União de produtores e mão de obra qualificada
Jaime de Oliveira Filho, tecnólogo em agronegócios de Itapetininga/SP, acredita que a formação de núcleos e associações de criadores é muito importante pois "se vence uma guerra estando junto com um só propósito. Que em 2010, os criadores não deixem de se organizar em grupos para aumentar as negociações em termos de vendas e compras, pois sozinho não se sobrevive e não se profissionaliza".
Para Rafael Moreira, gerente de ovinos e caprinos da Vallée SA de São Paulo/SP, "uma união organizada de produtores devidamente assistida por profissionais que otimizem a produção e um maior contato com pesquisas feitas por universidades e outros órgãos do governos trariam maior rentabilidade à produção".
Walter Celani Júnior, zootecnista, consultor e sócio da Brazil Genética de Uberaba/MG, comenta que entrar na atividade sem ter mão de obra qualificada é certeza de insucesso. "Quando falo sobre mão de obra, me refiro, não somente a qualificação, o que considero, até certo ponto, secundário. Mas é aquela mão de obra que realmente gosta de animais e os trata bem, pois só assim um criatório de ovinos poderá ter sucesso". Para Pedro Nobre, produtor de ovinos de Belo Horizonte/MG, a profissionalização dos produtores gera redução de custos o que aumentaria a eficiência produtiva.
De acordo com Bruno Fernando Sales Santos, zootecnista e diretor da Áries Prime, "a capacitação profissional de técnicos e da mão de obra é um fator imprescindível para que a ovinocaprinocultura se torne uma atividade que exerça suas funções sociais e econômicas. Planejar a ovinocultura com base nas informações e dados muito bem trabalhados é fundamental para que profissionalizemos nossa atividade".
José Roberto Gimenes Sona, médico veterinário e produtor de ovinos de Rondonópolis/MT, comenta que é necessário "formar mão de obra para trabalhar na atividade, pois essa mão de obra não existe e, quando queremos adaptar peões de gado para tocar a atividade, não dá certo, não há afinidade".
Animais de elite x produtores de carne
Luiz Gonzaga Neto, pesquisador da Embrapa Semiárido de Petrolina/PE, destaca que o ano de 2010 deverá marcar definitivamente uma mudança de mentalidade dos criadores de ovinos de elite. "Ou esses produtores se conscientizam que o maior mercado para reprodutores de elite é seu uso na cadeia de produção de carne ou definitivamente o setor cairá no descrédito da maioria dos produtores". Francisco de Assis Carvalho Pires, produtor de ovinos de Mirandiba/PE, complementa que os criadores de elite "ainda não despertaram para a realidade" e questiona até quando irão continuar com esses preços.
Para Rafael Moreira, os desafios são muitos, mas para realmente termos um setor produtivo e rentável, temos que começar pela qualidade da matéria prima. "Os rebanhos devem ser sadios, ter reprodução adequada e ter taxas de desmame acima de 80% para começarmos a ter o principal: o produto. Para isso, devemos ter qualidade genética e acesso a reprodutores geneticamente superiores para que o investimento na cria e terminação seja o mais eficiente e rápido possível".
Informações confiáveis do setor
De acordo com Sebastião de Faria Pereira Jr., gerente técnico de pecuária da Intervet/ Schering-Plough Animal Health, "seria de grande importância uma radiografia da cadeia, um estudo que produza dados confiáveis sobre os números do setor, sobre o capital movimentado, empregos diretos e indiretos, etc. Tarefa para Ministério da Agricultura e SEBRAE".
Bruno Fernandes Sales Santos destaca que "precisamos urgentemente de estatísticas acuradas sobre o setor. É preciso que os órgãos governamentais e associações invistam para promover o setor com seriedade, divulgando as características positivas dos produtos, auxiliando o produtor, o terminador, o processador, o comerciante, o fornecedor e o consumidor a planejar estrategicamente suas ações, disponibilizando créditos e suporte de gestão de maneira a tornar as propriedades em verdadeiras empresas lucrativas."
Padronização e escalonamento de produção
Rafael Moreira acredita que "um sistema de produção que forneça um certo volume de animais com tamanho e qualidade de carne padronizada e com fornecimento regular" fará com que os frigoríficos planejem os investimentos na linha de produção. Na mesma linha Bruno Fernandes Sales Santos, comenta que estamos sempre presos ao mesmo ponto: "não tenho como produzir por que não tenho para quem vender em quantidade por um preço que justifique economicamente a atividade. Ou ainda, não tenho como comprar o ano inteiro ou comprar toda sua produção pois sua qualidade oscila, a oferta não é suficiente e assim não tenho como estabelecer volumes adequados ao mercado consumidor".
Para Sebastião de Faria Pereira Jr., alianças estratégicas entre grupos de produtores e indústria de processamento devem ser formadas para "padronizar os processos de produção". Ele frisa, que tabelas de remuneração devem estimular a produção padronizada e reduzir a informalidade e que a indústria de insumos pode ser parceira nesse processo.
Produção de leite caprino
Para Paulo Roberto Celles Cordeiro, diretor técnico da CCA laticínios e produtor de caprinos de leite de Nova Friburgo/RJ, "para o setor leiteiro caprino, o desafio continua ser divulgar e obter uma maior participação do leite e de seus derivados no mercado formal, deixando de ser um produto com predominância na utilização terapêutica e ser considerado um alimento de qualidade superior, o que o é".
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Equipe FarmPoint
Joao Paulo Nunes Bastos
Viçosa - Minas Gerais - Estudante
postado em 23/02/2010
Cultura x Consumo da carne ovina.
A principal barreira para a cadeia de produtores da ovinocaprinocultura se deduz primeiramente na cultura brasileira do consumo desta carne, deixando de fora o Nordeste, parte do Sudeste e Sul. A carne ainda não faz parte da mesa dos brasileiros. O que falta é um forte investimento em marketing da carne e de produtos da ovinocaprinocultura, colocando-a em cheque, para mostrar ao consumidor que vale a pena consumir estes produtos e jogar os mitos abaixo.