O consórcio milho safrinha-braquiária proporciona benefícios a cada componente envolvido no sistema. A tecnologia é reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e encontrada nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Desta forma, a adoção exigiu mais do mercado, que comparado a 2005, ano-marco do consórcio, coloca à disposição do agricultor sementes de maior qualidade.
“O consórcio atende um princípio básico do Sistema Plantio Direto (SPD): cobertura do solo e onde há cobertura permanente há vida”, frisa o pesquisador da Embrapa, Gessi Ceccon. De fato, a palha é fonte de matéria orgânica e o plantio milho safrinha-braquiária viabiliza a fixação de carbono no solo, reduz a emissão de CO2 e contribui para a redução do efeito estufa, resultados já indicados pelas pesquisas lideradas por Gessi nos campos experimentais da Embrapa Agropecuária Oeste. “Nas condições de Cerrado, o consórcio de gramíneas é uma alternativa que reduz custos para implantação do pasto e a forragem produzida é de melhor qualidade”, aponta Ceccon.
O produtor também encontra na vitrine tecnológica da Embrapa em, Maracaju-MS, consórcios de milho+crotalaria, milho+guandu anão, milho+guandu Mandarim, milho+mucuna preta e milho com braquiárias - ruziziensis, Mombaça, Xaraés, Piatã, Marandu, Massai em diferentes espaçamentos e profundidades. “São várias opções que o produtor tem para a sua propriedade. O que ele quer para a sua produção é que fará a diferença na hora de escolha”, afirma o especialista em pastagem, Ademir Hugo Zimmer, pesquisador da Empresa.
Ele ressalta ainda a eficiência que os sistemas integrados de rotação de lavouras e pastagens apresentam para a recuperação de pastos degradados. “Esses sistemas mostram-se eficientes na melhoria das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, quebra de ciclo de pragas e doenças, controle de invasoras, aproveitamento de subprodutos, pastejo de outono em pastagens anuais, melhorando e mantendo a produção animal e de grãos, com melhor sustentabilidade da produção agropecuária”, detalha Zimmer.
Entretanto, apesar da literatura, dos números e dos resultados em campo certificarem os sistemas integrados, eles não evoluem rapidamente. “Primeiramente por um problema cultural e depois pela necessidade de investimento – 80% do custo destina-se a compra de animais”, avalia Luís Armando Zago Machado, pesquisador em plantas forrageiras da Embrapa.
A realidade da pecuária brasileira, atualmente, conforme Zago, Zimmer e Ceccon é de pastagens degradadas, descapitalização, disponibilidade de gado e terra e estacionalidade da produção de pasto e de gado. Uma das soluções é unir agricultores e pecuaristas, respeitando suas atividades e peculiaridades, revendo o conceito de parceria.
“Agricultor e pecuarista precisam ser bons produtores, com nível tecnológico compatível com o potencial do solo e competitivos frente às demais atividades econômicas. O pecuarista necessita de pastagem na safrinha e adubação do solo; e o agricultor de área para expansão da agricultura e palha para o plantio direto e melhoria do solo”, indica Zago.
O princípio de negócio tem que estar dentro da porteira e o pesquisador recomenda alguns ajustes, como para o pecuarista, a seleção de animais com maior potencial de produção e incremento nas fases de cria e recria; e para o agricultor, o confinamento (uma garantia de cumprimento dos prazos), a utilização de forrageiras mais produtivas e de fácil dessecação e investimento em tecnologia de dessecação de pastagens. “Mudança de hábitos, gradativamente, farão a diferença”, arremata Ademir Zimmer, com mais de 30 anos de experiência na área.
A matéria é da Embrapa, adaptada pela Equipe AgriPoint.
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