacional.
O programa visa coordenar a cadeia da carne ovina na região, procurando desenvolver todos os componentes desta cadeia, produtores, transportadores, frigoríficos, distribuidores e consumidores finais, de forma equilibrada e justa, alcançando preços mais justos aos produtores.
Os produtores interessados em participar preenchem uma planilha de fidelização com a programação de 3 meses, especificando quantos cordeiros estariam disponíveis para o abate em sua propriedade, escalonados nestes 3 meses. Após esta inscrição um técnico do programa, que atenda aquela determinada região, faz uma vistoria a campo, na qual seleciona os cordeiros que se encontram dentro dos padrões do Conselho Regulador Cordeiro Herval Premium.
Uma vez cumprida esta etapa, os cordeiros selecionados são embarcados para o abate. No frigorífico, que presta serviço tercerizado ao Conselho, os cordeiros são abatidos e um outro técnico, desta vez de abate, faz uma nova avaliação, confirmando ou não avaliação de campo. Se confirmado, estes cordeiros levam o carimbo de Cordeiro Herval Premium.
A carne é vendida a duas distribuidoras, uma que atende a região da Grande Porto Alegre e outra que entrega na região sul do Rio Grande do Sul e região da Serra Gaúcha. Os produtos são apresentados nos mais variados cortes, desde os tradicionais como paleta, pernil e costela, aos mais sofisticados, costela minga, picanha, lombo, carré, pernil bolita, assado de tira, corte americano, todos embalados a vácuo, com a marca das distribuidoras e com o selo de qualidade Cordeiro Herval Premium;
A próxima etapa, que já está sendo executada pelo Conselho, é a formação de uma cooperativa para a comercialização da carne. Com a cooperativa, o grupo pretende, além de criar uma marca própria para o produto Herval Premium, viabilizar a comercialização de outros padrões de carnes e assim poder comprar toda a produção dos fornecedores.
Marina A. Camargo Danés, Equipe FarmPoint
Claudia da Costa Boucinhas Martins
Botucatu - São Paulo - Produção de ovinos
postado em 03/03/2008
Achei esse artigo ótimo, e serve como um bom exemplo para os produtores do Estado de SP, que precisam primeiramente organizar e planejar a produção da propriedade rural e depois formar um grupo fortalecido com capacidade de produção de cordeiros diferenciados com padrão de qualidade.