"De certa forma, o trabalho está desordenado. É preciso uma tese mais centralizada, mais consensual", disse Carlo Lovatelli, presidente da entidade. Os membros da Abag apresentaram propostas que acreditam ser cruciais na discussão do tema, mas relataram a dificuldade de fazer com que as ideias sejam defendidas com outras organizações na conferência, que será realizada em dezembro. Entidades, grupos de entidades, empresas e governo estão diluindo a força que poderiam ter se falassem a mesma língua, segundo o dirigente. "O agronegócio brasileiro tem força nessa discussão, mas assim não atingirá seus objetivos. No exterior, tem muita gente dando palpite, metendo o dedo no nosso quintal. Não estamos conseguindo pedir a contrapartida. Esperamos que o governo faça isso".
O Brasil tem conseguido reduzir o ritmo das queimadas na Amazônia. A floresta que escapa do fogo poderia ser "negociada" como créditos de carbono, segundo uma proposta defendida pela Abag - em outras palavras, os países mais ricos remunerariam o Brasil por não transformar em cinza, ou pastagem, a mata que ficou de pé. "A redução do ritmo de queimadas vale crédito de carbono. Matas ciliares, também", disse Ingo Plöger, diretor da Abag.
Nas tratativas sobre o que o Brasil deve defender em Copenhague - e em toda a discussão ambiental -, cada parte atira para o lado que acredita ser mais conveniente, segundo a constatação feita ontem, mas há boas notícias, avaliaram os dirigentes. Foi destacado o fato de que o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, garantiu que até o fim do ano o zoneamento econômico e ecológico será nacionalizado.
O Protocolo de Kyoto, sob o qual os países ricos comprometeram-se a reduzir emissões de gases, expira em 2012. Para renová-lo, a comunidade internacional tem que discuti-lo. Os membros da Convenção Quadro da ONU sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC) vão se reunir em Copenhague para esse fim.
A matéria é de Patrick Cruz, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe AgriPoint.
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