Na última sexta-feira, 13, o Governo do Estado, através da Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seap), entregou o primeiro lote de carneiros para os produtores do município de Brasileia. Trinta famílias foram beneficiadas com 12 fêmeas da raça Santa Inês e um macho da raça Dorper.
O secretário da Seap, Mauro Ribeiro, explica que a mistura entre as raças é necessária para garantir um animal bem adaptado ao clima e às pastagens do Acre (Santa Inês), mas, com robustez, precocidade e carne abundante (Dorper).
Em contrapartida ao investimento do governo, cada produtor, escolhido, em geral, através das associações de produtores, se compromete a construir um aprisco adequado para os animais, fazer um curso de orientações sobre o cuidado do rebanho e devolver, dentro de dois anos, a mesma quantidade de animais que recebeu.
"O governador tem uma visão aguçada para o setor produtivo. Quem diz que o Acre não produz está enganado. Estamos vivendo hoje ações que foram gestadas lá atrás. São várias cadeias produtivas que estão sendo desenvolvidas e aqui em Brasileia temos o frango, o peixe, e agora os carneiros", disse a prefeita Leila Galvão.
Carneiro verde
"Basicamente o produtor tem que aprender a dar bom dia e boa tarde para os animais", diz o veterinário da Seap, Alan Palu. "O carneiro exige cuidados mínimos: remédios se adoecer, vermífugos para prevenir doenças e pasto para se alimentar. No Acre nós temos praticamente um carneiro verde, criado livre, se alimentando exclusivamente de pastagem", explica.
Em cada hectare de pasto de boa qualidade são criados de 15 a 20 animais. A gestação é rápida, de cinco meses, e com oito meses de vida o carneiro está pronto para o abate. Hoje o preço pago pelo quilo é R$ 6 a fêmea e R$ 7 o macho, que tem a carne mais valorizada.
Alcirley Barros era um dos produtores mais empolgados com o recebimento do lote de ovelhas. Ele já cria carneiros da raça Santa Inês há três anos. "Agora vai melhorar geneticamente o rebanho e produzir animais melhores, com mais carne. Eu acredito muito nessa criação. Tendo animais o frigorífico compra a produção e garante o nosso mercado", comentou.
Alguns produtores já vendem carneiros para a Bolívia e o Peru, embora não seja de forma contínua. "Sempre tem quem compre e o preço não é ruim. Agora a nossa melhor solução é reunir os produtores, formar um lote grande e vender diretamente pro frigorífico de Rio Branco [o Anassara], que ele vem buscar aqui nesse caso", disse Alcirley.
Seu Orlando, pai de Alcirley, chegou ao Acre há quase 40 anos. Ele participou da entrega do primeiro lote de carneiros em Brasileia. "Quem diria que o Acre ficaria assim. Meus pais plantavam roças de feijão, milho, macaxeira. A primeira safra que fomos vender em Brasileia tivemos que jogar toda dentro do rio, pra não trazer de volta e deixar estragar no quintal. Não tinha quem comprasse naquela época. Íamos vender pra quem? Hoje os tempos são outros. Nem se compara" relembrou.
"Quero ser um grande produtor"
Samuel de Souza criava poucas cabeças de gado no pequeno pasto do ramal Cajazeira, em Capixaba. Nos roçados, cultivava macaxeira, milho, feijão e ia tocando a propriedade com a ajuda da família. Apostou na criação de ovelhas mesmo sem nunca ter lidado com os animais e já faz planos de ser um grande produtor. "Vou comprar mais dez animais pra acelerar o crescimento do rebanho", conta o produtor.
No dia 29 de abril completa um ano que Samuel recebeu seu lote de ovelhas. As 12 fêmeas pariram 16 filhotes. "Vendi quatro animais pra poder construir o aprisco. As ovelhas pagaram a própria casa. É um investimento. Agora a produção pode aumentar que tem espaço. Depois a gente aumenta de novo", disse o produtor.
Em um ano lidando com os animais, o produtor já aprendeu algumas características do bicho. Lições que o dia a dia ensinou ao pastor das ovelhas: "Elas pelaram muito", disse. "Pelar muito", é o termo que os produtores utilizam para uma doença chamada fotossenssibilização à braquiara. Pra resolver o problema ele mudou as espécies de capim do pasto. "Plantei grama estrela, puerária e braquiara humidícula". Outra lição foi a vantagem da ovinocultura sobre o gado em pequenas pastagens.
"Pra mim não compensava criar gado num pastinho pequeno que nem o meu. É melhor criar ovelha, que na mesma quantidade de área eu crio muito mais animais e vejo mais resultado", observou.
O secretário de Agropecuária ficou feliz com o zelo pelo rebanho. "São exemplos como o dele que nos faz acreditar que estamos no caminho certo: oferecer ao produtor um mix de produtos que tragam a ele diferentes possibilidades de renda. O carneiro é um animal fácil de tratar e que tem mercado garantido. O que precisa é a vontade de fazer dar certo", comentou Mauro Ribeiro.
Carneiro na merenda escolar
Quatro mil quilos por mês, R$ 119,6 mil investidos mensalmente, 170 escolas beneficiadas: o carneiro já faz parte do cardápio da merenda escolar na rede pública de ensino. Duas vezes por mês a carne é servida para diversificar a alimentação e oferecer proteína para as crianças. A compra é feita através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A carne de suíno também entrou na merenda escolar e em breve o peixe fará parte da alimentação dos estudantes.
Números
R$ 2,5 milhões investidos em 8 mil ovinos, na primeira etapa, com 660 produtores beneficiados. Já foram atendidos 276 produtores e 4330 animais entregues. Governo vai comprar mais 12 mil ovinos, totalizando 20 mil carneiros.
As informações são da Agência de Notícias do Acre, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
Paulo de Tarso dos Santos Martins
Várzea Grande - Mato Grosso - Consultoria/extensão rural
postado em 16/04/2012
Bom saber que o Acre está fomentando a ovinocultura junto aos produtores.
Cabe apenas observar que o termo "Carneiro" está mal utilizado nesta matéria, visto que zootecnicamente carneiro é o reprodutor, o animal para fornecimento de carne é o jovem CORDEIRO.